Blog do Jota Parente - De Secretária
Municipal de Bem-Estar Social para a diretora da casa penal de Itaituba. Uma
mudança e tanto na vida de Socorro Oliveira, mulher ativa que não tem medo de
cara feia.
A reportagem do blog e do Jornal do Comércio foi ao seu local de
trabalho para conversar com ela a respeito desse desafio que resolveu encarar
há cinco meses.
Socorro, como é que anda o problema de lotação do presídio de Itaituba?
Socorro Oliveira - A capacidade do presídio é para 196
presos, mas no momento, nós estamos com 333. Hoje, esse número muda dia a dia,
porque nós recebemos presos de Jacareacanga, Novo Progresso, Trairão, Aveiro e
Rurópolis, daí a superlotação.
Blog do JP - Existe alguma previsão em nível de governo do Estado que
contemple a possibilidade de resolver esse problema?
Socorro Oliveira - O que eu sei é que já há uma negociação
do governo do Estado com o atual prefeito de Itaituba para aquisição de um
terreno para construção do novo presídio, mas, não sei em que estágio isso
está.
Blog do JP - A
população reclama porque o presídio está situado no meio da cidade, temendo por
fugas e rebeliões. Você convive com esse descontentamento?
Socorro Oliveira - Sim, convivo e entendo. A população,
por conta de tudo que tem acontecido em outros lugares do Brasil, tem razão de
manifestar esse temor. O fato do presídio situar-se bem no meio da cidade, no
bairro da Liberdade, é um problema a mais.
Blog do JP - Há quantos meses você está
no cargo de diretora do Centro de Recuperação?
Socorro Oliveira - Nós assumimos em fevereiro. Estamos
aqui, tentando dar o melhor de nós, esforçando-nos para fazer um bom trabalho
com esses detentos, e esperamos o melhor, Parente.
Blog do JP - Um dos problemas que
sempre preocupa, com referência a presídios, diz respeito à superlotação
carcerária. Isso acontece, praticamente, em todos os presídios do Brasil. A
possibilidade de motins e fugas costuma ser presente e real. Desde que você
assumiu, já conviveu com essa dificuldade, com esse problema, e além disso, que
tipo de ações você tem implementado?
Socorro Oliveira – Dizer não temos esse tipo de
preocupação não seria correto, pois, pela natureza do trabalho, essa é uma
realidade com a qual a gente tem que conviver, porém, depois que eu assumi, a
gente tem tomado as precauções devidas. Agora mesmo está sendo feita uma
reforma no bloco B, que é o bloco do regime fechado. O presídio está em reforma
e a gente tenta sempre reforçar a segurança para evitar uma situação
desagradável.
Blog do JP – Como está o trabalho da
defensoria pública junto aos presos que dependem dessa assistência judiciária
gratuita?
Socorro Oliveira – O dr. Samuel Oliveira Ribeiro é um
defensor presente, que ele faz atendimento, inclusive, dentro do presídio. As
famílias vão procurá-lo. Ele sempre dá prioridade para os detentos aqui do
Centro de Recuperação de Itaituba e ele está de parabéns pelo maravilhoso
trabalho que vem desenvolvendo, principalmente aqui dentro da cadeia pública. Ele
tira uma tarde inteira, vem, atende preso por preso, É como eu falei, ele dá
atenção, está sempre presente de alguma forma.
Blog do JP - O juízo da vara Penal de
Itaituba tem sido também bastante atuante, concedendo liberdade para quem já
cumpriram pena e desafogando um pouco sistema prisional?
Socorro Oliveira – Incorruptível, um homem maravilhoso o
Dr. Sidney Falcão está de parabéns. Está sempre olhando para o Centro de
Recuperação com olhar especial, tentando resolver as situações aqui da casa
penal.
Blog do JP – Com relação àqueles presos
que se auto denominam membros de facções, qual tem sido o tratamento da
Justiça?
Socorro Oliveira – Não existe essa linha de investigação
sobre essa questão de facção. Aqui, todos são tratados como presos normais, uns
iguais aos outros. Na época da Drª Tayná, quando um preso batia no peito afirmando
que era de facção tal, ela já providenciava transferência para o Belém. O
doutor Sidney também tem essa preocupação de transferir o preso, se for
preciso, para não causar maiores danos.
Blog do JP - Como vai a Educação na cadeia pública?
Socorro Oliveira – Aqui nós temos 25 alunos do EJA que
concluíram o Ensino Médio; tem, também, os que já fazem o Enem, há aqueles tem
aula de artesanato, que produzem e ajudam sua família lá fora. Fazem redes belíssimas,
artesanatos, casas, maquetes; tem a turma que trabalha na limpeza, outros
trabalham na cozinha e existem cursos profissionalizantes.
Blog do JP – Aqui é bem diferente da
SEMSA...
Socorro Oliveira - É um trabalho diferenciado. Eu venho
de uma Secretaria de Assistência Social, aonde eu trabalhava com mulheres,
crianças, adolescentes e idosos, e hoje eu mexo com o outro lado do ser humano,
aqueles que estão no presídio. Confesso que está valendo a pena, pois primo meu
trabalho pelo respeito, mas, eu volto a dizer que trabalhar, tem hora que está
calmo e tem hora que parece que vai explodir a qualquer momento, mas, se Deus
quiser vai continuar dando certo, sempre lembrando que estamos dentro de um
presídio.
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