segunda-feira, abril 28, 2008

Respeito por nossa profissão

Artigo pública na edição do Jornal do Comércio que está circulando desde hoje à tarde

Ando preocupado com os rumos que podem tomar as desavenças públicas alimentadas por colegas que trabalham em alguns veículos de comunicação. Todos os que vivem em Itaituba sabem quais são esses profissionais e quais os veículos, sendo desnecessário desgastar ainda mais suas imagens publicamente.
Em muitos momentos, os mais elementares princípios do bom jornalismo são atropelados sem nenhuma cerimônia, com o objetivo claro de ridicularizar o outro lado, não importando as conseqüências disso.
A disputa eleitoral antecipada chegou a algumas empresas de comunicação com a força de um tornado, tentando varrer do mapa a concorrência - no caso, sobretudo a da política - de um lado, ou de outro. Interesses políticos têm sido colocados acima do dever de bem informar a população.
Eu sou do tempo em que, aos sábados, no final do expediente, colegas de diferentes emissoras e jornais se encontravam para jogar conversa fora. A gente se reunia para comentar as gafes cometidas durante a semana e dar boas gargalhadas ao relembrá-las. Não podia entrar nenhum tipo de conversa que pudesse resultar em discussão acalorada. Isso acontecia todo sábado, em Santarém.
Como os tempos mudaram para pior em alguns aspectos! Hoje, vejo que alguns colegas não conseguem se juntar, nem mesmo quando estão cobrindo o mesmo evento, em virtude dessas desinteligências.
Fico muito à vontade para falar deste assunto, pois fui coordenador de campanhas políticas, de 1986, quando estive à frente da campanha do amigo Oti Santos, que se elegeu deputado estadual naquele ano, até 2002, ano da morte de Wirland Freire, quando participei de minha última campanha, acompanhando o amigo Wilmar Freire. Fui secretário de governo por todo o primeiro mandato de Wirland, e não precisei indispor-me com ninguém. O poder nunca me subiu à cabeça.
Durante todo esse tempo eu jamais abandonei minha profissão e não foi preciso brigar com colegas de ofício para fazer o meu trabalho. Saí da atividade política do mesmo jeito que entrei, falando com as mesmas pessoas, conquanto tive sempre em mente que aquilo, por mais que durasse, seria passageiro.
Sei muito bem que nesse imbróglio tem gente fazendo o que o patrão manda. Sei que todos precisam ganhar o pão de cada dia. Contudo, é possível fazer isso mantendo a dignidade, o respeito pela profissão, pelos colegas e principalmente por quem lê, ouve ou assiste o que se veicula. O respeito pelos colegas que trabalham em outros veículos inclui não mandar mensagens subliminares ou perceptíveis.
Faltam pouco mais de cinco meses para a eleição municipal. Até lá, se não for colocado um freio nessa verborragia, vai-se ouvir muita coisa pesada e muita ofensa pessoal ou coletiva. Por isso, peço aos meus caros colegas que militam na Imprensa, que nos respeitemos uns aos outros, para o nosso próprio bem, em nome da prática de um jornalismo responsável e tendo em mente os que consomem o produto do nosso trabalho. Cansei de a tudo ver como se nada tivesse com isso. E preocupa-me os rumos que essa dissensão pode tomar.
Não nos esqueçamos que, passado algum tempo depois da eleição, os adversários de hoje poderão estar juntos, subindo no mesmo palanque, enquanto nós, da Imprensa, teremos que continuar nosso trabalho, de preferência, de cabeça erguida, olhando para frente. Mas, isso só poderá acontecer se respeitarmos nossa profissão.

Jota Parente

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