O
Vice-presidente da Câmara dos Deputados e substituto imediato de Rodrigo Maia
(DEM-RJ), o deputado Fábio Ramalho (PMDB-MG), defende em entrevista ao
Estado/Broadcast um “prazo de validade” para a Lava Jato. “O Brasil não vai
aguentar isso para o resto da vida. Ela (Lava Jato) não pode ser indeterminada.
Ela já fez o seu trabalho.” Ele ainda afirmou que nenhuma denúncia contra o
presidente Michel Temer será aceita pela Câmara. “O governo não perde de jeito
nenhum”, afirmou.
Ramalho
é conhecido na Casa pelas festas oferecidas aos colegas. “Fabinho Liderança”,
como é chamado, já se coloca até como pré-candidato a presidente da Câmara em
2019 em uma disputa que pode ser contra Maia, que já fala, nos bastidores, em
concorrer ao terceiro mandato.
“Eu
estou preparado para assumir a presidência da Câmara dos Deputados quando eu
for candidato, daqui a um ano e meio”, disse o parlamentar.
Como o senhor vê a Lava Jato?
Lava
Jato tem de ter prazo de validade. Tudo tem de ter prazo para terminar. Ela é
excelente para o Brasil, mas que tenham mais operações. Ela não pode ser
indeterminada.
Por quê?
Porque
ela já fez o seu trabalho. Em qualquer país do mundo, investigação tem de ter
prazo para terminar.
Mas ela ainda não terminou...
Então
eles têm de ter uma maneira de terminar até para você começar com outra pauta.
A pauta todinha do Brasil é só a Lava Jato.
Mas não é importante ir até o
fim com as investigações?
Eu
sou favorável que vá até o fim, mas tem de ter tempo de validade. Não pode
ficar eternamente. Me mostre uma operação no mundo que teve prazo
indeterminado. Defendo a Lava Jato, mas tem de ter prazo de término. O Brasil
não vai aguentar isso o resto da vida. Além da corrupção, tem de se avançar na
desburocratização do País, na segurança jurídica do País, nas reformas.
E qual seria esse tempo para
ela terminar?
Determina
um tempo: seis meses.
Mas é que uma investigação
leva a outra...
Você
pode achar o que for, mas tem de ter um prazo para terminar.
O governo precisa de 308
votos para aprovar, por exemplo, a reforma da Previdência, mas a base aliada
está cada vez menor...
Esquece
base. A base do governo hoje, para manutenção do governo, é de mais de 250
deputados. Para aprovar a Previdência são 308 votos necessários, mas nessa
questão não é de base, é de responsabilidade. É hora de fazer todo tipo de
reforma. A reforma penal, a reforma tributária, a reforma da Previdência. O que
tiver de ser feito, a gente tem de fazer nesses dois anos.
E a denúncia contra o
presidente Michel Temer por corrupção passiva será aprovada na Câmara dos
Deputados?
A
questão da denúncia, o que eu falei para o presidente, é que tanto faz votar
ela ou não. Se realmente quer votar a denúncia, o que vence no Parlamento é o
número de votos. Se quem vota a favor vai defender o a favor, quem vota contra
é que vai arrumar os votos para ser contra (o governo).
Existe a possibilidade de não
votá-la?
O
presidente não deu resposta. A denúncia tem de ser um consenso do Parlamento
para votar. Não é consenso de governo, é o Parlamento que vai decidir se quer
votar ou não.
Mas tem de dar uma resposta
ao Supremo Tribunal Federal ao pedido da Procuradoria-Geral da República.
Eu
sou favorável que o Parlamento tem de votar. No meu ponto de vista tinha de
votar na segunda-feira (passada), mas vi que segunda não votava. Conversei com
várias pessoas, até de oposição, que me disseram que não votariam neste
instante, mas em agosto votariam.
A tendência é de que os lados
contrários, prevendo a derrota, vão tentar esvaziar a sessão.
Olha,
o governo não perde de jeito nenhum. Ninguém está defendendo Michel Temer nem
anistiando nenhum governo. O que a gente pensa hoje é que uma troca de governo
neste momento não é bom para o País. O que o País ganhará com isso? Ganhará um
crédito ruim no exterior e dentro do Brasil não ganhará nada. Não vai mudar
nada. Os empregos não vão surgir.
Por que um deputado votaria a
favor de um presidente que é impopular, acusado de corrupção e com a economia
patinando? Qual o argumento dos governistas?
Não
sou governista, sou independente. Não foram colocadas provas robustas para a
gente. Não estamos votando contra a investigação, mas contra a suspensão de
mandato agora.
A votação é por chamada
nominal. Existe um constrangimento de dizer no microfone que é contra a
aceitação da denúncia?
Quem
não tiver coragem, vai para casa. Pode passar na Globo, em tudo quanto é
televisão. Quem tem medo não pode ser político. O Parlamento é coisa para gente
de coragem.
O senhor acredita na
fidelidade do presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia?
Não
tenho nada para desacreditar nele, não.
O Centrão está, agora, com
Maia ou com o presidente Michel Temer?
O
Centrão está bem alinhado, junto e amarrado ao Palácio do Planalto. E amarrado
não só com a cúpula, mas com a base também. Mas não vejo disputa entre Michel e
Rodrigo.
O senhor estaria preparado
para assumir a Câmara dos Deputados de vez?
Eu
não vou na hipótese, não. Eu estou preparado para qualquer coisa, mas essa é
uma hipótese. Eu estou preparado para assumir a presidência da Câmara dos
Deputados quando eu for candidato, daqui a um ano e meio. Se eu puder ser e for
eleito. Pretendo ser candidato, mas não agora.
Mas Rodrigo Maia tem
pretensão de ser reeleito presidente da Câmara dos Deputados...
Ele
é um grande presidente da Câmara. Quem estiver melhor apoia o outro.
Como vê o cenário para a
eleição presidencial de 2018?
O
candidato mais forte que nós temos até hoje ainda é o ex-presidente Luiz Inácio
Lula da Silva. Se ele puder ser candidato, é o candidato mais forte, é inegável
que ele é o mais forte. Ele tem uma multidão de gente, foi um grande estadista.
A gente espera que ele possa, nos tribunais superiores, provar sua inocência,
né?
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