É mais uma dessas histórias que só
acontecem no Maranhão da família Sarney. Passada a eleição para o
governo maranhense, em dezembro de 2010, o ex-governador José Reinaldo
foi ao TSE pedir a cassação de Roseana por abuso de
poder político e econômico. O caso foi parar nas mãos do ministro
Arnaldo Versiani que, seguindo a liturgia da Justiça Eleitoral, expediu
carta de ordem para que o TRE maranhense intimasse a governadora.
Por uma dessas coisas que só acontecem no Maranhão, o tribunal levou
quatro meses para conseguir localizar e citar Roseana que, obviamente,
estava no Palácio dos Leões. Quando conseguiu, coube novamente a
Versiani solicitar ao TRE que ouvisse dez testemunhas de defesa da
governadora. Em agosto de 2011, a tarefa foi delegada ao juiz Sérgio
Muniz, que deveria ter se declarado impedido de realizar a tarefa, uma
vez que é filho do secretário adjunto da Casa Civil de Roseana, Antonio
Muniz.
Pois Sérgio não só aceitou o caso como permaneceu sentado sobre o
pedido de Versiani por 58 dos sessenta dias de prazo para colher os
depoimentos. No penúltimo dia, Sérgio devolveu a carta de ordem a
Versiani solicitando mais sessenta dias de prazo e novos documentos para
realizar a audiência.
Quando os documentos chegaram, o mandato de Sérgio no TRE maranhense
havia terminado e o caso foi então delegado ao juiz federal Nelson
Loureiro, que deu andamento imediato ao pedido, marcando a audiência das
testemunhas de Roseana para esta sexta-feira. Na semana passada, porém,
os advogados de Roseana entraram com recurso pedindo que o caso
retornasse aos cuidados de Sérgio Muniz (já reconduzido ao cargo por
Dilma Rousseff). Loureiro negou o pedido e o caso foi então parar no
plenário do TRE maranhense.
Durante o julgamento, dois magistrados votaram para manter a
audiência com Loureiro enquanto outros dois votaram a favor dos
advogados de Roseana. Empate estabelecido, coube a quem desempatar? O
voto final foi do juiz José Carlos Souza e Silva que, por uma dessas
coincidências do Maranhão, era até pouco tempo presidente da Fundação
José Sarney. O pedido de Versiani segue parado nas mãos de Sérgio Muniz.
Por Lauro Jardim - Radar - Veja
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