
No dia 21 de junho de 2005 o senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA) fez um discurso no Senado, cujas palavras soam como se fosse hoje. Ele fez apelo ao governo por uma solução para a crise do setor madeireiro no Pará, que, segundo empresários, já era naquele momento a maior nos últimos dez anos. O senador responsabilizou a morosidade dos órgãos do governo que regulamentam a atividade pela situação atual.
O parlamentar afirmou que a participação do Brasil no mercado mundial de produtos florestais ainda é muito pequena (de 3% a 4%), considerando que tem a maior floresta tropical do mundo.–Não quero dizer que isso deva ser feito de forma predatória, sem levar em conta os estoques para as gerações futuras – observou.
Esta semana o Jornal do Comércio procurou o empresário Magno Gomes, da HM Madeiras para falar como andam as coisas em Itaituba, e podemos adiantar que não andam bem. As empresas não têm como exportar porque não conseguem autorização para isso. Sem exportar a crise continua porque os grandes compradores são os mercados externos.
"A situação, hoje, é crítica. O setor está sofrendo muito com essa mudança de competência do governo federal para o governo do Estado, ou seja: do Ibama para a Sectam, aliado à burocracia, que tem deixando a gente numa situação indefinida. Nunca se tem uma posição real do que vai acontecer. O governo cria muitas situações com a promessa de resolver o problema, mas, nada sai do papel para a prática. O setor continua em crise e isso prejudica todo o comércio da região", disse Magno.
Segundo ele, a situação atual é muito crítica, porque o madeireiro é tratado pelo governo apenas como um devastador da região e isso não condiz com a realidade. A atividade madeireira gera milhares de empregos e tem uma grande influência na questão social. Uma serraria de pequeno porte emprega cerca de vinte pessoas, fora o serviço terceirizado. Parando tudo, vai aumentar muito o desemprego. Milhares já foram demitidos desde que começou a crise.
Perguntado sobre como estão sobrevivendo empresas como a sua sem a possibilidade de exportar, Magno respondeu: "Vive-se de uma esperança que está se acabando, porque o custo operacional de uma empresa como essa é muito alto. O que acontece é que acumulam-se as dívidas e vai chegar num ponto em que não vai dar mais para ir em frente e o jeito será vender os equipamentos e mudar de ramo, pois já está inviável trabalhar com madeira".
Perguntado sobre como estão sobrevivendo empresas como a sua sem a possibilidade de exportar, Magno respondeu: "Vive-se de uma esperança que está se acabando, porque o custo operacional de uma empresa como essa é muito alto. O que acontece é que acumulam-se as dívidas e vai chegar num ponto em que não vai dar mais para ir em frente e o jeito será vender os equipamentos e mudar de ramo, pois já está inviável trabalhar com madeira".
O empresário informou que uma empresa de nome Madelâminas, que trabalha com madeira tratada, que está há quatro meses com suas atividades emperradas por causa da burocracia. Ela tem madeira pronta para exportar no valor de aproximadamente R$ 600.000,00. Isso é dinheiro que deixa de circular no comércio local. Só a folha de pagamento da Madelâminas chega aos R$ 40.000,00
Magno disse que, das empresas que restaram, pouquíssimas estão trabalhando. "Na realidade, nesse trecho de Itaituba, Trairão, Caracol, Moraes Almeida e Novo Progresso está todo mundo parando, pois o custo operacional de uma serraria é muito elevado. Se o governo não agir, a gente vai ter muitos problemas nesta região".
O governo generalizou. Considerou todos os madeireiros como destruidores da floresta. Se tivesse mais compromisso com quem vive na Amazônia teria agido mais como elemento regulador, deixando quem é sério trabalhar e retirando quem só quer depredar. Mas, não. Atendendo a interesses e a pressões externas, impede o setor de funcionar. E que ninguém se iluda achando que o problema vai ser resolvido já, já, porque as pressões só fazem aumentar.
Quando ainda era senadora, a governadora Ana Júlia foi quase uma exceção entre os parlamentares paraenses. Ela encaminhou os pleitos dos madeireiros ao Ministério do Meio Ambiente, acompanhou-os em diversas reuniões. Agora, no governo do Estado tem mais peso político para conseguir algum avanço. Ela disse que seu governo quer ver essa atividade funcionando, com respeito ao meio ambiente.
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