Conviver com a espera por atendimento médico é um
drama para 21.426 pacientes que dependem do Sistema Único de Saúde (SUS) no
Pará. Essa é a fila de espera para cirurgias eletivas (não urgentes) no Estado,
segundo levantamento do Conselho Federal de Medicina (CFM). Destas, 1.260
constam na fila como pendentes há mais de cinco anos.
De acordo com a pesquisa, quase metade (10.419 ou
48,6% do total) de todos os procedimentos pendentes no Pará estão concentrados
em apenas cinco tipos diferentes: retirada de vesícula (colecistectomia), com
3.226 pacientes aguardando; de catarata (facoemulsificacao com implante de
lente intraocular dobrável), com 3.021 pessoas; de correção de hérnia abdominal
(hernioplastia inguinal / crural unilateral), com 2.320; de hérnia umbilical
(hernioplastia umbilical) e de retirada do útero (histerectomia total), com
850.
Considerando o município de residência desses
pacientes que aguardam na fila, a maioria é de Marabá (4.997), seguido por
Ananindeua (1.850), Belém (1.736), Santarém (1.619), São Domingos do Araguaia
(1.347), Parauapebas (1.034), Paragominas (751), Itupiranga (751), Itupiranga
(667) e Tucumã (648).
Em todo o País, o conselho estima uma fila de
aproximadamente 904 mil procedimentos. As informações foram repassadas por
Secretarias de Saúde de 16 estados e 10 capitais (11 estados e 15 capitais não
enviaram os dados). Os dados foram colhidos em junho de 2017 e se referem a
hospitais públicos. Não foram divulgadas informações sobre o sistema privado.
Dentre as 900 mil, o CFM informa ainda que 750
procedimentos constam na fila como pendentes há mais de dez anos. Ainda,
segundo a entidade, de cada mil pacientes que aguardam a cirurgia, cinco morrem
por ano enquanto esperam - a avaliação não demonstra, no entanto, se a morte
ocorreu em decorrência da ausência da cirurgia. A maior fila de espera são para
as cirurgias de catarata (113.185), hérnia (95.752), vesícula (90.27) e varizes
(77.854).
A demora na realização de cirurgias pode levar ao
agravamento do quadro de saúde do paciente, piorando o prognóstico e aumentando
os custos para o próprio sistema. Quem não faz a cirurgia eletiva, diz o
presidente em exercício do CFM, Mauro Luiz de Britto Ribeiro, “vai acabar
caindo um dia no sistema de urgência e emergência ou operado num quadro muito
pior do que no início da doença”.
O Liberal
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