Tem um velho ditado que diz: não falte, para que seu chefe não perceba
que sua falta não faz falta. Isso serve, tanto para modestos empregados que
gostam de deixar o patrão na mão, quanto para aqueles nos quais o povo
depositou sua confiança, constituindo-os como seus representantes por meio do
voto.
Ontem, no ato que aconteceu na vila de São
Luiz do Tapajós, como jornalista, observei que não apareceu nenhum político,
com ou sem mandato, de Santarém, nem tampouco de Itaituba. Como não apareceram,
não foram lembrados e assim, passaram batidos como se não existissem.
Parece que apenas eu, por dever de ofício,
notei isso, uma vez que ninguém levantou essa questão. Nenhum vereador, nenhum
deputado federal ou estadual nenhum representante do poder Executivo presente.
Alguém pode me dizer, se souber responder, o
que é que passa pela cabeça desse pessoal? As obras do complexo de usinas do
Tapajós estão quase chegando, e Itaituba continua inerte. Essa inércia de
muitos, por só conseguir enxergar o próprio umbigo, e por ganância da parte de
outros, tem tudo para custar muito caro para este município.
E não foram só os políticos, não, que não
apareceram. De empresário de Itaituba, que eu lembre, só o presidente da CDL,
Davi Menezes participou. Aliás, também foi sentida a ausência de entidades,
pois embora o presidente do Fórum de Entidades tenha estado lá, quanto mais
presidentes ou outros representantes fossem, mais força teria o movimento.
Os portugueses enganavam os índios, após o
descobrimento do Brasil, trocando espelhinhos por riquezas naturais. Aqui, o
pessoal do Diálogo Tapajós, que veio para cá em nome de uma “convivência harmoniosa”
entre as comunidades e os futuros construtores, com seu jeitinho macio, vem conseguindo
deixar muitos comunitários bonzinhos. Ontem, em plena vila, poucos de São Luiz
deixaram suas casas para participar do ato. O Padre Edilberto Sena disse em uma
entrevista que fiz com ele para o meu programa, O Assunto É Este, que vai ao ar
todo sábado na Alternativa FM, que esse Diálogo Tapajós é uma desgraça. Falou
que esse pessoal deveria sentir vergonha do que está fazendo.
Produzir energia significa fomentar a geração
de mais riqueza, mas, riqueza para quem, somente para o pessoal do Sul e do
Sudeste, enquanto ficamos aqui servindo apenas como almoxarifado dos bacanas de
lá?
Existem muitos que continuam muito mal
informados em Itaituba, que acham que aqui vai correr leite e mel. Todo mundo vai
ganhar dinheiro como no tempo do auge do garimpo. São pessoas que não procuram
se informar, pois se o fizessem, ficariam assustadas ao saberem que tem
pequenos empresários que já se mudaram de Altamira para Itaituba, porque não
suportaram o vertiginoso crescimento de violência naquela cidade, onde está sendo
construído Belo Monte. Se prestassem atenção no que está acontecendo lá,
concluiriam que Itaituba é Altamira, amanhã.
E os políticos, hein, porque será que eles
não foram? Os que são do lado da Dilma eu ainda compreendo, por que eles tem
medo de levar puxão de orelha da chefe, mas, os que rezam na cartilha da oposição
ao governo federal, porque não deram as caras?
Reportando-me especificamente a Itaituba,
terça-feira que vem, na primeira sessão ordinária da semana, provavelmente os
vereadores vão falar de problemas em algumas ruas, vicinais que precisam de
manutenção, pontes que estão quebradas, e outras coisas do varejo. Não que isso
não seja importante, mas, é que neste momento há algo muito maior em jogo, e
esse pessoal não está se dando conta disso. Esse pessoal do Legislativo, nem do
Executivo.
Como diz o advogado José Antunes, os homens e
mulheres públicos de Itaituba precisam pensar grande. Chega desse pensamento
pequeno, chega de pedir migalhas, enquanto devemos concentrar nossas forças
para pedir grande.
Ou é agora que a gente se mobiliza para
conseguir conquistas grandes e permanentes para este município, no momento em
que a obra da hidrelétrica de São Luiz está para ser licitada, e podem ter
certeza que não vai demorar muito para começar, ou vamos legar para as próximas
gerações, uma Itaituba que vem escrevendo sua história patinando na
incompetência das suas lideranças.
A história é inclemente. É possível iludir a
muitos, hoje, mas, no julgamento da história, aqueles que não tiverem combatido
o bom o bom combate, como disse Paulo de Tarso, terão que justar contas com
ela.
Jota Parente
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