Marilene Silva*
Itaituba é uma cidade relativamente jovem. Mal passou dos 150 anos, enquanto que cidades próximas como Santarém, está perto de completar três séculos e meio de existência e Aveiro, cuja criação da Freguesia de Nossa Senhora da Conceição de Aveiro data de 1781, está chegando este ano aos 227 anos de criação.
Somos uma terra de poucas tradições enraizadas e as poucas que temos não são muito antigas. Daí, louvar-se sempre esforços feitos por pessoas como Ivan Araújo e sua equipe da TV Tapajoara, pela materialização do CD Ita em Canções, obra que faz a gente lembrar, toda vez que se ouve as belas canções, da nossa ligação com esta terra tão acolhedora e generosa. Da mesma forma, é necessário enaltecer todo dia o trabalho da professora Regina Lucirene, batalhadora pelo resgate da memória de Itaituba, tanto através da coletânea de textos, quanto pela criação do Museu Aracy Paraguaçu e pelo vigor com o qual luta para aumentar o acervo do mesmo, forma indelével de preservar nossa história.
Fiz todo esse preâmbulo para chegar ao cerne da questão que me motivou escrever este artigo, que foi o caso da depredação do busco do fundador da cidade, coronel Joaquim Caetano Correa, promovida há mais de um mês por jovens de classe média, uns com elevado poder aquisitivo, crime contra o patrimônio público que continua impune.
Esse ato criminoso não pode ser inserido nas estatísticas de brincadeiras de jovens ou adolescentes que não sabiam o que estavam fazendo. Tanto sabiam, que depois do vandalismo praticado passaram a ameaçar os vigias das proximidades, dizendo que sobraria para eles, se contassem alguma coisa. Isso é comportamento de delinqüente.
A professora Regina Lucirene foi a única pessoa pública, a verbalizar sua indignação e a pedir providências enérgicas das autoridades. A Associação dos Filhos e Amigos de Itaituba também se manifestou. Mas, até agora ninguém foi punido.
O delegado responsável pelo caso anunciou que já tinha os nomes e que os mesmos seriam ouvidos; contudo, se alguma coisa foi feita, ficou intra-muros. Tudo isso porque os pais de alguns desses jovens são pessoas conhecidas da sociedade.
Como mãe que sou, sei que qualquer um de nós, pais, estamos sujeitos a passar por esse tipo de dissabor. Não acredito que ninguém crie um filho com o intuito de transformá-lo numa pessoa desajustada socialmente, pois quem pratica um ato como esse não pode ser considerado um exemplo para a sociedade. Porém, se não houver conivência, mesmo que seja silenciosa dos pais, dificilmente um filho incidirá na prática desses atos de vandalismo, ou quem sabe, outros piores.
Não precisa execrar esses jovens, publicamente, embora, se fossem filhos de pobres e por cima disso, da periferia, certamente já estariam presos há muitos dias, teriam sido mostrados pela Imprensa e não haveria data para serem soltos. Todavia, não se enquadram nesse perfil. Por isso, a Polícia Civil precisa ser mais ágil em casos como esse, pois não pode haver duas justiças, uma rápida, que encarcera aqueles que praticam atos similares, mas que não podem se defender, e outra lenta, para os que podem pagar bons advogados.
O que esses jovens fizeram foi profanar e destruir um monumento histórico, dos raros que o município tem, monumento esse de uma figura pela qual quase toda a comunidade itaitubense tem o maior respeito; digo quase toda, porque esses jovens, e provavelmente seus pais também, não fazem nenhuma reverência à memória do homem que fundou a cidade de Itaituba.
Já perguntei em coluna anterior, mas, cabe repetir, nesta ocasião: você sabe onde seu filho, e mais do que isso, em companhia de quem ele anda? Se não sabe, passou da hora de se preocupar com isso, para evitar que mais tarde, na calada da noite você seja surpreendido com notícias nada agradáveis a respeito de quem você tanto ama, pois se ele é desses que tanto apronta, um dia a casa pode cair. Quanto à destruição do busto do fundador da cidade, foi um ato abominável, que se tivesse sido praticado por um filho meu, eu estaria com vergonha de sair na rua. Mas, isso é para quem tem vergonha na cara, o que, infelismente, nem todos têm.
Bacharel em Direito
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Jota Parente,ao tomar conhecimento dos fatos postado em blog pela Srª Marilene Silva no que faz referência a crime de dano ao patrimônio público, imediatamente entrei em contato com a seccional de Itaituba para saber detalhes do ocorrido, e segundo informações, o Delegado Alex Carvalho preside o Inquérito que apura os fatos narrrados, inclusive com autoria definida, estando o mesmo em fase de conclusão. Gostaria de repudiar ações dessa natureza ,independentemente dos autores serem ricos ou pobres,pois a lei é para todos.
ResponderExcluirMe coloco a disposição da sociedade para qualquer tipo de esclarecimento referente a assuntos ligados a segurança pública no oeste paraense. abraço
JARDEL LUIS CASTRO GUIMARÃES
Superintendente Regional de Policia civil
Jota Parente,
ResponderExcluirSua contribuição para uma sociedade mais justa e igualitaria, pleo menos no quesito Justiça, está evidente nesta matéria. Continue sempre assim, não cale jamais diante de fatos como este que nos deixa indignados, pois certamente terás um retorno gratificante; com a palavra a Superintendencia de Policia Civil.
Emerson