Quem
ganhou e quem perdeu em Itaituba nessa eleição? Até que ponto o resultado da
eleição de 5 de outubro passado vai ter influência na disputa municipal de
2016? As juras de compromisso para o pleito que vai acontecer daqui a dois anos
serão cumpridas, ou os interesses individuais falarão mais alto, como costuma
acontecer?
Entre todas, a única pergunta cuja
resposta está ao alcance da vista é a primeira, pois isso está tão claro como
um dia de verão. Os grandes vencedores, em nível local, foram o deputado Hilton
Aguiar e o ex-prefeito Valmir Climaco. Chapadinha, que teve uma grande votação
para deputado federal, não é de Itaituba, embora a partir de agora, no
exercício do mandato deva fincar os pés por aqui.
Em situações bem diferentes, os
grandes derrotados foram a prefeita Eliene Nunes e o deputado federal Dudimar
Paxiúba. A diferença fundamental entre os dois reside no fato de Eliene ser a
chefe do Poder Executivo, o que lhe dá enormes possibilidades de amealhar votos
para seus candidatos pelos diversos meios que o cargo lhe oferece. Quanto ao
deputado federal Dudimar Paxiúba, ele conduziu uma campanha modesta, além de
não ter conseguido
se
destacar como um deputado realmente da região Oeste do Pará. O resultado foi o
malogro de sua tentativa de renovar o mandato, obtendo uma votação muito aquém
da esperada.
A segunda pergunta, até que ponto o resultado da eleição de 5 de
outubro passado vai ter influência na disputa municipal de 2016 é mais
complicada. Não há como responder com segurança. O máximo que se pode fazer é
um exercício de futurologia. Como isso é algo comum na atividade política, assim
como no esporte, vamos conjecturar.
Suponha-se que a aliança entre o
deputado Hilton Aguiar, agora com o reforço do deputado federal eleito
Chapinha, e o ex-prefeito Valmir Climaco seja mantida até a eleição de 2016. Se
isso acontecer, esse grupo chegará muito, mas, muito forte para disputar a
prefeitura de Itaituba. Hoje, o candidato natural seria Valmir. E deverá ser,
se não houver nenhum impedimento legal.
Inegavelmente, Hilton saiu muito
fortalecido da eleição. Não estaria ele pensando em voo próprio? Se passar isso
por sua cabeça, e se ele levar a ideia adiante, a consequência imediata disso
será um rompimento da aliança que só não deu certo em 2012 porque Valmir não se
elegeu; mas cada caso é um caso e o que valeu para 2012 pode não valer para 2016.
No que diz respeito à prefeita
Eliene Nunes, não pode haver rompimento em curto ou médio prazo, porque hoje
ela não comanda um grupo político, uma vez que a relação que ela mantém com os
vereadores de sua base na Câmara se dá muito mais por conveniência dos dois
lados, do que por qualquer outro motivo. Eliene não manteve o grupo que a
elegeu e não teve jogo de cintura para formar um novo grupo. Além do mais, ela
precisa encontrar seu norte político, para tentar melhorar sua imagem que
continua muito desgastada.
A terceira pergunta, as juras de compromisso para o pleito que
vai acontecer daqui a dois anos serão cumpridas, ou os interesses individuais
falarão mais alto, como costuma acontecer, já foi parcialmente respondida,
mas, cabem alguns adendos, pois, quem é que pode garantir que a eleição de 2016
vai ter apenas esses nomes citados? Existem especulações sobre alguns nomes de
jovens que estariam determinados a enfrentar o desafio de disputar a prefeitura
de Itaituba. Isso poderá dar um molho especial à eleição.
Tudo isso independe do resultado do
segundo turno, pois governador do estado interfere muito pouco na decisão do
eleitor, quando se trata de eleição municipal. Ainda mais em se tratando de
Itaituba, que fica a uma distância de 890 km da capital do estado, sempre esquecida.
Simão Jatene, por exemplo, nesse atual governo, visitou Itaituba uma única vez,
e ainda durante a campanha eleitoral.
Uma coisa é certa: quando terminarem
as comemorações após o segundo turno da eleição para governador e para
presidente, começarão inevitavelmente as conversas a respeito da eleição
municipal que acontecerá dentro de dois anos.
Muitas
das coisas que são verdades absolutas no cenário político atual poderão estar
mudadas, pois a política é uma atividade dinâmica. Nós, humildes mortais,
teremos que tocar a nossa vida no dia a dia, enquanto os políticos continuarão
a comandar os nossos destinos, sem que na maioria das vezes saibamos o que, e
como estão fazendo. Como disse Otto Von Bismarck, os cidadãos não poderiam
dormir tranquilos se soubessem como são feitas as salsichas e as leis.
Artigo do editor responsável do Jornal do Comércio, jornalista Jota Parente, veiculado na edição 188
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