sábado, outubro 12, 2013

Coleta de assinaturas pelo PLIT pró Tapajós vai devagar em Itaituba

Bem diferente do movimento pelo plebiscito, a coleta de assinaturas para o Projeto de Lei de Iniciativa Popular - PLIP, em Itaituba,  para ser encaminhado ao Congresso com o objetivo de criar o estado do Tapajós, vem caminhando muito devagar, quase parando. Quem confirmou essa informação para a reportagem do Jornal do Comércio foi o presidente do Instituto Cidadão, entidade com personalidade jurídica, com sede em Santarém, que continua na liderança desse movimento. Semana passada ele conversou com o jornalista Jota Parente a respeito do assunto.
JC - Qual é a realidade presente do PLIP pró estado do Tapajós?
Edivaldo - A realidade do trabalho pelo PLIP é de continuidade ao que a gente vem fazendo desde o final do ano passado. Já visitamos os 23 municípios da região, reunimos com praticamente todos os prefeitos e presidentes e câmaras, mas, principalmente, temos conversado com os agentes comunitários de saúde, na tentativa de fazer com que eles se engajem nesse trabalho de coleta de assinaturas. Essa é uma forma mais rápida e menos dispendiosa da gente coletar essas assinaturas.
            Embora a gente tenha tido alguma dificuldade para reunir todo mundo, as coisas tem acontecido, e nós temos conseguido cobrir quase toda a região, apesar de ainda não termos chegado ao número de eleitores que almejamos. Somos mais de 700 mil eleitores na região do Tapajós, e nossa intenção é coletar no mínimo 600 mil assinaturas desse universo. Ainda não chegamos a esses desejados 600 mil, mas, estamos ultrapassando a marca de 500 mil assinaturas, somando todas as que foram conseguidas até agora.
            Nós não estamos parados. A segunda fase a partir do momento em que a gente concluir o trabalho em toda a região será partir para os estados para alcançar a marca de um milhão de assinaturas, trabalhando em cinco estados, conforme a lei prevê. Eu acredito que até a metade do ano que vem nós tenhamos alcançado a quantidade necessária para protocolar o PLIP no Congresso.
JC - Como está o trabalho em Itaituba?
Edivaldo - Em Itaituba nós fizemos um trabalho (com os agentes comunitários de saúde) igual ao dos outros municípios. É o município que tem o segundo maior colégio eleitoral, depois de Santarém, mas, a quantidade de assinaturas que nós conseguimos foi insignificante. Digo até, que foi extremamente insignificante. Foram apenas 1.100 assinaturas, de 40 mil que nós projetamos. Mas, nós vamos refazer o trabalho. Para tanto, estamos convocando novas pessoas, novos grupos para ver se nós conseguimos pelos menos dois terços do eleitorado do município.
            Itaituba foi sempre um irmão de Santarém nessa luta pelo estado do Tapajós. Aqui houve sempre muito empenho, muito interesse e muita parceria nesse trabalho. Nossas ideais sempre combinaram. Por isso, eu acredito que a gente ainda vai alcançar o nosso objetivo. Itaituba e Santarém são os dois municípios que puxam o desenvolvimento nesta região. No plebiscito, Itaituba foi o município que mais se destacou ao lado de Santarém. Por isso é muito importante sua participação nesse projeto.   
JC - Por causa desse baixo número de assinaturas vai haver uma mudança de estratégia?
Edivaldo - A mudança que nós vamos fazer é trabalhar na montagem de um comitê com esse objetivo, chamando pessoas que trabalharam no plebiscito, as quais não estão envolvidas ainda nesse novo momento da luta, considerando que nós não temos a menor chance de fazer qualquer ligação, seja ela política ou cultural com Carajás. Nós vamos sair sozinhos, mesmo, e a nossa possibilidade até em nível de Brasil é sairmos sós. Isso já está definido até com o governo, isso é consenso até junto às lideranças em nível federal. O Tapajós é um projeto centenário, que tem forte apelo.
JC - Existe entendimento de que a possibilidade de saírem Tapajós e Carajás juntos é nula?
Edivaldo  - É 100% nula. Há uma comoção social e política do Pará, de modo especial em relação a Belém, contra o Carajás. Por isso, não existe a mais remota chance de saírem os dois estados juntos. O que aconteceu no plebiscito, iria acontecer de novo e de uma forma até pior, se  houvesse ameaça do Carajás sair. Pode até ser que no futuro, em outras condições isso seja possível. O Tapajós nunca foi objeto de discussão nas mesas de bares e restaurantes, em Belém, na hora do almoço ou do jantar. Foi sempre o Carajás. Há um consenso de legitimidade quanto ao desejo do Tapajós de se emancipar. Mas, isso não ocorre quanto ao Carajás. Isto não sou eu quem diz, mas, é isso que está posto no meio da elite política e econômica da capital.
JC - Existem algumas pessoas da região que resolveram fazer um trabalho em conjunto. Quem fez essa opção está perdendo seu tempo? E da parte das lideranças do movimento de Carajás, há um certo oportunismo ao aceitar isso?
Edivaldo - Já ouve isso no plebiscito, porque eles sabiam que a grande chance deles seria sair junto com o Tapajós. Isso foi muito bem posto e foram feitos acordos de bastidores para que os dois saíssem juntos, uma vez que nós iríamos sair sozinhos, mas, por solidariedade, porque as ideias eram semelhantes, fomos juntos. Quanto às pessoas que estão fazendo esse trabalho junto com Carajás, só acho que não estão perdendo seu tempo, porque acredito que estejam sendo bancadas por alguém. Democraticamente, cada um pode escolher o caminho que deseja seguir. Mas, dentro de um raciocínio prático isso não vai a lugar algum.
JC - Como tem sido a participação da prefeitura de Santarém e de outros municípios?
Edivaldo - Santarém saiu na frente porque o prefeito Alexandre Von criou uma coordenadoria de desenvolvimento regional, com foco no apoio ao estado do Tapajós. Há toda uma estrutura montada que permite que se faça um trabalho de integração voltado para a luta pelo estado do Tapajós.
            O plebiscito nos levou a ter todo esse entendimento a respeito dessa causa, demonstrando que praticamente todos os prefeitos não tinham e os atuais não tem nenhuma resistência quanto à criação do estado do Tapajós, nem as câmaras municipais. O que está faltando é uma participação mais efetiva, um envolvimento mais objetivo na causa, porque ainda há receio de alguns quanto a possíveis retaliações do governo do estado. Falta a alguns mostrar a cara, dar a cara para bater.
JC - O Consórcio Tapajós pode ter um papel importante nessa luta?
Edivaldo - Sim, pode e a gente acredita que vá ter. O Consórcio Tapajós, como disse recentemente o presidente Raulien Queiroz, não vai se limitar a discutir apenas as questões relativas às hidrelétricas, mas, a tudo que diz respeito à região do Tapajós. E o que pode dizer mais respeito a nós, do que nossa vontade de criar o nosso estado? Por isso, eu acredito sinceramente, que pela força que o Consórcio Tapajós tem, ele deverá ser um grande aliado nessa luta.
JC - Como vai o projeto de coleta de assinaturas em outros estados?
Edivaldo - Primeiro, vamos concluir o trabalho em nossa região, esperando que consigamos acima de 500 mil assinaturas entre os mais de 700 mil eleitores, para depois buscarmos o restante fora desta região. Vamos buscá-las não só no Pará, mas, também no Amazonas, em Roraima, no Maranhão e Tocantins. Mas, eu gostaria de finalizar informando que estão em andamento no Congresso Nacional, algumas mudanças que poderão nos beneficiar muito. Com isso, deverá haver uma diminuição muito grande no número de assinaturas exigidas para apresentar um PLIP. Contudo, nosso trabalho para conseguirmos um milhão de assinaturas via continuar.
JC - Sempre se espera muito de Manaus, por causa da enorme colônia de paraenses oriundos do oeste do Pará. O trabalho está indo bem por lá?

EdivaldoEstá indo bem no sentido de que está bem articulado, havendo uma conscientização da necessidade de se fazer esse trabalho. O que ainda não existe é o trabalho de coleta de assinaturas. Mas, existe vontade e nós estamos trabalhando para dar esse largada, porque Manaus sempre foi grande incentivador do movimento pela criação do estado do Tapajós. Quando em certos momentos a gente estava querendo esmorecer na região, o pessoal de Manaus puxava a gente para cima, dizendo que a gente não podia deixar a peteca cair. Por isso, tenho certeza que podemos contar, sim, com a contribuição dos paraenses que vivem na capital do Amazonas.

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