Artigo de Jota Parente no Jornal do Comércio, na edição 231, que está circulando desde a tarde de hoje
Não tem sido fácil a vida dos vereadores
de Itaituba nesta 18ª legislatura, no primeiro semestre de 2017. Tudo em
função, ainda, da aprovação bastante expressiva do governo do prefeito Valmir
Climaco, que vem mostrando serviço, talvez, até mais do que os itaitubenses
esperavam para um começo de governo, quando é comum o novo mandatário usar a
famosa desculpa de que é preciso arrumar a casa para começar a fazer alguma
coisa.
A falta de debates, essencial e comum na
maioria das casas legislativas, fez com que a temperatura média não passasse de
morna. Como consequência da ausência do contraditório, na grande maioria das
sessões, as cadeiras destinadas ao público ficaram quase todas vazias.
O povo adora um debate, e muita gente que
tem tempo para assistir a uma sessão, afastou-se pela falta de discussão de
assuntos relevantes, mas, principalmente porque não houve nenhum esboço de
oposição ao governo de Valmir, que pelo comportamento dos vereadores, parece
não ter defeito algum.
A situação dos vereadores, até o momento,
é a seguinte: de um lado, o presidente João Bastos Rodrigues não consegue
cumprir os compromissos assumidos com seus colegas de parlamento, que
unanimemente apoiaram sua eleição para continuar no comando da Casa de Leis; de
outro lado, o prefeito esquivou-se com sucesso das investida dos edis,
atendendo requerimento de um aqui, de outro ali, mas, evitando inchar a folha
de pagamento com um monte de indicados, e isso desagrada muito alguns deles, ou
a maioria.
Destacou-se mais nessa primeira etapa da
18ª legislatura, quem soube driblar essas dificuldades. Foi o caso de Peninha,
o mais experiente, que conseguiu criar alguns fatos que ganharam destaque na
mídia, como a audiência pública para discutir as medidas provisórias 756 e 758,
que lotou a Câmara porque o assunto despertou grande interesse em toda a
região, e até em nível nacional.
Diego Mota, um dos diversos neófitos,
conseguiu boa visibilidade. Fala bem, fez alguns discursos abordando questões
de interesse e mostrou-se muito ativo. Além disso, procurou manter uma
identificação sempre muito próxima com o bairro Vitória Régia, que considera
como reduto político.
Davi Salomão também não passou em branco,
mas, o desempenho de seu mandato está aquém das expectativas em geral, pois a
população esperava bem mais dele. Em alguns discursos fez colocações
importantes, todavia, aguardava-se um vereador mais combativo, mais aguerrido.
Teoricamente, fazer parte da Mesa Diretora
da Câmara, parece ser uma coisa muito boa pela visibilidade que o vereador pode
ter. E os que tem mais chances são o presidente e o primeiro secretário. Esse
último, atualmente ocupado pelo vereador Júnior Pires, da nova safra, não
cumpriu essa expectativa, posto que Júnior ficou a maior parte do tempo lendo
ofícios e requerimentos, em detrimento de uma atuação parlamentar mais
agressiva.
Vereadores experientes, como Cebola, Maria
Pretinha e Dadinho tem seu jeito próprio de fazer política, e por isso
continuam mantendo seus cargos, renovando-os eleição após eleição. Já Wescley
Tomaz, no segundo mandato, andou muito ausente das sessões. E como diz o
ditado, quem não é visto, não é lembrado.
Eu conversei com alguns vereadores sobre
essa apatia que assola o legislativo por falta de oposição. Mais de um deles me
disse que acha que deve pintar um ou mais edil para fazer oposição ao prefeito
Valmir Climaco, no segundo semestre. Confesso que ficarei surpreso se isso vier
acontecer, pelo menos, logo no começo do segundo período legislativo deste ano,
pois não vejo ânimo de ninguém para bater de frente com o prefeito.
Se não há oposição, não é por falta de
descontentamento, porque
tem
vereador descontente até entre quem foi eleito na coligação que elegeu Valmir.
Como disse antes, o que tem inibido o surgimento de oposicionistas na Câmara é
o vento a favor do governo, graças ao apoio que o prefeito Valmir Climaco tem,
de boa parte da população, por causa da realização de obras pela prefeitura.
Nélson Rodrigues já dizia, que toda
unanimidade é burra. No caso da falta de oposição ao governo, esse silêncio não
é bom, porque fica parecendo que não existem erros na administração. Em outras
palavras, os vereadores, que foram eleitos tendo como principal missão
fiscalizar o Executivo, passaram longe de fazer isso até agora.
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