Podia-se até não concordar com algumas posições de Eloy, mas, ninguém pode negar o seu talento e deixar de reconhecer que era dono de uma voz invejável. Ele vai deixar muitas saudades. Eloy Santos foi um homem de Rádio, embora tenha passado, também, pela televisão.
Jota Parente
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Radialista marcou época em Belém como seus bordões e estilo polêmicos
O Liberal
'Perdemos uma das referências históricas do rádio paraense. Um homem que marcou a sua época, com um jeito muito pessoal de fazer rádio, sempre polêmico e firme nas suas colocações, e que o consagraram como o Rei do Rádio', escreveu o diretor do Sistema Liberal de Rádio, Hilbert Nascimento, sobre a morte do radialista e ex-vereador de Belém, Eloy Santos, ontem pela manhã, atropelado por uma motocicleta na avenida Alcindo Cacela, próximo à rua Fernando Guilhon, na Cremação. Inconsciente, o radialista ainda foi levado ao hospital Adventista de Belém, mas não resistiu.
O acidente aconteceu por volta das 11h30. O radialista saiu de uma loja de auto-peças e atravessou a Alcindo Cacela, na frente de um carro e foi atingido pela moto conduzida por Jorge Costa e Silva. 'Quando vi, já estava em cima', contou o motoqueiro, visivelmente transtornado. Ele disse que estava a 40 quilômetros por hora, no momento do choque. Ambos foram arremessados ao chão. O motoqueiro teve algumas escoriações, enquanto Eloy Santos ficou estendido no chão e rapidamente começou a sangrar pela boca e nariz. Outro motociclista, de um serviço de coleta laboratorial, tentou ajudar a vítima. Quinze 15 minutos depois. Eloy foi levado desacordado, de ambulância, para o hospital.
O escriturário Carlos Alberto Araújo dirigia o carro atrás da moto que atropelou o radialista e precisou desviar para não atingir a vítima pela segunda vez. 'O rapaz da moto vinha devagar. Ele (vítima) atravessou olhando pro outro lado', contou.
A morte de Eloy Santos é mais um golpe na chamada era de ouro do rádio paraense, dos grandes comunicadores do porte de Paulo Ronaldo, Jamie Bastos, Grimoaldo Soares, considerados grande comunicadores. Eloy começou no rádio na década de 50, no serviço de auto-falante de ruas da Rauland, que ainda não tinha o formato de rádio. A partir da década de 60, já na Rádio Clube, alcançou seu primeiro grande sucesso no programa Calendário Social, no qual listava e parabenizava os aniversariantes do dia. A partir da primeira experiência, Eloy protagonizou cerca de 20 anos de sucesso e supremacia absoluta nas rádios paraenses de maior audiência, como a Marajoara e a Liberal, onde se aposentou há cinco anos.
BORDÕES
O estilo polêmico será a maior lembrança deixada por Eloy, assim como os bordões ainda hoje recitados por centenas de ouvintes, entre eles o famosíssimo 'Desejo aos meus inimigos vida longa para que possam assistir de pé a minha vitória'. 'Eu acho que ninguém nunca teve coragem de dizer que seria ‘em pé’', observa o companheiro de Rádio Liberal por 15 anos, o radialista Santino Soares, que comanda o programa 'Bom Dia Cidadão' na Liberal AM. Santino guarda lembranças da personalidade forte, do estilo desafiador de Eloy. Lembra do episódio em que Eloy se retirou durante um debate ao vivo com o então candidato à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva, porque não concordou com as regras. 'Ninguém conseguia controlar a língua dele'.
'Apesar do jeito durão, ele sabia ser doce'
Eloy é lembrado também pelo companheirismo com que tratava sua equipe - não foram poucas vezes em que começou seus programas com a frase 'Está no ar a equipe número um do rádio paraense' e citava o nome de dois de seus mais fiéis operadores de áudio, Samuel do Vale, Samuca, e Benevides Ramos, o Bené. 'Ele era muito brincalhão. Apesar da aparente pose, era muito acessível, sobretudo aos mais humildes', lembra Santino.
Companheiro de um dos poucos momentos em que Eloy dividiu a paixão pelo rádio com outro veículo na mídia, José Paulo Vieira da Costa, o Zé Paulo, lembra do sucesso do Programa do Eloy, transmitido pela TV Guajará. O programa era um exemplar local do estilo de Flávio Cavalcanti e outros grandes comunicadores da época. 'Foram dois anos de muita audiência', disse Zé Paulo, que hoje se dedica à produção de comerciais de TV. Para o amigo, a morte de Eloy cala uma época. 'Ele fez do rádio um sacerdócio. Era muito imitado. Talvez tenha se encerrado um ciclo', avalia Zé Paulo.
EMOÇÃO
O corpo de Eloy Santos chegou à Câmara de Belém às 20 horas de ontem e foi velado durante toda a madrugada. No local, amigos e parentes do radialista, além de vereadores e ex. Uma das mais emocionadas era a ex-secretária do radialista, a atriz e folclorista Iracema Oliveira. Com 53 anos de rádio, ela conviveu com Eloy por quase 50 anos. A amizade, cultivada ao longo do tempo, continuou mesmo após a aposentadoria do ex-vereador, tanto que os filhos de Eloy a chamam, carinhosamente, de tia.
Iracema conta que conheceu Eloy no final da década de 50, quando ele ainda estava na rádio Marajoara. Ela acompanhou o radialista por todas as emissoras onde ele atuou, como a Rádio Clube e a Liberal. Iracema lembra, já com saudades, dos dois programas que Eloy apresentou nessas emissoras: 'Eloy Santos Show' e 'A hora e a vez do boêmio'. 'Enquanto no show ele era aquele cara polêmico, que brigava contra o que achava errado, não levava desaforo para casa, no segundo ele era uma suavidade só. Ou seja, Eloy, apesar do jeito de durão, também sabia ser doce quando necessário', explica.
Para a radialista, Eloy deixa uma lacuna difícil de ser preenchida no rádio paraense. 'Hoje em dia é muito difícil aparecer alguém com a voz e a personalidade do Eloy. Acho que ele realmente encerra uma era', acredita.
A opinião é compartilhada pelo presidente do Sindicato dos Radialistas do Pará, Luiz Cunha, que disse ter ido ao velório para despedir-se daquele que, na sua opinião, foi um pioneiro em muitos sentidos. 'Esse estilo falastrão, de se dizer o que pensa, amado por uns e odiado por outros, apesar de fazer muito sucesso hoje em dia, foi inaugurado no rádio paraense pelo Eloy. Ele vem de uma escola que, hoje em dia, não existe mais', conta, lembrando que o radialista também foi dirigente do sindicato, no início da década de 90.
CONHECI O ELOI SANTOS FOI UM GRANDE AMIGO SEMPRE IA NA CIDADE NOVA E PASSAVA FINS DE SENANA NO MEU BAR RESTAURANTE KENTURA BAR . SAUDADES DO AMIGO ROBERTO. NATAL RN
ResponderExcluirTive o prazer e a honra de conhecer pessoalmente Eloy Santos. Eu me lembro bem, era polêmico mesmo. Começava o seu programa na rádio Liberal com a frase: "está começando a aula de comunicação do rádio paraense".
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