quinta-feira, dezembro 02, 2010

Perfil do Empresário - Inácio Ferreira Gomes

Inácio Ferreira Gomes, proprietário da Drogaria Transamazônica é o destaque do Perfil do Empresário desta edição. Ele é casado com a senhora Antônia, com quem tem três filhos. Nasceu no dia 19 de outubro de 1960, na cidade de Santarém. Filho de João Batista Gomes, já falecido, e Maria Ferreira Gomes, que geraram uma prole de dez filhos, dos quais sete estão vivos.


A família de Inácio deixou a cidade de Frecheirinha, no Ceará, no ano de 1958, vindo para Santarém, por causa da grande seca daquele ano. Aos seis anos de idade, lembra ele, já começou a acompanhar seu João Batista para o Comercial Circo Lorama, cuja origem do nome inusitado ele não faz a menor idéia. Nem imagina onde o pai foi buscar tal nome. Ficava na entrada do mercado do peixe, no Mercado Modelo, em santarém. Não se tratava de um trabalho propriamente dito, pois se limitava a limpar alguns produtos. Era mais uma vontade de acompanhar o pai na lida diária.

“Naquele tempo era comum para muitos comerciantes, vender 900 gramas por um quilo. Era difícil ser aferido o pesos das balanças pelo governo. Mas, meu pai, homem de princípios rígidos, não admitia coisas desse tipo. Ele criou um slogam para não perder clientes, pois tinha gente que comprava em outros lugares, por ser um pouco mais barato, sem levar em conta que estava levando uma quantidade menor do produto. Circo Lorama, no preço ninguém se engana e o peso são mil gramas, dizia ele.

Nos estudos, eu ia muito bem, sendo um dos melhores alunos da turma no que hoje a gente conhece como ensino fundamental. Porém, quando passei para a sexta série, fui estudar de noite. Aí, comecei a beber cachaça. Já pensou o que é estudar, depois de beber uma ou duas doses de pinga? O resultado disso foi que eu passei quatro anos da sexta série.

Em 1979 eu decidi que queria servir ao Exército aqui em Itaituba. Ralei muito estudando, na esperança de chegar ao posto de cabo ou sargento. Mas, minhas esperanças terminaram no dia em que um sargento de nome Washington me disse que eu não servia nem para ser soldado, que dirá, cabo ou sargento. Tudo isso por causa da minha falta de estudo.

Quando eu saí do quartel, voltei para Santarém, disposto a voltar a estudar. Caminhou tudo muito bem até o final do ano. Eu estava praticamente aprovado, mas um erro da professora, que não foi só comigo complicou a nota final e então eu resolvi largar os estudos na sexta série. Agora há pouco, aqui em Itaituba, surgiu uma oportunidade de concluir o segundo grau em dez meses. Desta vez eu encarei e terminei, tendo prestado vestibular para o curso de Administração, o qual estou cursando o terceiro semestre, determinado a ir até o fim do mesmo.
 
Voltando ao comércio de papai, lá no mercado de Santarém, a partir dos oito anos eu comecei a trabalhar de fato com ele, tendo ficado por treze anos naquela atividade, contando o tempo em que eu vim servir Exército, aqui. Isso durou até 1984. A gente às quatro horas da manhã e só fechava no final da tarde. Era muito puxado. Dois anos depois, meu pai resolveu acabar com o comércio, passando a mexer com o ramo de farmácia, junto com um irmão meu.


A vinda para Itaituba - Alguns parentes viviam me dizendo que eu deveria vir para Itaituba. Primeiro, porque o comércio do papai não daria para resolver o problema de todos os filhos, segundo, porque Itaituba era um lugar bom para ganhar dinheiro. Entre esse pessoal, um tio meu, Valderi, da Casa das Tintas, vivia dizendo isso. Eu vim e comecei a trabalhar na Droga Nova, do Valderi e do Raimundinho, que atualmente é o gerente da Casa das Tintas. Ficava em frente ao Samuca na Rua Hugo de Mendonça. Ele disse que era para eu aprender a trabalhar em farmácia. Com nove meses o Valderi me deu uma farmácia para eu tomar de conta,em sociedade (eu ficava com dez por cento do lucro) a Droga Júnior, na Travessa Victor Campos, em frente à Farmácia Itaituba.

Isso durou seis anos. Em 1990, o Valderi, que era dono da drogaria onde agora estou, decidiu investir no ramo de material de construção, abrindo a Casa das Tintas. Ele me chamou para ser sócio dele na farmácia e desde então eu estou aqui. Aa partir dali a sociedade já passou a ser meio a meio. Já se foram vinte anos, desde que eu troquei a Droga Júnior pela Drogaria Transamazônica.
 
Um concorrente muito especial - Inácio lembra de um concorrente que teve no começo de sua vida de comerciante, quando se mudou para a Travessa Victor Campos. Trata-se de Joaquim Carlos Lima, então dono da Farmácia Itaituba, na época conhecido como Joaquim da Farmácia.


“Eu nunca vi, concorrente nenhum fazer o que o seu Joaquim fez comigo. Pois ele pegava clientes bons, daqueles que vinham do garimpo e compravam muito, e levava para a minha farmácia, quando ele não tinha um determinado medicamento. chegava lá e dizia: Inácio, eu tenho este cliente aqui, e está faltando este remédio.

Cansei de vender muitos medicamento desse jeito. E ele ia pessoalmente até a minha farmácia levar o cliente dele, sem receio de perder. Eu serei sempre grato a ele pelo que fez por mim. Concorrente desse jeito a gente não encontra em lugar nenhum. Hoje, seu Joaquim visita minha farmácia de vez em quando, e continuamos amigos.

Por que Paulão? - Eu jogava em um time que disputava um campeonato de futsal no Comercial Atlético Cearense, em Santarém, no ano de 1982. Nosso time não tinha mais condições de chegar ao título. O último jogo para cumprir tabela era contra o Guará, que tinham vários jogadores muito conhecidos, como Pedro, que jogou aqui em Itaituba. Se o Guará vencesse, seria campeão. No caso de vitória da nossa equipe, o que parecia quase impossivel, o Criquete ficaria com o título.

A turma do nosso time, doida para tomar uma gelada de graça, estava disposta a conversar. Eu procurei o finado Cauby, presidente do Guará, ao qual propus um jogo de compadres, no qual a gente perdesse de pouco. Em troca, ele daria uma meia grande de cerveja. Como resposta ele me disse que o time dele ganharia de 15 ou 20, de quanto pudesse. Falou que não tinha acordo nenhum. Eu saí de lá muito zangado com a reação dele.

Então, resolvemos armar para cima deles. Procurei o pessoal do outro time, que aceitou nossa proposta. A gente avisou para todo mundo que não iríamos à quadra, perdendo por WxO. A conversa espalhou no Mercado Modelo, ficando todo mundo certo de que não haveria jogo. Menos o pessoal do Criquete, que levou charanga e tudo para a quadra.

Chegou a hora do jogo. Nosso time completo e o Guará com apenas alguns reservas para ganhar por WxO. E nós cobramos da diretoria do Comer cial, que fosse cumprido o regulamento, dando apenas os 15 minutos de tolerância. Assim foi feito. Quando entramos em quadra, os reservas do Guará correram e se vestiram com apenas quatro jogadores. Terminou o primeiro tempo com o placar de 5x0 para nós.

A diretoria do Guará saiu deseperada buscando jogadores titulares em suas casas. Ainda conseguiu juntar o time principal, que foi entrando no começo do segundo tempo, mas, não deu para eles tirarem o prejuízo. Ganhamos por 7x5 e eu fiz o sete gols do nosso time. A torcida começou a me chamar de Paulo Rossi, porque fazia pouco tempo que a Itália tinha tirado o

Brasil da Copa do Mundo da Espanha, com três gols de Paulo Rossi. A partir dali, uns me chamavam de Paulo Rossi, outros, de Paulo, que foi o que terminou ficando. Hoje em dia, quando chegou a Santarém, quase todo mundo me chama de Paulo. Até minha mãe, de vez em quando me chama por esse nome. Aqui em Itaituba, porque da empresa, a maioria me chama de Inácio, mas, muitos preferem Paulão.

Gosto de Itaituba - Metade de minha vida vivi em Santarém e a outra metade tenho vivido aqui (acaba de completar 50 anos). Quando vim para cá, demorei um pouco a me adaptar. Entretanto, hoje em dia, quando tenho que viajar, seja para Santarém, ou para outros lugares, ficando contando as horas de voltar para Itaituba. Eu gosto demais desta cidade. Aqui eu construi meu patrimônio, junto com minha mulher e meus filhos e, cada vez que eu vejo uma notícia de violência das grandes cidades eu me enraizo mais aqui. Já temos alguma violência, mas nada comparado com o que acontece lá fora.

A política - Até hoje eu tenho apenas observado, mas, apesar de já ter sido cogitado algumas vezes para ser candidato a algum cargo político, ainda não tomei a iniciativa. Todavia, essa é uma possibilidade na qual eu penso, sinceramente. Eu não descarto, de forma alguma, a hipótese de vir a me candidatar a algum cargo público. Primeiramente, estou estudando, para não correr o risco de passar vexame igual ao do Tiririca. Depois que concluir meu curso vou pensar no assunto com cuidado. Não é a curto prazo.

Penso em ser candidato a vereador, ou quem sabe, a vice, na chapa de algum candidato a prefeito. Como digo a alguns amigos, brincando, candidato a vice é melhor, porque gasta pouco. Mas, falando sério, Itaituba já me deu muito. Penso que devo dar algo mais de mim, para ajudar a desenvolver este município que a gente tanto ama”.
 
***Na edição 115 do Jornal do Comércio que está circulando a partir de hoje.

Um comentário:

  1. Parabéns ao Inácio. Gostei da entrevista. Admiro esse arigó. Um abraço a ele Parente.

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