É verdade que existem situações
diversas e divergentes. Por exemplo, não se pode defender quem age ao arrepio
da lei, fazendo exploração de minérios ou de madeira dentro de parques
nacionais, pois todos sabem que isso é proibido, e quem ousa, responde pelas
consequências.
Na questão da destruição da
floresta, a região de Novo Progresso tem estado no foco das autoridades e da
mídia nacional, por conta dos enormes desmatamentos como os detectados na
Operação Castanheira, que não se sabe porque, o governo explica, enquanto o
Ibama e o ICMBio só descobriram quando o estrago já estava feito, mesmo
dispondo de imagens de satélites em alta resolução.
Se os órgãos de fiscalização fossem
eficientes, essa enorme agressão teria sido descoberta muito antes do que
ocorreu, e quem se esforça para trabalhar dentro da lei poderia continuar o seu
trabalho. Porém, o que se viu foi se colocar todo mundo num mesmo balaio,
classificando todos como criminosos.
O povo do município de Novo
Progresso, especialmente esse, está pagando um preço muito alto por causa da
ação irresponsável de uns poucos destruidores da natureza, que desmataram
milhares de hectares. O foco das autoridades e dos ambientalistas voltaram-se
para aquele município. Mas, termina sobrando para os outros municípios da
região.
Aqui recorre-se ao velho ditado: o
justo para pelo pecador.
Os produtores rurais daquele
município, de todos os portes, enfrentam barreiras praticamente intransponíveis
para tentar trabalhar. É uma ação atrás da outra, promovida pelos órgãos
ambientais, sobretudo o Ibama, normalmente com aparato policial. Agora, um
grupo de 100 homens da Força Nacional está lá desde a semana passada,
atemorizando os produtores.
Eu não defendo coisas erradas, e não
poderia tentar contemporizar a situação desses criminosos que depredam o meio
ambiente visando tão somente ao lucro fácil. Contra esses, que seja aplicada a
lei com todo o seu rigor, porque não cabe mais esse tipo de comportamento nos
dias atuais. Mas, que não se confundam trabalhadores que contribuem para a
produção de alimentos, por exemplo, com essa gente, porque isso não é justo.
Quando eu e o professor Jadir Fank,
fizemos nossa viagem de motocicleta por toda a América do Sul, no retorno rumo
a Itaituba, na cidade de Blumenau, em Santa Catarina, fomos entrevistados por
um repórter da emissora local afiliada da Rede Globo. A pergunta inicial já
estava na ponta da língua dele, que se dirigiu a mim, querendo saber como ia a
destruição da Amazônia.
Minha resposta foi com uma pergunta:
você sabe, quantos brasileiros vivem na região amazônica, incluindo muita gente
daqui do Sul? A resposta dele foi que não sabia. Então, disse a ele, que eu
tinha nascido e vivido na Amazônia por toda minha vida, e que não tinha o menor
interesse em vê-la transformada num deserto. Mas, falei que nós desejamos ter
uma vida digna, e para isso, precisamos ter o direito de trabalhar sem
aniquilar o meio ambiente.
Para a Rede Globo, teleguiada pelos
milhões de dólares do Greenpeace e do WWF, isso não tem a menor importância. O
que interessa é parar tudo, deixar tudo como está, ou melhor, voltar ao que era
lá pelos anos 1960. Mas, como o Brasil precisa de mais energia elétrica,
sobretudo quando a indústria voltar a crescer, essa mesma Rede Globo não faz o
mesmo tipo de abordagem em suas matérias, quando se trata da futura
hidrelétrica de São Luiz do Tapajós, porque isso não lhe interessa.
Enquanto isso, Novo Progresso,
Itaituba, Trairão, Jacareacanga, Rurópolis e outros municípios da região, que
se danem, pois para a Globo, para o Greenpeace, WWF e um monte de outras ONGs
que recebem dinheiro do estrangeiro para fazer essas campanhas, aqui só
interessa o mato e os animais irracionais. Os seres humanos que vivem aqui, não
contam, não são importante, não representam nada; são seres de terceira
categoria, uma subespécie da raça humana.
Matéria constante da edição 232,
circulando.
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