sexta-feira, novembro 28, 2014

São Luiz do Tapajós: a história vai cobrar pela omissão dos covardes e dos oportunistas

Tem um velho ditado que diz: não falte, para que seu chefe não perceba que sua falta não faz falta. Isso serve, tanto para modestos empregados que gostam de deixar o patrão na mão, quanto para aqueles nos quais o povo depositou sua confiança, constituindo-os como seus representantes por meio do voto.
Ontem, no ato que aconteceu na vila de São Luiz do Tapajós, como jornalista, observei que não apareceu nenhum político, com ou sem mandato, de Santarém, nem tampouco de Itaituba. Como não apareceram, não foram lembrados e assim, passaram batidos como se não existissem.
Parece que apenas eu, por dever de ofício, notei isso, uma vez que ninguém levantou essa questão. Nenhum vereador, nenhum deputado federal ou estadual nenhum representante do poder Executivo presente.
Alguém pode me dizer, se souber responder, o que é que passa pela cabeça desse pessoal? As obras do complexo de usinas do Tapajós estão quase chegando, e Itaituba continua inerte. Essa inércia de muitos, por só conseguir enxergar o próprio umbigo, e por ganância da parte de outros, tem tudo para custar muito caro para este município.
E não foram só os políticos, não, que não apareceram. De empresário de Itaituba, que eu lembre, só o presidente da CDL, Davi Menezes participou. Aliás, também foi sentida a ausência de entidades, pois embora o presidente do Fórum de Entidades tenha estado lá, quanto mais presidentes ou outros representantes fossem, mais força teria o movimento.
Os portugueses enganavam os índios, após o descobrimento do Brasil, trocando espelhinhos por riquezas naturais. Aqui, o pessoal do Diálogo Tapajós, que veio para cá em nome de uma “convivência harmoniosa” entre as comunidades e os futuros construtores, com seu jeitinho macio, vem conseguindo deixar muitos comunitários bonzinhos. Ontem, em plena vila, poucos de São Luiz deixaram suas casas para participar do ato. O Padre Edilberto Sena disse em uma entrevista que fiz com ele para o meu programa, O Assunto É Este, que vai ao ar todo sábado na Alternativa FM, que esse Diálogo Tapajós é uma desgraça. Falou que esse pessoal deveria sentir vergonha do que está fazendo.
Produzir energia significa fomentar a geração de mais riqueza, mas, riqueza para quem, somente para o pessoal do Sul e do Sudeste, enquanto ficamos aqui servindo apenas como almoxarifado dos bacanas de lá?
Existem muitos que continuam muito mal informados em Itaituba, que acham que aqui vai correr leite e mel. Todo mundo vai ganhar dinheiro como no tempo do auge do garimpo. São pessoas que não procuram se informar, pois se o fizessem, ficariam assustadas ao saberem que tem pequenos empresários que já se mudaram de Altamira para Itaituba, porque não suportaram o vertiginoso crescimento de violência naquela cidade, onde está sendo construído Belo Monte. Se prestassem atenção no que está acontecendo lá, concluiriam que Itaituba é Altamira, amanhã.
E os políticos, hein, porque será que eles não foram? Os que são do lado da Dilma eu ainda compreendo, por que eles tem medo de levar puxão de orelha da chefe, mas, os que rezam na cartilha da oposição ao governo federal, porque não deram as caras?
Reportando-me especificamente a Itaituba, terça-feira que vem, na primeira sessão ordinária da semana, provavelmente os vereadores vão falar de problemas em algumas ruas, vicinais que precisam de manutenção, pontes que estão quebradas, e outras coisas do varejo. Não que isso não seja importante, mas, é que neste momento há algo muito maior em jogo, e esse pessoal não está se dando conta disso. Esse pessoal do Legislativo, nem do Executivo.
Como diz o advogado José Antunes, os homens e mulheres públicos de Itaituba precisam pensar grande. Chega desse pensamento pequeno, chega de pedir migalhas, enquanto devemos concentrar nossas forças para pedir grande.
Ou é agora que a gente se mobiliza para conseguir conquistas grandes e permanentes para este município, no momento em que a obra da hidrelétrica de São Luiz está para ser licitada, e podem ter certeza que não vai demorar muito para começar, ou vamos legar para as próximas gerações, uma Itaituba que vem escrevendo sua história patinando na incompetência das suas lideranças.
A história é inclemente. É possível iludir a muitos, hoje, mas, no julgamento da história, aqueles que não tiverem combatido o bom o bom combate, como disse Paulo de Tarso, terão que justar contas com ela.

Jota Parente


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