Taxa de homicídios para cada 100 mil habitantes ficou em 50,9 no Estado, o quarto maior do País
Por: Portal ORM com informações de O
Liberal
O Pará registrou 4.209 mortes violentas
em 2016, o que coresponde a mais de 11 pessoas assassinadas por dia. São 10,3%
mais mortes violentas intencionais do que em 2015 (3.772) e o maior registro da
história, segundo dados compilados no 11º Anuário Brasileiro de Segurança
Pública e divulgados nesta segunda-feira (30) pelo Fórum Brasileiro de
Segurança Pública. A taxa de homicídios para cada 100 mil habitantes ficou em
50,9 no Estado, o quarto maior do País, atrás apenas de Sergipe (64,0), Rio
Grande do Norte (56,9) e Alagoas (55,9).
Em todo o País, a taxa de mortes
violentas por 100 mil habitantes é de 29,9. Foram 61.619 assassinatos cometidos
no ano passado, que equivalem, em números, às mortes provocadas pela explosão
da bomba nuclear que dizimou a cidade de Nagasaki no Japão, em 1945, durante a
Segunda Guerra Mundial. Na comparação com o ano anterior, a pesquisa aponta um
aumento de 3,8%, também o maior já registrado.
Quando se analisa especificamente os
casos de latrocínio, que são os roubos seguidos de morte, o Pará surge em uma
situação ainda mais crítica. De acordo com os dados repassados pela Secretaria
de Segurança Pública e Defesa Social do Estado do Pará (Sefgup-PA), foram 224
vítimas ante 191 do ano anterior, um aumento de 15,9%. O montante corresponde a
uma ocorrência a cada um dia e meio. A taxa de latrocínio no Estado é a segunda
mais alta do País, com 2,7 mortes por 100 mil habitantes - Goiás, em primeiro,
registrou 2,8/100 mil.
De acordo com o diretor do Fórum
Brasileiro de Segurança Pública, Renato Sérgio de Lima, esses números de
latrocínios são "no mínimo, obscenos". A média paraense é mais que o
dobro da taxa nacional, 1,3 por 100 mil. O Brasil totalizou 2.703 ocorrências
em 2016, um crescimento de 50% em comparação com 2010. "A violência se
espraiou para todos os Estados. Não é exclusividade só de um, apesar de haver
uma vítima preferencial", diz Lima.
Belém também se destaca como uma das
capitais mais violentas do País. A taxa de assassinatos por 100 mil habitantes
da capital paraense é de 64, sendo superada somente por Aracajú (66,7). Em
2016, Belém registrou 878 homicídios, decorrente de uma alta de 21,1% do total
de 2015 (722). Em relação aos latrocínios, o número de casos sofreu uma baixa
de 5,1%, caindo de 43 mortes para 41 no ano passado. Mesmo com a redução, a
taxa de latrocínios na capital se mantém entre as maiores. São 2,8 vítimas
fatais a cada 100 mil habitantes. Nas primeiras posições aparecem Manaus (4,3),
Macapá (3,7), Porto Velho (3,3) e Cuiabá (3,1).
De acordo com o Fórum Brasileiro de
Segurança Pública, a crise econômica associada a problemas em programas
estaduais de redução de criminalidade - que perderam investimentos - é um dos
fatores para entender os indicadores. A pesquisa aponta que o governo paraense
gastou 3,8% a menos com políticas públicas de segurança pública em 2016. O
valor total de todos os investimentos na área ao longo do último ano foi de R$
2.222.509.888,57 - ante R$ 2.310.412.434,62 de 2015. Dessa quantia, a maior
redução foi observada na no setor de Informação e Inteligência (-84,55%), que
reduziu de R$ 42.527.294,79 para apenas R$ 6.572.104,53, segundo os dados
repassados pela Sefgup-PA.
Estupros e feminicídios
O número de estupros no Pará cresceu
7,8% e chegou a 3.002 ocorrências em 2016. Consequentemente, a taxa de estupro
por 100 mil mulheres saltou de 33,7 para 36,3 - 9ª mais alta do País. Já as
tentativas de estupro deu uma leve queda de 1,7%, fechando o ano com 177
ocorrências. Belém manteve estável (0,0%) o número de casos de estupro no mesmo
período, passando de 479 para 481 registros. A taxa de estupros da capital se
mantém em 33,3 por 100 mil habitantes, a 9ª entre as capitais
brasileiras.
O anuário traz ainda que uma mulher foi
assassinada no Pará a cada 28 horas, totalizando 277 mulheres - 20,4% a mais
que o ano anterior. No entanto, só 43 casos foram classificados como
feminícidios, mesmo após lei de 2015 obrigar registrar mortes de mulheres
dentro de suas casas, com violência doméstica e por motivação de gênero. No
Brasil todo foram 4.657 mulheres assassinadas (-,39%) e 533 registros
notificados como feminicídio.
"Primeira vez que conseguimos
computar os dados de mortes por sexo. Piauí registrou 58% das mortes de
mulheres como feminicídio, que é a estatística esperada pelos especialistas”,
diz Samira Bueno, diretora-executiva do Fórum.
Na comparação com as demais Unidades da
Federação, o Pará desponta em 2016 com a segunda maior taxa de crimes violentos
letais contra as mulheres: 6,8 a cada 100 mil da população feminina. O pior
cenário para as mulheres é em Mato Grosso do Sul, com taxa de 7,6. No Brasil,
essa média de 4,4.
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