terça-feira, junho 17, 2014

Torcer a gente torce, mas, a seleção não ajuda

neymar chorando hino (Foto: Marcelo del Pozo/Reuters)

Goleiro mexicano barra Neymar e Cia (Reuters)

De fato, o goleiro Ochoa foi o melhor jogador em campo, em um jogo em que faltaram outros destaques.

Eu estou vendo os jogos desta copa, com o olhar do comentarista esportivo que passou mais de 30 anos de sua vida de rádio comentando jogos de futebol, quarta, sábado e domingo.

Em 1982 pensei que ia morrer de tal mal que passei depois da derrota para a Itália, em Sarriá. Prometi que me esforçaria muito para sofrer menos desta vez. Mas, em 1982 nós tínhamos uma seleção que foi a que jogou muito, mas muito mais bonito do que as outras seleções na Copa da Espanha. Não é o caso desta seleção de 2014.

Como se trata de um jogo, até poderemos ser campeões, desde que melhoremos um pouco. Mas, com a qualidade do futebol que o time do Brasil está apresentando, não vai ser fácil. Sobretudo depois que vi o futebol da Itália, sem muito brilhantismo, mas, com um time arrumado, da Holanda e principalmente da Alemanha, comecei a achar a caminhada ainda mais complicada.

Nós estamos longe de ter um time que inspire confiança. Está muito longe da coesão mostrada na Copa das Confederações. É uma equipe na qual falta movimentação, falta um armador criativo no meio campo, falta marcação adequada ao adversário e falta o treinador ter coragem para fazer mudanças mais ousadas.

Hoje, quando o México tomava a bola, jogava verticalmente rumo à área do Brasil, sem que nossos jogadores conseguissem retomar a posse da bola. Quando era o Brasil que pegava a bola, o time voltava ao velho problema que irritou muito a torcida até a Copa das Confederações, os famosos toques laterais.

Sem movimentação dos atletas brasileiros, Tiago Silva tocava para Davi Luiz, que devolvia para Tiago, que tocava para Luiz Gustavo, que devolvia para Davi Luiz. Time sem imaginação, sem criatividade, com jogadores que aceitam a marcação adversária e não retribuem a marcação quando o outro time tem a bola.

Pioramos do jogo de estreia para hoje. Não concordo com os narradores e comentaristas centram suas opiniões no pseudo bom futebol do México, que quase não consegue se classificar para a Copa do Mundo. Foi o Brasil que não jogou nem perto do esperado. A apresentação de hoje foi decepcionante.

O jogo que o Felipão viu não foi o mesmo que eu vi. O treinador da Canarinho está cobrando um penalty que só ele viu em Marcelo. Mas, é sua tentativa de justificar a incompetência em armar esse time, que deu liga na Copa das Confederações, competição que não valia muita coisa, mas, que não engrenou até agora nesta Copa, o sonho de consumo todo torcedor, sobretudo quando joga em casa.

Dá pra ganhar? Claro que dá! A Itália fazia uma campanha medíocre até o desastre de Sarriá, desastre para nós, mas redenção para os italianos, que nos tiraram da Copa de 1982, porque depois daquele jogo, ninguém conseguiu mais segurar a azurra.

O que nos resta é esperar que a seleção faça sua primeira grande apresentação, convença os 200 milhões de brasileiros que estão apoiando incondicionalmente o time, para a partir daí tornar-se uma preocupação para os adversários mais temidos. Do jeito que está jogando, temos grande chance de ficar no meio do caminho, nas oitavas de final, porque deve se classificar.


Até agora a seleção jogou mal.

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