Sem ambiente no PSDB, o
deputado federal Dudimar Paxiúba esperou o momento adequado para trocar de
partido. Chegou a haver convite no PMDB, que embora tenha recebido com
simpatia, não poderia aceitar porque seu então partido não o liberaria; depois
houve entendimentos para que se filiasse ao Solidariedade, do Paulinho da Força
Sindical, recém criado; não deu certo, e por fim o PROS, outro partido criado
há poucos dias, com o qual o deputado se acertou. Numa conversa que teve com a
reportagem do JC, no dia de sua filiação ao PROS, Dudimar explicou todos os
detalhes a respeito desse novo momento que vive em sua carreira política.
JC - Hoje o senhor está em um novo partido.
Dudimar - De
fato, eu me desfiliei do PSDB e hoje (30/09) eu assinei a ficha de filiação ao
PROS, partido pelo qual passo a exercer o mandato de deputado federal.
JC - O senhor esteve com um pé no Solidariedade.
Porque não deu certo?
Dudimar - O
primeiro convite que recebi, quando manifestei minha insatisfação com o governo
do estado e consequentemente com o PSDB, foi do PROS. Fiquei de analisar para
dar uma resposta. Nesse ínterim, fui procurado pelo deputado federal Vladimir
Costa (então do PMDB), para que eu fosse para o Solidariedade, partido que ele
iria presidir no Pará, assim que fosse criado.
Eu fiz uma avaliação de que, se fosse levar em
consideração apenas a questão da reeleição, minha filiação ao Solidariedade me
oferecia maior possibilidade, pois todos sabem que o Vlad é um campeão de votos
no estado. Ocorre que meu interesse de trocar de partido não era somente
referente à reeleição. Visava ter mais facilidade para encaminhar a solução dos
problemas do nosso município em nível federal, e o PROS me proporcionaria essa
chance, muito mais do que se tivesse optado pelo Solidariedade.
JC - Pesou muito o fato de Vlad continuar apoiando o
governo de Simão Jatene?
Dudimar -
Digo que isso também contribuiu. Entretanto, quando ele me ligou para comunicar
isso, eu já havia me reunido com o prefeito de Marabá, João Salame, e já havia
me decidido. Como disse anteriormente, o primeiro convite que recebi foi do
PROS, que foi o partido que eu considerei melhor atender para um melhor
desempenho do meu mandato neste momento. Fiz o devido comunicado ao presidente do
PSDB, Flexa Ribeiro, recebendo pedido para ficar, mas, a decisão já estava
tomada.
JC - O descaso do governo do estado para com Itaituba
foi decisivo para sua decisão?
Dudimar - Eu
diria que foi crucial. Esse descaso e essa indiferença com que Itaituba e
região são tratados foram decisivos. Aqui nós vivemos apartados do restante do
estado. Vá a Paragominas! Quando você chega naquela cidade, parece que está chegando
a outro estado. Tudo lá dá certo, tudo lá funciona.
Na administração pública, os serviços e as obras públicas
só funcionam se houver recursos. Para se ter uma ideia, acaba de sair o
principal secretário de gestão de Jatene, e ele colocou no lugar um ex-prefeito
de Paragominas, o que reforça ainda mais o entendimento que a gente já tinha,
de que o estado está capenga, está penso. E está penso para favorecer
principalmente Paragominas. Já que nós recebemos um não do governo do estado no
plebiscito, eu achei que era hora de dizer não ao descaso, não à humilhação e
não ao abandono do estado para com esta região.
JC - O senhor entende que, para o governo do estado, a
região oeste termina em Santarém...
Dudimar -
Sim, termina em Santarém, e essa é uma avaliação aritmética que eu faço. Se não
vejamos: Santarém só tem três vezes mais eleitores do que Itaituba. Nada
pessoal contra Santarém, cidade onde morei por cinco anos, não faz muito tempo.
Mas, é uma questão de justiça. Se lá tem três vezes mais eleitores do que
Itaituba, que a cada três reais alocados para lá, o governo do estado
destinasse um real para Itaituba. Mas, isso não está acontecendo. Aplica 100 em
Santarém e nada aqui. Então, não dá mais para suportar essa situação. Para se
ter uma ideia, no Pará, a estrutura parlamentar estadual se sobrepõe à
estrutura parlamentar federal, numa clara inversão de valores. Em nosso estado, o poder de barganha de um
deputado estadual é maior de que o de um deputado federal. Ficam em segundo
plano para o governo do estado, questões de grande relevância como a
distribuição de royalties, a diminuição dos repasses de FPM, que tem deixado os
municípios em situação de penúria, porque estão recebendo uma miséria de
repasse do governo federal. O governo do estado tem que ter um olhar mais
abrangente. Recentemente, esse mesmo governo alegou que o Pará não precisava
ser dividido. O que precisava era haver um distribuição mais equitativa dos
recursos com todas as regiões, e isso não está acontecendo.
JC - O pessoal do governo acertou o número do seu
telefone quando sentiu que sua saída do partido era pra valer...
Dudimar - É
verdade. Recebi diversos telefonemas. Só faltou do próprio governador, embora
tenha recebido convite para ir até a casa dele. O convite era para reunir com
ele, onde eu marcasse, em contato mantido pelo senador Flexa Ribeiro, pessoa
pela qual tenho muito respeito. Eu não aceitei o convite, mas, aproveitei a
ocasião para agradecer a ele pelo tempo em que convivemos juntos no PSDB.
Também recebi diversos telefonemas do vice-governador Helenilson Pontes, que é
de outro partido, o PSD. Eu disse a ele que não era apenas a paciência do
deputado Dudimar Paxiúba que acabado, mas, a paciência de Itaituba.
JC - O senhor confirma que recebeu convite do PMDB?
Dudimar -
Recebi e foi um convite que muito me honrou. Meu primeiro partido político, em
Itaituba, foi o PMDB, no qual eu passei a maior parte da minha militância
política. Em Brasília, em uma conversa informal, com os deputados Asdrubal
Bentes e a deputada Elcione Barbalho essa possibilidade foi aventada. Eu falei
que isso seria difícil, porque eu já havia me apalavrado com um desses novos
partidos que tinham sido criados e depois, porque o PSDB não me liberaria para
consumar essa troca.
Eu também recebi ligação do ex-prefeito de Ananindeua,
Helder Barbalho, que me convidou para termos uma conversa em Belém. Eu sempre
tive uma relação bastante amistosa com ele, desde o tempo em que ele era
prefeito de Ananindeua. Eu não vejo motivos que impeçam a gente de conversar. A
tendência do PROR e fazer oposição ao atual governo do estado, uma vez que quem
preside a sigla é o prefeito João Salame, que foi um dos baluartes na luta pela
criação de novos estados, que foi de encontro ao governo do Pará. Ele nunca
aceitou a forma como o governo atropelou o nosso sonho.
JC - O senhor agora terá condições de dar mais atenção
na relação do governo do município com o governo federal?
Dudimar -
Exato. Agora nós teremos muito mais facilidade para ver nossas emendas
liberadas, além de termos condições de fazer avançar esses programas do governo
federal, porque nós temos que reconhecer que o que existe por aqui é do governo
federal, como o programa Minha Casa, Minha Vida, que precisa de um ajuste, de
um melhor acompanhamento, o Mais Médicos, contra o qual nunca me posicionei por
entender que é necessário. O meu antigo partido, o PSDB é contra. Eu disse que
precisa de alguns ajustes, mas, é importante. Hoje eu estou filiado a um
partido da base da presidente Dilma, e a gente vai trabalhar para conseguir as
coisas para o nosso município e para nossa região.
JC - Seu ingresso no PROS deve facilitar algumas
coisas para a prefeita Eliene Nunes...
Dudimar -
Sim. Se a prefeita Eliene Nunes nunca foi recebida em audiência pelo governador
Simão Jatene, isso não vai acontecer com referência à presidente Dilma. Esta
semana mesmo, o grupo de deputados federais do PROS vai ser recebido pela
presidente e o meu próximo passo é pedir, via o presidente do meu partido, será
pedir uma audiência da prefeita com a presidente Dilma.
JC - Como está sendo a reação, em Itaituba, com sua
ida para o PROS?
Dudimar - É
natural que eu não possa contar com antigos companheiros do PSDB, que vão
continuar no partido. Porém, temos recebido diversas adesões, temos conversado
com políticos com mandato e já temos alguns vereadores que entraram no partido,
das câmaras de Itaituba, Novo progresso, Aveiro e Rurópolis. Há uma mudança
radical do meu grupo político, ocorrendo um processo de reconstrução. No nosso
partido não vai haver estrelas. Eu sou mais um integrante dessa sigla.
JC - Que análise o senhor faz de suas possibilidades
de reeleição?
Dudimar - Eu
já estava bastante otimista, após a aprovação do Orçamento Impositivo, que vai
acabar com essa enganação de você chegar a uma determinada prefeitura,
prometendo liberar determinado recurso para o prefeito e depois ficar com medo
até de voltar porque aquilo não se concretizou. Eu cheguei à conclusão de que,
com o respeito que o parlamento vai passar a ter, seja ele federal, estadual ou
municipal, a situação dos parlamentares vai melhorar muito.
Um
deputado federal tem o direito de apresentar emendas no montante de R$ 15
milhões por ano, no orçamento da União. Já que eu tenho mandato assegurado até
o dia 31 de janeiro de 2015, eu tenho assegurados R$ 30 milhões. Eu já tenho
assegurados R$ 6 milhões para este ano, que podem chegar a R$ 10 milhões, ainda
do orçamento do ano passado. Então, Itaituba nunca recebeu um volume de
recursos dessa monta, trazido por um deputado federal. Com isso, e mais esse
novo momento que estou passando a viver na política, quando passo a fazer
parte da base política do governo
federal, tudo isso me leva a crer que as chances de lutar por uma reeleição
cresceram substancialmente. Eu vejo um futuro bastante alvissareiro.
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