quarta-feira, agosto 18, 2010

Primeira crise

O governo do prefeito Valmir Climaco tenta apagar as chamas do primeiro grande incêndio de sua breve existência. Ela atende pelo nome de Super Salários da Secretaria de Saúde, que chegaram ao conhecimento da opinião pública, primeiramente, pelo meu blog. É a primeira crise realmente grave que envolve esse governo, que demorou muito para agir. O fogo já estava muito alto quando o prefeito resolveu entrar em ação.

Muito antes de Valmir sentar na cadeira de prefeito, eu externei a alguns amigos, minha expectativa a respeito do que seria um governo comandado por ele. É possível que ele tenha sabido, pois algumas pessoas com quem falei sobre esse assunto são próximas do alcaide.
Nunca coloquei em dúvida a vontade dele, de trabalhar bastante pelo município de Itaituba, pois ele é um homem reconhecidamente trabalhador, que madruga e, se preciso for, vai até altas horas trabalhando. Minha dúvida foi sempre no que diz respeito à competência de Valmir para gerenciar uma máquina pública da grandiosidade da Prefeitura de Itaituba.
Não que lhe faltasse inteligência para isso. O problema é outro: o modo excessivamente centralizador dele conduzir seus negócios, confiando em muito pouca gente, delegando quase nenhum poder e querendo resolver praticamente tudo sozinho. Questionava com meus interlocutores que, se Valmir tentasse aplicar no governo do município a mesma forma de comandar suas empresas, estaria seriamente fadado a meios sucessos, ou a enfrentar muitos problemas por conta disso. Infelizmente, até este momento, é exatamente isso e muito mais, que está acontecendo no atual governo.
O prefeito toma conta demais de uns setores e deixa correr frouxo noutros. Tem uma obsessão pela Secretaria de Infra-estrutura, confundindo-se, muitas vezes, sua atuação, como se fosse ele o próprio secretário da pasta, como muito disse em seu comentário semanal, o jornalista Weliton Lima. Em compensação, não presta a devida atenção a secretarias primordiais como Educação e Saúde.
Essa última tem estado na boca do povo nos últimos quinze dias, não pelo avanço na qualidade do atendimento aos usuários dos serviços prestados pela mesma, mas, pelo escândalo de altos salários pagos a um pequeno grupo, fato que agride ao bom senso e vai de encontro à realidade do município. Enquanto uns poucos médicos e enfermeiros enchem os bolsos, falta um monte de coisas, como remédios nos postos de saúde e tantas outras coisas.

Eu não tenho nada contra quem consegue ganhar honestamente bons salários. Mas, num município que tem milhares de pessoas vivendo abaixo da linha de pobreza, gente que quando consegue se consultar, depois, tem que fazer chá da receita, porque não tem dinheiro para comprar o medicamento prescrito pelo médico, esses super salários soam como uma afronta, como pouco caso com a desgraça de quem não tem nada.

Não que o prefeito não tenha agido. Ele reagiu, sim, mas demorou muito e essa demora tem um preço político elevado. O governo foi exposto a um vexame que poderia ter sido evitado, pois a informação a respeito dos tais grandes salários circulou de boca em boca, muito antes da imprensa jogar seus holofotes sobre o fato, esperando comprová-lo. Depois do caldo derramado Valmir mandou demitir gente, prometeu fazer uma limpeza na SEMSA, mas, isso, só esperando para ver se vai mesmo acontecer. O porém, em vez de tomar uma decisão enérgica, o prefeito convocou uma coletiva da imprensa, para defender o secretário Manoel Diniz, achando que a população iria acreditar no que disse. Faltou poder de decisão ao gestor municipal nesse caso.
Ao lado desse problema, o prefeito também tem causado grande decepção a pessoas muito próximas a ele, por estar praticando um tipo de nepotismo às azavessas: pessoas de sua família estão sendo beneficiadas em licitações da Prefeitura, o que fere a legislação vigente que trata dessa matéria. Isso está oficializado em uma publicação do Diário Oficial do Estado, que estampou os nomes de empresas que venceram processo licitatório, há duas semanas. Algumas ganharam itens que nem comercializam. Tão ou mais grave que isso é a informação que já é de domínio público, de que há mais de uma empresa de gente da família do prefeito sendo regularizada para vender para a Prefeitura.

Eu não esperava que o atual prefeito agisse na Prefeitura, muito diferente do que faz em suas empresas, porque é difícil alguém mudar da água para o vinho da noite para o dia. Entretanto, não imaginei que houvesse tanta centralização administrativa. Tampouco, esperava que se misturasse a administração pública com negócios da família, que vem leiloando nacos da administração. Nesse particular, estamos todos decepcionados; tanto eu, quanto muita gente que é próxima de Valmir, que votou nele e que só espera que ele faça um bom governo. Mas, ainda há tempo para virar esse jogo.

Artigo de Jota Parente, publicado na edição 108 do Jornal do Comércio, que está circulando.

Um comentário:

  1. Anônimo10:13 AM

    ... além de tudo isso, existe o fato do prefeito estar contratando diversos membros do grupo do Roselito/Silvio, mas deixando na mão pessoas do grupo dele; na Seminfra há um contratado que, na época da campanha, rasgava os cartazes do valmir; na Semdas existem uma Roselito "doente", Silvanusa além de outras; a eliene é constantemente contata pelo walmir; achando que não estava bom, o walmir contratou o Ney Gordo e o André p/ trabalharem na campanha do edir, o que afugentou muita gente, com a consequente perda de apoio ao edir, mas dizem as más línguas que essas duas contratações foi para "queimar" o edir; foi oferecido salário de R$2.500 p/ o neto voltar ao Tributos; o dayan está sendo sondado para entrar na barca do walmir e assim, não mais fazer críticas ao prefeito.

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