segunda-feira, abril 28, 2008

Eliel: API não vai estar atrelada a nenhum candidato

A Associação dos Profissionais da Imprensa promoveu uma votação entre os seus associados, dia 11 passado, através da qual foi escolhido o nome de um pré-candidato a vereador, que passou a ser considerado como aquele que vai representar a classe na eleição de outubro. Esse fato, independente do nome definido, não agradou a alguns membros da API, que entendem que isso desgasta a entidade. O Jornal do Comércio procurou o jornalista Eliel Sodré, presidente, o qual falou a respeito desse polêmico assunto.

JC – O que motivou a diretoria da API a tomar a decisão de fazer essa votação?

Eliel – A gente foi procurado pelo associado R. Lopes, que é candidato a candidato a vereador. Ele pediu o apoio da entidade para sua campanha, direcionando esse apoio a ele. Foi dito a ele que não seria dessa forma que a gente agiria, lembrando do que aconteceu na eleição passada, quando a Imprensa teve quatro candidatos – Rozza Paranatinga, Jean Galego, Pedro Filho e o Próprio R. Lopes – e o resultado não foi bom. Então, eu disse que a gente iria realizar uma reunião de assembléia geral para definir apenas um nome. Levamos essa proposta para a assembléia geral, perguntando se a mesma aprovava esse tipo de discussão, proposta que foi avalizada por todos. Perguntamos quais os nomes que se apresentavam. Apareceram os nomes de R. Lopes, Cláudio Moura e o Dr. Diniz, pois ele também é sócio da API. R. Lopes tirou a maioria dos votos. Entendemos que dessa forma a gente teria chance de eleger alguém para defender os nossos interesses enquanto associação.

JC – Mas, o simples fato da entidade ter um candidato não faz com que ela perca isenção em relação ao processo eleitoral e sofra desgaste por causa disso?

Eliel - Olhando por esse lado eu acredito que sim. Porém, tivemos o cuidado de fazer essa votação para evitar um desgaste ainda maior, que poderia acontecer, caso um pretenso candidato filiado à API saísse por aí, durante a campanha, dizendo que não tinha o apoio da entidade que deveria representá-lo.

JC – Os três nomes que disputaram a preferência
dos associados serão candidatos, fato que compromete o sentido dessa escolha. Além do mais, que autoridade terá a API para cobrar coerência de outros concorrentes, se ela terá seu próprio candidato?

Eliel – O que foi colocado para os três candidatos, com toda clareza, é que a API não vai fazer campanha aberta para nenhum deles. Nem mesmo para o que foi escolhido. Eu entendo que a entidade se desgastaria mais, internamente, se não realizasse essa votação. Mas, que não paire nenhuma dúvida sobre a nossa posição de total isenção no processo eleitoral, no que diz respeito a apoio a esse ou aquele candidato, enquanto entidade.

JC – Está sendo complicado conduzir a API neste momento de pré-campanha?

Eliel – Está sendo muito difícil, porque a gente é muito cobrado, até por atribuições que não são nossas. Aqui em Itaituba, a maioria trabalha para empresas de comunicação ligadas a dois grupos políticos. Essa é a nossa realidade. Não adianta as pessoas dizerem que as empresas onde trabalham não fazem parte de grupos políticos, porque fazem sim. Ou você trabalha na ala que defende a administração municipal, ou trabalha na ala da oposição ao governo. A TV Itaituba e a Rede TV trabalham direcionadas em favor do governo municipal, tanto o setor comercial, quanto o jornalismo. Não fosse assim, não estaria no ar toda essa polêmica. Por outro lado, temos a Rádio Itaituba, a TV Tapajoara, a TV Eldorado e a TV Liberal, que fazem parte da ala da oposição ao governo. Já ouvi colegas que trabalham em algumas dessas emissoras dizerem que não estão a serviço de nenhum grupo político, mas estão sim.

JC – Quem sobra nesse bolo?

Eliel - Sobram poucos veículos. O Jornal do Comércio, a Rádio Clube e a Alternativa FM, nos quais a gente sente que existe imparcialidade. No caso do Jornal do Comércio, não posso deixar de registrar a forma correta com que esse periódico age, procurando sempre ouvir os dois lados de cada questão, de acordo como deve ser feito por quem deseja praticar o bom jornalismo. Assuntos publicados no Jornal do Comércio têm pautado discussões na Câmara Municipal, o que comprova o que digo.

JC – Já chegaram a pedir o seu afastamento da presidência da API, por fazer parte de um desses grupos de comunicação?

Eliel – Não, nunca chegaram, mesmo porque eu sempre tive muito cuidado na condução da entidade, desde quando a gente a reativou em 1995, procurando não misturar as coisas. Enquanto presidente da API eu sempre ressaltei aos associados, que nós precisamos separar as coisas, pois os políticos passam, mas, a entidade permanece.

JC – Na condição de presidente da API você assegura que a entidade não será usada como trampolim político por nenhum candidato, incluindo seus membros, mesmo que façam parte do grupo político ao qual você é ligado?

Eliel – Não, não será usada. Isso eu asseguro, porque assumimos essa responsabilidade. A API não vai ser usada em manobras políticas, nem por candidatos a vereador, nem por candidatos majoritários. Já tentaram usar o meu nome em relação a um pré-candidato a prefeito, o senhor Valmir Climaco, pelo fato de eu trabalhar em uma empresa de comunicação de sua propriedade. Eu trabalho na empresa dele, mas, ele não comanda a API, que é comandada por mim como presidente e pelos demais dirigentes, tendo acima de nós os nossos associados através da assembléia geral. Eu reafirmo que a entidade API não vai servir de escada para nenhum político, seja ele quem for. Digo isso não apenas como presidente, mas, também como membro da mesma, pois como associado, mesmo que não tivesse nenhum cargo na entidade, jamais permitiria que isso acontecesse.

JC – Como a API encara o comportamento desprovido de imparcialidade, de alguns profissionais da Imprensa e de certos veículos de comunicação?

Eliel – Essa questão delicada que está acontecendo na Imprensa de Itaituba, onde alguns telejornais acabam direcionando suas pautas para matérias envolvendo os nomes de determinados empresários, pré-candidatos a prefeito ou a vereador, levando para o lado pessoal a gente trata com muito cuidado, para não envolver a API em questões pessoais. É aquilo que eu falei. Há empresas que defendem o governo municipal e outras que lhe fazem oposição.

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