Jota Parente (artigo) - No começo da semana passada
esteve em Itaituba o professor Edivaldo Bernardo, presidente do Instituto
Cidadão, entidade que toca o projeto de criação do sonhado estado do Tapajós.
Tivemos uma longa conversa, durante a qual ele me colocou a par de algumas
coisas muito interessantes, concernentes ao andamento da luta, que embora
esteja muito devagar em Itaituba, está andando bem em outros municípios.
Algumas das informações que o amigo Edivaldo me passou são exclusivas aqui,
tendo sido autorizado por ele a tratar do assunto no Jornal do Comércio.
Como foi amplamente divulgado, a Assembléia Legislativa
do Pará teve uma sessão itinerante na cidade de Santarém. O que nem eu, nem
ninguém de Itaituba sabia foi que depois da sessão realizada no Centro
Recreativo, completamente lotado, houve uma reunião do presidente da ALEPA,
deputado Márcio Miranda, com as principais lideranças do movimento pró-Tapajós,
a pedido do Instituto Cidadão.
Naquela oportunidade, Edivaldo Bernardo explicou ao
deputado Márcio Miranda, os motivos que fazem com que as pessoas que moram
desta lado do Pará almejem a criação de um novo estado. E qual foi a surpresa
do professor e de seus acompanhantes com o que viria a dizer o presidente da
Assembleia Legislativa.
Márcio Miranda foi enfático ao afirmar para os presentes,
que o Pará nativo, o Pará dos paraenses que tem raízes fincada nesta terra, que
tem seus ancestrais aqui, o Pará daqueles que pensam neste estado e querem o
bem dele, esse Pará simpatiza, aceita e admite a necessidade de que seja criado
o estado do Tapajós, por todas as razões largamente apresentadas. Esse Pará
sabe que o lado de cá não tem merecido do governo central do estado, por
décadas seguidas, a atenção que merece.
Entretanto, o Pará não aceita em hipótese alguma discutir
a criação do estado de Carajás. Não admite tratar desse assunto, porque de
acordo com o que disse o presidente da ALEPA na aludida reunião de Santarém,
essa parte do estado, a parte de lá, que também quer sua emancipação política é
formada por brasileiros de Goiás, de Minas Gerais, de estados do Sul, que
chegaram há mais ou menos três décadas. Esse pessoal, continuou Márcio Miranda,
queria que o governo fizesse investimentos em infra estrutura, e o governo foi
lá e fez; queria que as terras fosses regularizadas, e o governo atendeu seus
pedidos, documentando as terras. Enfim, a maior parte dos pleitos foi atendida.
O que o governo sente em relação à parte do estado que
quer criar o estado de Carajás é uma atitude que beira a usurpação, pois depois
de ter sido atendida na maior parte das suas demandas, após sentir os bons
ventos do desenvolvimento com a criação de muitas indústrias, de uma pecuária
de primeira, da exploração de recursos naturais do estado, essa parte quer
cortar o cordão umbilical, disse o deputado.
Edivaldo Bernardo me disse que o presidente da ALEPA lhe
falou que, quando Belém chamou a todos durante a campanha do plebiscito, de
esquartejadores e de separatistas, a carapuça não era para o Tapajós, mas, para
o movimento pró-Carajás. Ocorreu que, como estávamos todos juntos tentando
criar duas novas unidades da federação a partir do território paraense,
terminou sobrando também para nós, que fomos colocados no mesmo saco, já que
estávamos lutando juntos.
Há alguns meses eu noticiei no Jornal do Comércio,
informação passada pelo Edivaldo, que agora o Tapajós iria sozinho. Houve quem
criticasse. E agora, depois dessa conversa com o deputado Márcio Miranda, mais
do que nunca o Instituto Cidadão está determinado a seguir seu próprio caminho,
cuidando da própria vida sem atrelamento a quem quer que seja.
A partir 2010, assim que ficou decidido que Tapajós e
Carajás lutariam juntos pela emancipação, eu escrevi matérias e artigos
externando meu ceticismo a respeito daquela parceria. Afirmei que era muito
grande a chance de dar errado e de morrermos abraçados, por todos os motivos
que o deputado Márcio Miranda citou, e mais alguns. Bem que eu teria ficado
feliz se estivesse errado. Mas, infelizmente eu estava certo. O resultado foi o
malogro. Morremos na praia.
Quanto ao momento atual, Edivaldo me assegurou que a
coleta de assinatura está caminhando muito bem, já tendo rompido a barreira das
500 mil. Por enquanto, Itaituba está devendo, porque de uma total de 40 mil
assinaturas projetadas para este município, somente 1.100 assinaturas foram
coletadas. O trabalho está passando por uma mudança para que o objetivo possa
ser alcançado, conforme disse o presidente do Instituto Cidadão, em entrevista
que consta desta edição. No geral as informações são otimistas, e quem sabe por
meio do PLIP a gente consiga criar o estado do Tapajós.
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