O movimento orquestrado pelos partidos que fazem oposição ao prefeito Valmir Climaco, buscando a união para enfrentá-lo na eleição de Outubro que vem é um evento absolutamente normal dentro do processo eleitoral. O que se pergunta é se, apesar da Carta de Intenções, que tem pontos de críticas mais ácidas contra a atual administração, e outros de compromisso entre os partidos, vai ser possível manter essa coesão com o passar dos meses, sendo a política uma atividade tão dinâmica, havendo muitos interesses em jogo, alguns deles pessoais de gente que está nesse grupo, e sendo os políticos, em sua maioria, tão volúveis.
A Carta, fruto do encontro do dia 13 de Janeiro, assinada por PSB, PP, PT, PR, PSD, PSDC, PV, PC do B e PPS acusa o governo de Valmir de ser antitransparente, de caracterizar-se pela centralização das decisões, de frear a economia do município e ainda de receber apoio do governador Simão Jatene, queimado por causa do Plebiscito.
O objetivo central é unir todos os partidos da oposição em torno de um nome que represente concenso entre eles. Esse nome deverá ser o do pré-candidato que estiver em primeiro lugar numa pesquisa de opinião pública, de acordo com o primeiro item da Carta. Os partidos falam em contratar um instituto de pesquisa credenciado e com credibilidade. E embora não esteja isso no documento, internamente, fala-se em sondar o IBOPE, cujo valor do trabalho é bastante elevado.
Cada partido terá que contribuir financeiramente para bancar a pesquisa, conforme o item 3 do documento. Aí começa o primeiro problema da oposição e isso poderá ter desdobramentos favoráveis ao prefeito Valmir Climaco: quem vai meter a mão no bolso, entre os representantes desses partidos, para pagar a pesquisa, se as agremiações partidárias locais vivem de acordo com as posses dos seus dirigentes, principalmente, do presidente? Aliás, muito poucos são os dirigentes de partidos que tentam formar esse grupo com alguma condição financeira para contribuir com algum valor.
Se for contratada uma empresa de pesquisas de renome e se for conseguido o recursos para pagar o serviço, os partidos de oposição terão tranquilidade para utilizar o resultado dentro do planejado. Porém, se for uma empresa meia boca, vai ser um tal de um olha para o outro com desconfiança. Isso pode contaminar todo esse processo de aglutinação.
De acordo com uma pesquisa, dessas que se realizam às dezenas durante o período pré-eleitoral e durante a campanha política, Eliene Nunes continua na frente do prefeito Valmir Climaco, mas, com uma diferença bem menor do que até agosto ou setembro do ano passado. Ainda segundo esses dados que chegaram até a editoria do JC, a rejeição do prefeito continua elevada, embora tenha recuado em relação aos números estratosféricos de antes.
Com base nessas informações, dentro do chamado “Grupão”, já existe um clima de disputa surda por uma provável indicação do candidato a vice na chapa que deverá ser encabeçada pela professora Eliene Nunes. Os dois nomes que aparecem em terceiro e quarto lugar, praticamente empatados, que são do empresário Afábio Borges (PT) e Horalice Cabral (PSB) já defendem que seja definido como vice de Eliene, o nome do pré-candidato que aparecer em segundo lugar na pesquisa que os partidos dizem que vão mandar fazer. Embora seja um tanto lógico, ainda não se fechou questão a esse respeito, embora no item 4 da Carta esteja escrito que os demais partidos cujos postulantes ao cargo majoritário não figurarem na pesquisa a partir da terceria colocação, se comprometem a formar coligações proporcionais e de dar apoio para a coligação majoritária.
Algumas, ou várias arestas precisam ser aparadas entre alguns, algumas vaidades podem atrapalhar em algum momento, e disso ninguém duvida. Por exemplo, a fala do presidente do PSB, advogado Emanuel Bentes, não foi bem recebida pela maioria dos presentes no encontro do dia 13 de Janeiro. Quando ele disse que o PSB não iria servir de escada para ninguém, deixando evidente que conforme seu pensamento, o partido teria candidato próprio para prefeito, ninguém gostou. Isso gerou certo mal estar e resposta de mais de uma agremiação, que também pensa em não ser apenas escada para outras.
Por fim, apesar de algumas diferenças, o que é natural, existe um movimento político em curso, que pode, sim, chegar unido até o pleito deste ano. Esse movimento não parece estar sendo levado a sério pelo prefeito Valmir Climaco, que pelo jeito, vai apostar todas as suas fichas no verão que vem, quando pretende realizar muitos trabalhos e inaugurar muitas obras antes do período eleioral. Essa visão poderá lhe custar caro. O preço será deixar a cadeira de prefeito, na qual ele parece sentir-se cada vez mais confortável. É óbvio que ele tem algumas vantagens sobre os outros.
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