O deputado estadual Nélio
Aguiar deu uma guinada em sua estratégia política, a qual causou muitos
comentários, alguns dos quais dando conta de que estaria para perder seu
mandato por ter saído do PMN e ingressado no DEM, mesmo não tendo se consumado
a fusão entre PPS e PMN. Nélio decidiu topar um grande desafio: ser candidato a
deputado federal por seu novo partido, atendendo ao convite de Lira Maia e
Alexandre Von, fato que ele confirma na entrevista a seguir, na qual ele fala
ao Jornal do Comércio sobre os desdobramentos da troca de partido, de sua base
política em Itaituba, da obra do Hospital Regional, da ausência do governo do
Estado nesta região e de outros assuntos.
JC - Até há cerca de duas semanas saíram muitas
notícias dando conta de que o senhor corria o risco de perder o mandato de
deputado, por ter saído do PMN e se filiado ao DEM, sem que a fusão de seu
ex-partido com o PPS fosse consumada. Esse risco existiu de fato?
Nélio - Não.
Na resolução do TSE existem vários motivos para a desfiliação por justa causa.
Não é somente a fusão ou criação de novos partidos. A mudança substancial do
programa do partido e discriminação pessoal também são motivos. A decisão da direção
nacional do partido em fazer a fusão e em aprovar e publicar no diário oficial
da União um novo estatuto nos levou a discordar desse posicionamento e
solicitar a nossa desfiliação do PMN por justa causa, que foi reconhecida em
ata pelo diretório estadual do partido. Portanto a nossa desfiliação se deu de
forma legal, atendendo a resolução de fidelidade partidária. O questionamento
feito por um membro do PPS e terceiro suplente da coligação , é considerado
decadente pois entrou fora do prazo e sem legitimidade pois não pertence ao PMN
e nem é primeiro suplente. Não existe fidelidade a coligação. A fidelidade é ao
partido.
JC - O senhor afirmou que sua saída do
PMN deu-se de forma tranquila, acordada com a cúpula. Isso foi documentado?
Nélio - A minha saída se deu brigando pelo meu direito de
discordar da mudança do estatuto do partido e pelo reconhecimento da justa
causa para a desfiliação partidária que nos foi dada em ata. Quando o partido
desistiu da fusão a minha desfiliação do mesmo já tinha ocorrido há mais de
sessenta dias.
JC - Seus eleitores podem ficar
tranquilos, pois não existe risco algum de perda de mandato, mesmo não
ocorrendo a fusão PPS-PMN?
Nélio - Podem ficar tranquilos. Apresentamos a nossa defesa ao
TRE em tempo hábil, juntamos toda a documentação onde o partido reconhece a
justa causa. E temos decisões no TRE e no TSE que o prazo máximo para
questionamento é de sessenta dias e quem possui legitimidade para questionar é
somente o próprio partido e o primeiro suplente do partido, pois o mandato é do
partido e não da coligação.
JC - Outra informação que tem circulado
com frequência é sobre a possibilidade do senhor lançar-se candidato a deputado
federal pelo DEM, ano que vem. Procede?
Nélio - Procede. Entendo que uma candidatura, seja ela a qual cargo for, não deve
ser em consequência de um projeto pessoal e sim de um projeto coletivo. No
momento em que o deputado federal Lira Maia, que é da nossa região toma a
decisão de não vir mais candidato a reeleição, temos por obrigação apresentar
um nome para disputar essa importante vaga na câmara federal, para não perdemos
a nossa representatividade. Faço parte de um grupo político liderados pelo
presidente estadual do DEM, o deputado Lira Maia e pelo prefeito de Santarém,
Alexandre Von (PSDB). Recebi o convite dos dois para essa importante missão e
topei encarar esse desafio e estamos muito confiantes que com a ajuda de Deus e
com a força e união das lideranças e do povo do Oeste paraense seremos
vitoriosos.
Na edição 164 do Jornal do Comércio, que
está circulando desde o final da tarde desta terça-feira.
JC - O
senhor considera boas as chances de conseguir eleger-se deputado federal?
Nélio - Eu
acredito que sim e vou lutar bastante por isso. Poderia vir para a reeleição de
estadual como projeto pessoal, mas não sou egoísta e nem covarde. Missão é
missão. Sou homem de luta e de coragem para encarar os desafios.
JC - Em sendo candidato a deputado
federal, naturalmente, sua estratégia de campanha terá que ser diferente, pois
precisará buscar votos mais longe...
Nélio - Teremos uma ampliação da nossa área de atuação. Mas se
o nosso povo tiver a consciência em votar em candidato da nossa região,
elegeremos não apenas o Nélio, mas outras lideranças de Itaituba e da nossa
região serão eleitas. Temos votos para isso, só não podemos desperdiçar o nosso
voto com candidatos paraquedistas que não tem compromisso com as nossas
bandeiras de luta, sendo a principal delas a luta pela criação do estado do
Tapajós.
JC - Na eleição do ano que vem, muitos
candidatos vão tentar vender facilidades com referência à criação de novos
municípios. O que o senhor tem a dizer a esse respeito? Dá para criar novos
municípios nesta região?
Nélio - Precisamos ter muita responsabilidade nessa questão,
para não criarmos falsas expectativas na população dos distritos. A nova lei
traz critérios rigorosos levando em conta população, número de eleitores e
território que não seja em área do INCRA ou da União. Quem se enquadrar dentro
desses critérios terá a autorização para realizar o plebiscito envolvendo todos
os eleitores do município e somente após o plebiscito que a Assembleia
Legislativa poderá fazer a lei que cria o novo município.
JC - Na região Oeste do estado do Pará,
quais distritos parecem ter condições de pleitear sua emancipação?
Nélio - No momento temos o de Castelo dos Sonhos, Moraes de
Almeida , Caracol, Flexal e Curuaí. Estamos analisando algumas situações de
outro distritos que desejam a emancipação.
JC- Que caminho devem seguir as
lideranças de distritos que desejam emancipar-se, para saber se tem condições
de atender às exigências da legislação atual, para evitar serem enganadas por
candidatos a deputado que vão tentar tirar partido desse sonho?
Nélio - Já tomamos a iniciativa de enviar para as câmara municipais
e para as comissões de emancipação, cópia da redação da lei que foi aprovada na
Câmara Federal para que todos possam tomar conhecimento das novas regras e para
que tudo possa ser realizado de forma transparente e que ninguém possa ser
enganado ou iludido com falsas expectativas. É importante também colocar que
não se pode criar novos municípios em ano eleitoral, portanto dificilmente
algum município será criado até o final de 2014.
JC - Como o deputado Nélio Aguiar, que é
da base do governo do Estado, vai direcionar seu discurso na campanha do ano
que vem, levando-se em consideração que governo de Simão Jatene tem sido muito
ausente na maioria dos municípios desta região, onde se concentram seus
eleitores?
Nélio - Vivemos um momento muito difícil em todo
o estado do Pará. Aprovamos na ALEPA um empréstimo junto ao BNDES no valo de R$
1,8 bilhão, para investimentos em obras importantes em todas as regiões do
estado. E até hoje esse recurso não foi liberado; talvez até por motivação política
esteja travado. Isso vem causando atraso no inicio das obras que estavam
planejadas; inclusive a do Hospital Regional de Itaituba.
O governador Jatene, cansado de
esperar pelos recursos do BNDES resolveu licitar, contratar e iniciar essas
obras com recursos próprios do tesouro estadual, para poder honrar os seus
compromissos de campanha com o povo de Itaituba e do Pará. Temos que abominar
esse tipo de política de interesses partidários, pois quem sai mais prejudicado
com isso, não é o governador Jatene e o PSDB e sim o estado do Pará. Esperamos
que haja maturidade da classe política do nosso estado e que trabalhem juntos
para a liberação dos recursos necessários para o investimentos em obras
estruturantes. e deixem de lado os interesses eleitorais e partidários em nome
do desenvolvimento do Pará.
JC - Diante do fato
consumado de sua mudança para o DEM, como ficou sua base política em Itaituba?
Como ficou a convivência política com os vereadores que eram do seu antigo
partido?
Nélio - Continuamos tendo um bom relacionamento
com todos eles. Temos um grupo político forte em Itaituba envolvendo lideranças
de vários partidos. Estamos explicando a cada um a mudança de partido e a
mudança do projeto, e convidando a todos para seguirmos juntos nessa caminhada
e vencermos juntos esse novo desafio. Não faço política na base da imposição ou
ameaças, faço política na base da conquista e do convencimento. Irei trabalhar ainda
mais para ampliar nossa base em Itaituba, pois sempre tive o compromisso com o
povo de deste município, e nunca me ausentei ou virei as costas para Itaituba,
ou para qualquer outro município da nossa região.
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