Parlamentar contrariou estatuto da legenda ao fazer declarações e protocolar projetos de cunho religioso
O
Diretório Nacional do PSOL decidiu, neste sábado 16, expulsar o deputado
federal Cabo Daciolo (RJ) do partido, por 54 votos a um. A decisão saiu dois
meses depois do parlamentar ser suspenso por
decisão da Executiva Nacional, quando teve oportunidade de fazer sua defesa. O
motivo foi infidelidade partidária, já que o deputado contrariou o programa e o estatuto do
partido tanto em declarações polêmicas como na atividade parlamentar. A legenda
não divulgou, no entanto, se irá reivindicar o mandato na Justiça.
O processo de expulsão começou depois
que o militar apresentou uma PEC (Proposta de Emenda à Constituição), apelidada
por ele de "PEC dos Apóstolos", que sugere alterar um parágrafo na
Carta Magna: em vez de determinar que “todo o poder emana do povo”, como é
atualmente, estabeleceria que “todo o poder emana de Deus”. O que fere a
concepção do PSOL na defesa do Estado laico. Mas o ápice foi o discurso do
deputado, no Plenário, em defesa dos PMs que estariam envolvidos com o
sumiço, tortura e morte do pedreiro Amarildo de Souza, em 2013.
De acordo com o parecer da comissão de ética,
a posição do deputado Cabo Daciolo de defender os policiais da Unidade de
Polícia Pacificadora (UPP) "vai na contramão do engajamento de militância
do partido na campanha Cadê Amarildo? e na luta contra a criminalização dos
moradores das periferias". Com a expulsão do Cabo Daciolo, a bancada do
PSOL na Câmara passa dos atuais cinco para quatro deputados federais.
Cabo Daciolo foi eleito, pela primeira vez,
em 2014, quando iniciou sua carreira política. Ele foi convidado para se filiar
ao partido porque havia liderado a greve dos bombeiros no Rio de Janeiro, em
2011. Na ocasião, ele comandou a invasão do Quartel General da corporação e o
acampamento nas escadarias da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj). O partido,
no entanto, parece não ter percebido que o militar não era tão progressista
como dizia.
Antes mesmo de assumir o mandato, Cabo
Daciolo já havia criado constrangimento ao partido. Na época da diplomação dos
deputados eleitos, ainda no ano passado, ele ‘tietou’ o deputado Jair Bolsonaro e seu
filho depois da cerimônia e posou para uma foto com os dois. Depois, divulgou
um vídeo na sua página em que dava a entender que Brasil vive “falsa
democracia” e pedia a nomeação de um general para o Ministério da Defesa.
Após a expulsão, Daciolo divulgou um texto em
sua rede social, no qual acusa o PSOL de desrespeitar sua liberdade e religiosa
e persegui-lo. “Fui discriminado. Mesmo assim, eu os perdoo. Não levo
mágoas comigo”.
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Nota do blog. Por
maioria mais apertada, 31 votos contra 24, o PSOL decidiu não expulsar o
deputado.
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