Blog do Josias de Souza
- A
descoberta de que Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto, manteve uma fortuna em
contas na Suíça leva a faxina nacional ao recanto mais obscuro do porão do
ninho do PSDB –um local onde os tucanos são pardos. Não se trata de denúncia
vazia. Vem acompanhada de papéis avalizados por autoridades suíças. Também não
é coisa exumada de catacumbas remotas. Em junho de 2016, havia o equivalente a
R$ 113
milhões em quatro contas. Em fevereiro de 2017, com a
Lava Jato a pino, a grana fugiu para as Bahamas.
A encrenca
estava trancada no armário das pendências sigilosas do Judiciário de São Paulo.
Veio à luz porque a defesa de Paulo Preto empurrou documentos e informações
sobre o caso num processo que corre no Supremo Tribunal Federal. Ali, o
personagem é investigado como operador de caixas clandestinas do grão-tucano
José Serra, a quem a Odebrecht diz ter repassado R$ 23 milhões por baixo da
mesa.
Tomado
pela petição dos seus advogados, Paulo Preto dança a coreografia do medo. Ele pede:
1) Que o processo que corre na primeira instância de São Paulo suba para a
Suprema Corte. Sinal de que o circo pegou fogo; 2) Que as provas enviadas pela
Suíça sejam desconsideradas. Sinal de que o telhado da bilheteria do circo é
feito de vidro.
Paulo Preto
é ex-diretor da Dersa, estatal paulista de rodovias. Nessa poltrona, revelou-se
um talentoso negociador de contratos com empreiteiras. Seu martírio traz de
volta uma assombração que tirou o sono de parte do tucanato na sucessão de
2010. Na ocasião, Paulo Preto era acusado nos subterrâneos do ninho de ter
sumido com R$ 4 milhões do caixa dois do PSDB. Foi levado à vitrine por Dilma
Rousseff, num debate presidencial.
Tratado
pelos tucanos como leproso, Paulo Preto fez pose de carcará, aquele pássaro que
pega, mata e come. Ele borrifou no noticiário um lote de comentários
radioativos. Reclamou dos amigos “ingratos”. Chamou-os de “incompetentes.” Por
quê? Ora, “não se deixa um líder ferido na estrada a troco de nada.” Esse Paulo
Preto de 2010 parecia soar como um delator esperando para acontecer.
Decorridos
sete anos, o fantasma reaparece. Num enredo como esse, o melhor que pode
suceder à moralidade pública é manter o personagem ardendo nas labaredas da
primeira instância paulista. Ali, tudo o que se relaciona com os tucanos
costuma caminhar em velocidade de cágado manco. Puxar um processo para o
Supremo justamente na hora em que começa a se mover pareceria uma insensatez.
Com a palavra Gilmar Mendes, relator da encrenca na Suprema Corte.
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