Os professores garantem que a greve, que
durou 53 dias, foi vitoriosa. Também afirmam que o governo recuou, mas
admitem que deveriam ter obtido mais conquistas se o movimento não
tivesse paralisado. Já o governo, que viu radicalismo exacerbado e
intransigência nos grevistas, diz que quem recuou foram os grevistas,
que tiveram de voltar correndo às salas de aula depois que professores
temporários foram contratados para que os alunos não fossem prejudicados
pela paralisação. No meio do tiroteio de acusações mútuas, os maiores
interessados, os alunos, cuja reposição dos dias parados deve invadir
parte de todo o primeiro semestre de 2014, contabilizam grandes
prejuízos, como atraso do calendário escolar, além da preparação para o
Enem, único meio de ingresso no ensino superior.
Qual o custo financeiro e político da
paralisação? O governo não revela quanto gastou ao direcionar suas
verbas publicitárias para emitir notas, comunicados e ameaças aos
grevistas, por meio de rádios, jornais e nos horários nobres das
emissoras de televisão, mas estimativas extra-oficiais, de uma fonte
governamental, calculam que isso não ficou por menos de R$ 15 milhões.
Outros R$ 5 milhões teriam sido gastos com a mobilização do aparelho
policial, transporte, alimentação e combustível. Total do desembolso: R$
20 milhões.
O uso do dinheiro público para tentar
convencer a opinião pública do fracasso das negociações com os grevistas
e explicar uma paralisação de 53 dias que sequer poderia ter ocorrido,
se na estrutura de poder houvessem interlocutores com jogo de cintura
suficiente para conduzir as negociações com lucidez e transparência,
evitando tantos prejuízos aos estudantes, mais pareceu um tiro no
próprio pé disparado pelo governo.
Nas caríssimas notas de jornais, o governo
fez-se de vítima, deixando à mostra a fragilidade de má condução nas
negociações. O que se ouvia pelas ruas é que os professores
radicalizavam, porque o governo também era radical, empurrava as
negociações com a barriga, tentando vencer os grevistas pelo cansaço.
Uma estratégia logo percebidda pelos grevistas, que responderam com a
invasão do prédio da Assembleia Legislativa. (DOL)
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