sexta-feira, setembro 26, 2008

A Economia de Itaituba na Campanha Eleitoral

Restando somente uma semana para o final da campanha eleitoral, todos os eleitores de Itaituba já tiveram oportunidade de ouvir as propostas dos três candidatos a prefeito, através do Horário Político no Rádio ou na TV, ou numa das inúmeras reuniões ou comícios realizados. Todos eles apresentaram seus projetos, que neste pleito estão mais calcados na realidade. De um modo geral, todos têm evitado promessas mirabolantes, embora haja um ou outro excesso, de vez em quando.
No que tange à economia, assunto que interessa diretamente a todo mundo, as propostas são mais ou menos genéricas, pois nenhum candidato teve o cuidado de reunir algumas cabeças pensantes bem informadas sobre o tema, capazes de apresentar sugestões de metas factíveis e realizáveis. Sendo assim, tudo que tem sido dito é fruto do pensamento próprio de cada candidato a prefeito.
Valmir Climaco (Coligação Frente de Trabalho) tem falado bastante sobre a questão das vicinais, que tem sido um calcanhar de Aquiles de qualquer prefeito, pois são muitas centenas de quilômetros delas espalhadas pelos mais de 65 mil quilômetros do município. Prefeito nenhum, em tempo algum conseguiu dar conta de recuperar ou fazer a manutenção das mesmas. Mesmo os que mais trabalharam ficaram longe disso, porque os recursos do município são insuficientes. Quem promete que vai recuperar todas não está falando a verdade.
Até hoje, nenhum prefeito deu tanta atenção à problemática das vicinais quanto Wirland Freire, que antes mesmo de pensar em se lançar candidato fez a vicinal dos Doidos, que mais tarde foi rebatizada com seu nome. Aquele foi um trabalho gigantesco, feito com recursos próprios, que nenhum governo do município ousou encarar. Ele manteve a Transgarimpeira trafegável por muito tempo. Houve quem alegasse que era de seu interesse, e na verdade era, porque ele usava a mesma para o transporte de combustível. Porém, muitos outras utilizavam a mesma estrada, tinham recursos, mas não fizeram nada.
Depois que se tornou prefeito, Wirland priorizou o asfaltamento de ruas e os trabalhos de conservação e recuperação de estradas vicinais. Em algumas delas não havia mais que um simples caminho de roça.
Mas, nem Wirland Freire, com toda sua disposição e determinação conseguiu atender à enorme demanda das comunidades interioranas. Sabendo disso desde o começo, ele deu prioridade para fazer trabalhos em estradas que fossem fundamentais para o escoamento da produção. Assim ele fez com a estrada de Barreiras, de Pimental, com a Transgarimpeira, com a vicinal do Brabo, do Capitauã, dentre outras.
Se existe um fator que pode ajudar a alavancar em curto prazo a economia de Itaituba, ele atende pelo nome de agricultura. Não é a panacéia que vai resolver todos os males, mas, não há dúvida de que é um pilar importante, que precisa de pesados investimentos na infra-estrutura do município, no que concerne a estradas. A partir do momento em que o agricultor tiver estímulo para produzir, o primeiro impacto será a diminuição do êxodo rural, cuja maior causa é a falta de condições, seja por causa das estradas quase sempre em péssimas condições, ou por falta de incentivo dos diversos níveis de governo.
Havendo estradas para que as safras sejam escoadas sem atropelos, haverá excedente de produção, o qual será vendido para o mercado externo, fazendo com que melhore a renda do produtor rural. Melhorando a renda do homem do campo, haverá mais dinheiro circulando no mercado interno, além de diminuir drasticamente a importação de produtos de primeira necessidade, cuja maioria vem de fora do município, apesar de suas terras férteis e da disposição de seus agricultores, que desejam muito produzir.
O prefeito Roselito Soares (Coligação Unidos por Itaituba) tem dado destaque às suas realizações, evitando promessas mirabolantes, como as feitas na campanha passada, que têm sido exploradas por seus opositores. No tocante à economia, não há muita novidade.
Afábio Borges (Coligação Itaituba tem Jeito) aposta nos convênios com os governos estadual e federal, dos quais é aliado, para encetar suas metas para a economia, com ênfase especial para a juventude, que pena para ser inserida no mercado de trabalho.
O município de Itaituba precisa bem mais do que um prefeito que se concentre apenas em administrar com parcimônia e austeridade os repasses constitucionais, pois isso é o mínimo que o eleitor espera de um bom gestor. Necessita de alguém, que além de honesto, seja criativo, inovador, ousado e capaz de abrir os caminhos que levam a novos recursos, imprescindíveis para que seja alcançado o verdadeiro desenvolvimento.
Pouco se tem falado a respeito da importância da atividade mineral no município de Itaituba. Os candidatos não citam, nem mesmo o fato deste ano se comemorar o cinqüentenário do início da garimpagem de ouro no vale do Tapajós. Tudo bem que o governo municipal, em tempo algum exerceu, quase que nenhuma influência nesse setor, conquanto no auge do garimpo a economia local girava exclusivamente em torno do ouro, à revelia da Prefeitura, que não conseguiu nem mesmo ir à reboque.
O avanço da mineração nos moldes da Serabi tem acontecido muito mais lentamente do que os anseios da comunidade itaitubense e não se vislumbra muita coisa que possa ser feita por um prefeito para acelerar esse processo. Contudo, certamente vai se encontrar alguma coisa que a Prefeitura possa fazer para beneficiar o município, como parcerias na área social com as empresas mineradoras que já estão investindo pesado em pesquisas na região, embora a maior parte do dinheiro não fique aqui, pois é investido em empresas e profissionais de pesquisa, que têm que ser contratados de fora. Os candidatos vão terminar a campanha devendo a discussão desse tema com o eleitor. Como é possível ignorar um assunto tão relevante para esta economia?
Com a implantação da Universidade Federal do Oeste do Pará, que tem a horrorosa sigla de UFOPA, não vai demorar muito para Itaituba ganhar seu campus, juntamente com Monte Alegre. Esse será um marco histórico, não somente para este município, mas para toda a região sudoeste do Estado. Porém, sem um bom projeto para a economia, Itaituba vai ter que encarar o mesmo dilema de Santarém, que virou o centro acadêmico da região oeste do Pará.
O fato de ter se transformado nesse centro acadêmico foi altamente positivo para Santarém, pois o nível de escolaridade de sua população foi consideravelmente elevado, além de ter migrado para lá, a cada ano, um grande número de estudantes em busca de fazer um curso superior . Entretanto, como aquele município também tem sérios gargalos em sua economia, todo ano são jogados no mercado de trabalho, dezenas de novos profissionais em nível de terceiro grau, sem que haja oferta de emprego compatível com essa disponibilidade de mão de obra. Então, muitos dos jovens que se formam, continuam trabalhando como balconistas, auxiliares de escritório e outras profissionais diferentes dos cursos que fazem ou fizeram.
Por enquanto esse é um problema incipiente em Itaituba, pois a maioria dos que tem se formado nas faculdades que atendem o município já tem ou já tinham seus empregos ou suas atividades laborais bem definidas. Mas, isso vai acontecer a partir do momento em que forem formadas as primeiras turmas do futuro campus de Itaituba e isso não foi tratado por nenhum dos três candidatos à Prefeitura, em momento algum da atual campanha eleitoral. Fala-se, simplesmente, em arranjar mais emprego para os jovens, mas, ninguém diz como isso vai ser feito e emprego não cai do Céu. Não há projetos nesse sentido.
Quase tudo gira em torno da economia e o eleitor não deve esquecer isso quando for votar. Se o ocupante da cadeira de prefeito tiver competência para gerenciar a máquina pública, através do gerenciamento correto do dinheiro arrecado pela Prefeitura, ou por meio da captação de recursos em outras esferas de governo e até mesmo de empréstimos contraídos para a execução de obras vitais para o desenvolvimento do município, então o povo terá feito a escolha certa.
Está terminando uma campanha eleitoral na qual os candidatos precisaram ser mais criativos no convencimento do eleitor, pois não podem mais usar o artifício dos shows artísticos. O lado negativo disso para a economia foi o enxugamento de um bom dinheiro que costumava circular no comércio local nas áreas artísticas e comercial. Mas, a democracia saiu ganhando com as medidas.
Nestes poucos dias que restam de campanha, o eleitor deve refletir sobre qual dos três candidatos tem a proposta mais coerente para a economia de Itaituba, sob pena de condenar o município à estagnação por um período de quatro anos, que não é nada pequeno. Sem esquecer as outras áreas vitais, como Saúde e Educação. É fundamental que todos se lembrem que uma decisão equivocada poderá doer no bolso. E essa é uma linguagem que todo mundo compreende muito bem. Portanto, a razão deve prevalecer à emoção na hora de votar.

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