sexta-feira, junho 01, 2007

O Engenheiro Roberto

Fonte: blog 5ª Emenda
Roberto é um jovem de pouco mais de 20 anos.Santareno, vive a mais de mil kms de casa, em Marabá, onde é aluno da primeira turma de Engenharia de Minas, no campus da UFPA inaugurado por Lula em fevereiro de 2006.

Infra de primeiro mundo, o curso do Roberto, construído com ajuda da CVRD. Professores doutores, laboratórios moderníssimos, ambiente acadêmico.

Mas Roberto sobrevive em condições duríssimas, dando aulas no primeiro grau da rede pública municipal, a R$ 4,20 a hora/aula. "Já dei aula até de geografia", disse-me encabulado, como se tivesse cometido uma infração.

Mora num kit net com mais cinco colegas - de diferentes cidades dos quatro cantos do Pará - que comemoram quando a mãe de um deles passa uma temporada por lá, sinônimo de roupa passada e comida decente.Nas primeiras férias, saudoso de casa, encarou a Transamazônica na última viagem da temporada: o inverno havia começado e a estrada seria interrompida.

Não deu outra: foram cinco dias de viagem. O busão quebrou duas vêzes, e Roberto, sem grana para mais de dois dias, pediu comida nas casas simples da beira da estrada. Semestre seguinte a saudade apertou de nôvo e Roberto, escaldado, resolveu encarar uma carona nos caminhões da PA-150 até Nova Déli.

Três etapas, com escalas em Goianésia e Tailândia, para troca de caminhão. Desembarcou na capital com R$ 10,00 no bolso e foi direto prá Estrada Nova, atrás de um barco para Santarém. Encontrou o Nélio Correa, dos maiores, e pediu carona.Ganhou, em troca de um dia e meio de trabalho, em cima de uma bóia, lavando o casco do navio. E tres dias de esfregão no convés de passageiros até chegar em casa.

Agora em julho Roberto quer repetir a dose, prá poder cheirar o suvaco das lindas santarenas e beijar a mãe, no bairro da Prainha, reduto dos arigós, como êle.

Ficou de passar cá em casa, antes de pegar o navio.Vai encher a pança de comida e levar um farnel prá subir o Amazonas.Vai levar, também, a admiração deste poster.

Roberto daqui mais tres ou quatro anos vai ganhar uma grana, muito bem empregado.

Enquanto isso come o pão que o diabo amassou porque a família é dura e nenhuma entidade - tipo essas que tem grana para remunerar consultorias caríssimas - tem grana para ajudar os estudos do rapaz.Há interesses maiores.Inda bem que o Roberto é maior que eles.
Pisa aí, garôto!
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Meu comentário: Éh, meu amigo Juvêncio. E o presidente Lula vai estar em Belém, no começo de julho, para assinar o decreto de criação de uma universidade federal no Pará. Será no Oeste ou no Sul, porque o governo decidiu que só tem condições de criar uma ou outra.

Confesso que se a decisão for pela Universidade do Oeste, ficarei alegre, sim, pelos meus conterrâneo e pelos demais brasileiros que vivem nesta banda do Estado. Contudo, ficarei triste pelos irmãos do Sul. Espero que a recíproca seja verdadeira, caso a decisão do governo seja outra.

Enquanto isso, os Robertos da vida continuarão a passar por sacrifícios como esse que você descreveu com tanta propriedade
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O amigo Juvêncio deixou a seguinte informação sobre o meu comentário a respeito do local da nova unviersadade federal que será instalada no Estado do Pará. Sempre muito bem informado, ela dá a notícia que todos queremos ouvir.

Olá, meu caro Parente.
Será no Oeste do pará, fechadaço! Vai começar com pelo menos 400 doutores, no máximo 500.

Já sairá com o naipe completo das Biologias, e com quase todas as engenharias.

Tem muito futuro a UFOP. Se puder, vou trabalhar na nova universidade.-----

A propósito do post, Roberto, por um ano, trabalhou em Itaituba.

Grande abraço.

Um comentário:

  1. Olá,meu caro Parente.
    Será no Oeste do pará, fechadaço!
    Vai começar com pelo menos 400 doutores, no máximo 500.
    Já sairá com o naipe completo das Biologias, e com quase todas as engenharias.Tem muito futuro a UFOP.
    Se puder, vou trabalhar na nova universidade.

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    A propósito do post, Roberto, por um ano, trabalhou em Itaituba.
    Grande abraço.

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