terça-feira, junho 03, 2008

Aleitamento materno

Fui mãe muito cedo. Mal tinha completado dezoito anos e já estava embalando meu filho Marcos Paulo nos braços. Não bastasse isso, sabia muito pouco dessa maravilha que atende pelo nome de maternidade. Fui muito pelo instante de mãe. A Natureza, a sempre sábia mãe Natureza, conduziu-me por suas mãos, determinando-me o que devia fazer.
Talvez se tivesse somente a Natureza como professora não tivesse cometido erros elementares nos primeiros meses de vida do meu primeiro filho. Dentre os muitos, certamente o maior foi não alimentá-lo exclusivamente com o leite originado no meu próprio corpo. “Esse menino não está se satisfazendo somente com o leito do teu peito”, dizia uma; “dá mingau para esse pirralho, pois ele chora de fome, porque o teu leite é fraco e não alimenta ele direito”, dizia outra. Por ignorância eu embarquei nessa e tive que lidar com alguns problemas de saúde de meu rebento, que não haveriam se ele só mamasse no peito.
Quase vinte anos depois voltei a ser mãe. O Parentinho, como a gente chama carinhosamente o recém chegado novo membro da família Parente veio cercado de muitos cuidados, mas, encontrou uma mãe muito mais preparada e pronta para não cometer os mesmos errados do passado. O principal deles, não me deixar convencer de que tenho que dar isso ou aquilo. Até mesmo o Jota Parente, pai muito mais experiente (quase vinte e três anos depois), tem me ajudado a superar esse desafio de seguir o que recomenda a Organização Mundial de Saúde, que é alimentar o filho somente com leite materno nos seis primeiros meses de vida.
Confesso que não tem sido fácil. O bombadeio de contra-informações é pesado. É impressionante o número de mães, com boa condição de vida, que eu imaginava melhor informadas, que insiste em complementar a alimentação do bebê com esse ou aquele tipo de leite. Tenho sido firme, falando na hora que ele só vai ter o leite materno como alimento, até bem mais tarde.
Muitas vezes dói o seio, sobremodo no começo da amamentação, mas, ver meu filho se desenvolvendo saudável, sem sentir uma dorzinha de barriga, compensa todo o sacrifício da mãe. Tenho certeza que com isso evitarei muitas visitas a médicos e a farmácias, além de incontáveis sustos.
O leite humano é muito diferente do leite adaptado (leite em pó). O leite materno contém todas as proteínas, açúcar, gordura, vitaminas e água que o seu bebê necessita para ser saudável. Além disso, contém determinados elementos que o leite em pó não consegue incorporar, tais como anticorpos e glóbulos brancos. É por isso que o leite materno protege o bebê de certas doenças e infecções.
O aleitamento materno protege as crianças de otites, alergias, vómitos, diarréia, pneumonias, bronquiolites e meningites Outras vantagens do leite materno para o bebâ são a melhora no desenvolvimento mental do bebé; O leite materno é mais facilmente digerido.
Amamentar promove o estabelecimento de uma ligação emocional, muito forte e precoce, entre a mãe e a criança, designada tecnicamente por vínculo afetivo.Atualmente, sabe-se que um vínculo afetivo sólido facilita o desenvolvimento da criança e o seu relacionamento com as outras pessoas. O ato de mamar ao peito melhora a formação da boca e o alinhamento dos dentes.
Amamentar tem vantagens também para a mãe. A mãe que amamenta sente-se mais segura e menos ansiosa; amamentar faz queimar calorias e por isso ajuda a mulher a voltar, mais depressa, ao peso que tinha antes de engravidar; ajuda o útero a regressar ao seu tamanho normal mais rapidamente; a perda de sangue depois do parto acaba mais cedo; a amamentação protege do cancro da mama que surge antes da menopausa, protege do cancro do ovário, protege da osteoporose; a amamentação exclusiva protege da anemia (deficiência de ferro). As mulheres que amamentam demoram mais tempo para ter menstruações, por isso as suas reservas de ferro não diminuem com a hemorragia mensal;
Amamentar também é vantajoso para a família. A amamentação é mais econômica para a família. Basta multiplicar o preço de uma lata de leite em pó, pelo número de latas necessárias ao longo da vida da criança, e somar ainda o dinheiro gasto em mamadeiras.
O leite adaptado (leite em pó) é muito diferente do leite materno e a sua utilização tem riscos para o bebê. Os leites artificiais usados habitualmente, são feitos a partir de leite de vaca. Por essa razão, o uso de leite artificial aumenta o risco de alergia ao leite de vaca. As crianças alimentadas com leite artificial têm maior risco de desenvolver linfomas, As crianças que são alimentadas com leite em pó têm maior risco de vir a sofrer de Diabetes tipo I (insulino-dependente).
As crianças que são alimentadas com leite artificial têm maior risco de sofrer obesidade na vida adulta, têm maior risco de desenvolver eczema, asma e outras manifestações de doença alérgica. A UNICEF calcula que um milhão e meio de crianças morrem por ano por falta de aleitamento materno. E não se pense que é só nos países do terceiro mundo. Mesmo nos países industrializados muitas mortes se poderiam evitar com o aleitamento materno. Portanto, você que foi mãe há poucos dias ou vai ser em breve, aprenda a lição que eu aprendi; dê o mais precioso dos alimentos para o seu filhinho, que é o leite materno, o seu leite. A vida, sua vida, a vida do seu filho agradecem agora.

Marilene Silva Parente

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