Os efeitos da utilização do mercúrio em garimpos do alto rio Tapajós, em Itaituba, no oeste do Pará, estão sendo alvo de um estudo feito em parceria pela Universidade de Quebec (Canadá), Universidade de São Paulo (USP) e Escola de Trabalho de Produção do município.
O objetivo desse trabalho é descobrir quais foram as conseqüências da contaminação em humanos nos últimos 10 anos. As comunidades escolhidas pelos pesquisadores foram aquelas onde os moradores já haviam sido estudados anteriormente, entre elas as de Brasília Legal, Barreira e São Luiz do Tapajós."Foi constatada a presença de mercúrio no organismo desses ribeirinhos. Alguns apresentam níveis elevados de contaminação", explica o toxicologista da USP, Fernando Barbosa.
Nessa nova fase da pesquisa serão feitas coletas de sangue e de fios de cabelo, que serão levadas para o laboratório da Universidade de São Paulo, no campus de Riberão Preto."Queremos saber quais foram os efeitos clínicos do mercúrio e a influência da alimentação dos moradores para o controle das doenças. Já sabemos que os peixes herbívoros são mais resistentes à contaminação. Também identificamos que várias frutas da região são anti-oxidantes e ajudam no combate aos males causados pelo mercúrio", esclarece Fernando.Apoio da ETPPA base da equipe formada por médicos, biólogos, engenheiros ambientais, bioquímicos e toxicologistas foi montada dentro da Escola de Trabalho e Produção de Itaituba.
Mais de 100 ribeirinhos já foram atendidos com consultas médicas, exames oftalmológicos e também de rotina, como sangue e urina. Ainda estão sendo coletadas amostras de fios de cabelo.Os pesquisadores contam com o apoio de alunos da própria ETPP, que foram selecionados para trabalhar no projeto.
A fase de levantamento de dados e coleta de material deve encerrar no final deste mês. Segundo a bióloga canadense Melanie Lenire, a contaminação do mercúrio no organismo humano causa alterações no sistema nervoso, problemas locomotores e principalmente doenças cardiovasculares.Peixes não"Com esse estudo pretendemos encontrar meios de diminuir a incidência dessas doenças nos ribeirinhos que foram expostos à contaminação", diz.
Ainda segundo a bióloga, os moradores que foram atendidos na ETPP de Itaituba já estão sendo orientados a consumir peixes herbívotos, como aracu, jaraqui, branquinha, pacu, tambaqui, cará, curimatá e mapará."Essas espécies oferecem menos risco à saúde dos moradores. Também estamos incentivando o consumo de frutas cítricas da região", conclui a bióloga.
Além de fazer o atendimento médico e laboratorial, os pesquisadores canadenses também estão ministrando cursos de Educação Ambiental para professores da rede municipal de Itaituba e da própria Escola de Trabalho e Produção."Eles estão sendo qualificados para orientar melhor a comunidade sobre os problemas causados pela contaminação do mercúrio", explica Adelson Souza, diretor da ETPP de Itaituba.
O resultado do estudo que está sendo feito com os ribeirinhos deverá ser divulgado ainda este ano. "Vamos voltar nas comunidades e fazer palestras explicando as conclusões da pesquisa. Também vamos encaminhar as sugestões e orientações para a Secretaria de Saúde do município", explica o toxicologista da USP, Fernando Barbosa.
Fonte: Governo do Pará
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