Fruto de uma abertura de diálogo proposta pelo governo federal com os Munduruku desde o confronto ocorrido no final do ano passado envolvendo Polícia Federal e indígenas na aldeia Teles Pires, durante a operação denominada Eldorado, a reunião serviria para estreitar os laços entre indígenas e governo.
Na última assembleia extraordinária do povo Munduruku ocorrida em março deste ano, o governo federal se fez presente através de assessores da Secretaria Geral da Presidência da República, Funai e Sesai, Na época o assunto mais polêmico debatido foi a construção de hidrelétricas na região do Tapajós.
Na assembleia, os Munduruku escreveram uma carta aberta à presidente Dilma Rousseff elencando 33 pontos, entre eles, a suspensão imediata da implantação do complexo hidrelétrico no médio e alto Tapajós.
Em meados de março o governo federal recebeu uma comissão de indígenas Munduruku em Brasília, quando na oportunidade foi aberta a discussão sobre as reivindicações prescritas na carta aberta. Em Brasília ficou então agendada uma nova reunião com todas as lideranças Munduruku, desta vez, em Jacareacanga.
Para a reunião em Jacareacanga o governo federal mobilizou mais de 200 homens entre Policia Federal, Policia Rodoviária Federal, Força Nacional além de apoio aéreo. Um aparato de segurança que pode ter inibido as lideranças Mundurukua comparecerem na reunião na sede do município.
Concentrados desde o dia 19 de abril na aldeia Sai Cinza, localizada a 25 minutos de lancha da cidade de Jacareacanga, os guerreiros Munduruku aguardavam a chegada dos representantes do governo federal, acreditando que a reunião seria na aldeia.
O que chamou a atenção no decorrer dos dias que antecederam a reunião em Jacareacanga foi a presença de ativistas do Green Peace, do MST, CIMI além de outros segmentos ligados à Igreja Católica, que são contra os empreendimentos hidrelétricos na região, acampados há vários dias na Aldeia Sai Cinza.
Para Paulo Maldos, o governo federal está abrindo uma porta de diálogo bem grande com o povo Munduruku. “Nesse processo de consulta para aproveitamentos hidrelétricos de São Luiz do Tapajós e Jatobá, queremos a participação efetiva dos Munduruku. O governo federal quer ouvir as demandas desse povo”, disse Maldos numa conversa com poucos indígenas que se propuseram a participar da reunião.
“Comunico aos senhores que a presidente Dilma já assinou a homologação da terra indígena Kayaby em atendimento a uma das reivindicações da carta aberta dos senhores. Leve estas informações aos vossos parentes”, acrescentou.
Paulo Maldos pediu ao secretário municipal de assuntos indígenas Ivânio Alencar, que dialogasse junto às lideranças indígenas uma aproximação para o próximo encontro que deverá acontecer até junho deste ano.
Na manha do dia 26, sexta, um grupo de indígenas fez uma manifestação nas ruas da sede do município contra a construção de hidrelétricas no Tapajós.
Texto e Fotos Nonato Silva

Nenhum comentário:
Postar um comentário