De nada adiantou mostrar,
pedir, denunciar, publicar carta aberta ao governador do Estado, fazer
abaixo-assinado, solicitar a interferência do vice-governador que nasceu às
margens do Tapajós, prefeitos, vereadores, deputados. Até mesmo parte da
sociedade da região Oeste do Pará parece ter imaginado que isso nunca
aconteceria, aliás, que isso nunca se repetiria, como se verificou há quase
três décadas: a contaminação de mais de 700 quilômetros de extensão do Rio
Tapajós e de seus principais afluentes chegou à sua foz, diante de Santarém.
O Rio Tapajós como está
hoje, o verde-azul de suas águas vai ficando amarelado por causa da poluição
avassaladora dos garimpos ilegais. Desastre econômico, à saúde pública, aos
cardumes e ao turismo (Foto: Nilson Vieira)
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E agora, como ficará a nascente indústria do
turismo que hoje emprega milhares de pessoas ao longo do rio entre Santarém e
Itaituba? E a saúde pública, ameaçada pela contaminação dos cardumes por
metilmercúrio? E a economia, de modo geral, do Oeste do Estado? E as decantadas
belezas daquela região, que atrai os próprios moradores e visitantes de muitas
outras partes do Brasil e do exterior?
Talvez ainda agora, hoje, alguém haverá de negar a
realidade que está aí diante dos olhos: a poluição por barro, mercúrio,
cianeto, sabões, detergentes, graxas e combustíveis tudo isso está agora
chegando à frente de Santarém, matando o o encontro das águas e fazendo
desaparecer a coloração verde/azulada cuja beleza sempre foi uma das
características da foz do Tapajós, onde o grande rio deságua no Amazonas.
Hoje de manhã, o engenheiro agrônomo Nilson Vieira,
uma voz quase solitária a mostrar a devastação das fontes de vida e beleza do
Oeste do Pará, em sua página do Facebook,escreveu
o que segue:
"As duas primeiras imagens foram feitas hoje
(29/03/15) e mostram o Rio Tapajós com águas sem as cores verde-azuladas que
lhe são características. As duas outras foram feitas em um passado bem recente,
em agosto e novembro de 2014, apresentando cores bem típicas. Segundo moradores
das margens do Tapajós, isso não resulta de um fenômeno natural, sendo
consequência da atividade garimpeira no leito do Tapajós e de seus afluentes.
Pelo jeito, a mistura de barro, lama e metais pesados chegou à foz do nosso
lindo rio azul. E agora, José?"
Esta era a cor do Tapajós,
na sua foz, até novembro passado, na foz, local em que ele deságua no Amazonas, cor naturalmente amarelada (Foto: Nil Vieira)
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Na frente de Itaituba, o Tapajós
feito lama, em foto do dia 11 de março passado. Na imagem menor, à direita, o
rio como ele foi até pouco tempo atrás (blog do Jota Parente).
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Alter do Chão, em setembro
de 2013. Ainda se via a cor natural do rio. E agora, turismo?
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Tapajós na frente de
Itaituba, em dezembro de 2014. Um mar de lama, sem peixes. Rio morto
(Foto( Padre Sidney Canto)
(Foto( Padre Sidney Canto)
Imagem do Tapajós e do
lago de Alter do Chão, de dentro de um avião comercial, em setembro de
2012. À esquerda, a 600 metros de altura, já era possível observar a
mudança de cor do Tapajós.
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Fonte: blog do jornalista e professor Manuel Dutra
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