segunda-feira, novembro 23, 2020

Vereador Diego Mota: "Posso dizer, com certeza, que houve compra de votos nessa eleição"

Na última sessão antes da eleição de 15 de novembro, a reportagem do Jornal do Comércio conversou informalmente com o vereador Diego Mota sobre sua avaliação quanto às possibilidades de se reeleger. Ele disse que estava tranquilo, porque considerava que tinha feito bem o seu trabalho. Logo depois do pleito voltamos a conversar sobre o resultado das urnas.

JC – O senhor foi surpreendido pelo resultado da apuração?

Ver. Diego Mota – De certa forma, sim, mas, são apenas 15 vagas. Tivemos quase 190 candidatos na eleição para vereador, que é um grande vestibular. Apesar de que a gente tem teve algumas decepções naturais do processo, que eu comentei aqui na tribuna da Câmara. Mas eu creio que a população de seu recado, trocando quase a metade dos vereadores, fazendo uma renovação grande na Casa de Leis.

Espero que eles correspondam às expectativas da sociedade; não adianta ficar procurando culpados. Nessa altura não resolve nada. Assumo inteira responsabilidade pelo meu resultado. Foram 727 votos. O que me deixa confortável é falar que eu não comprei voto e nem fiz boca de urna.

          Dentro daquilo que nós plantamos, que no caso foi o nosso trabalho, nos leva a crer que a gente fez um trabalho decente, responsável. Conforta o fato de que as pessoas, mesmo quem não votou em mim, não me chamam de um vereador incompetente, irresponsável, que não produziu.

JC – Diante do resultado, o senhor continua na política?

Ver. Diego Mota – Olha, nós estamos refletindo. Passei esses dois dias pensando bastante, mas isso vai depender também do que vai acontecer daqui pra frente, de como o nosso prefeito vai montar sua equipe para o próximo governo.

A pedido dele, nós disputamos a eleição, todos os vereadores no MDB. Sabíamos, estávamos conscientes de que só a metade dos vereadores conseguiria se reeleger. Então vamos esperar que ele possa refletir, montar o governo dele. A minha intenção é ajudar, dar a nossa colaboração.

JC - Você já foi chamado para conversar com prefeito?

Ver. Diego Mota - Eu não fui chamado ainda. Não fui lá, mas os colegas estão me informando que estão mantendo contatos para tentar alinhar com ele para que todos fiquem agrupados na gestão. Inclusive, já tomei conhecimento de que três colegas vereadores que estão retornando para a Casa, vão assumir secretarias.

Isso é bacana da parte do prefeito, porque demonstra que realmente ele vai honrar o compromisso que fez antes da eleição, que foi não deixar os seus companheiros a ver navios. Afinal de contas, nós ajudamos a produzir os votos lá na ponta.

Muitos projetos meus que o prefeito Valmir Clímaco concretizou, como o Mercado Municipal, a Rodoviária, a duplicação da Transamazônica,

Maternidade, Emergência do Hospital Municipal e Ramal do Jacarezinho. Por tudo isso foi que me surpreendeu a análise do eleitor sobre o nosso trabalho.

Eu fui o vereador mais atacado. Isso aí é inegável. Não foi só pelos adversários, não. Fui muito perseguido, até mesmo dentro do nosso grupo político. Tivemos uma deficiência que foi no bairro Vitória Régia, que foi onde nós tivemos o alinhamento com companheiro, Maranhão. Não foi possível fazer um trabalho a tempo, e a demora gerou uma grande antipatia onde era uma base eleitoral minha, e os adversários passaram a usar isso também em outros bairros da cidade.

O outro fator foi a compra de votos. Essa eu não tenho dúvida, e posso dizer com certeza que houve, porque tenho provas disso. De que foi a eleição que mais se derramou dinheiro, porque mesmo que político não quisesse comprar o voto, o eleitor estava disposto a vender.

Eu tenho aqui, mais de 100 contatos de pessoas que me ligaram querendo vender 10, 15, 25 votos. Então se a gente praticasse esse método de campanha, o resultado seria diferente, mas como eu não faço isso por confiar no trabalho, não cheguei. Isso me decepcionou bastante. Vieram aqui, até pessoas que eram ligadas a mim, querendo vender o seu voto. Não estavam votando pelo trabalho.

Jota Parente

O Recado Direto do General Pujol

O general Edson Leal Pujol, comandante do Exército, rompeu o silêncio que lhe é peculiar em fala ocorrida nesta última quinta-feira, numa live da qual participou no Instituto para Reforma das Relações entre Estado e Empresa.

O general disse, com todas as letras: “não queremos fazer parte da política governamental ou política do Congresso Nacional e muito menos que a política entre em nossos quartéis.”

A fala de Pujol pode ser interpretada – com razoável nitidez – como a demarcação de uma linha que impõe limites em favor do Exército, que institucionalmente deve ficar sempre a salvo das deletérias influências políticas.

O governo do presidente Bolsonaro já se descortina como um fracasso retumbante em diversas frentes, e as Forças Armadas, que cederam centenas de quadros para integrar importantes posições governamentais, já pressentem que podem acabar com a imagem arranhada, ao serem identificadas demais com o “capitão” e suas patuscadas.

Mas a melhor intervenção de Pujol foi, sem dúvida, a de hoje, quando, em outra declaração disse que o Exército “não muda sua maneira de pensar de quatro em quatro anos”, com a entrada do governante da vez.

O comandante do Exército passou uma mensagem que pode – e deve – ser perfeitamente absorvida por outras instituições do estado brasileiro, como a Receita Federal, a Abin e, principalmente, a Polícia Federal.

Nos últimos anos observamos a Polícia Federal atuar de forma incansável na realização de operações repressivas que atingiram empresários corruptores e políticos corrompidos.

É o enfrentamento histórico e transformador que deu origem a operações como a Lava Jato, a Greenfield, a Pathmos, a Calicute e a Zelotes.

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Muitas dessas ações foram originadas em inquéritos policiais conduzidos por delegados federais que atuavam diante de ministros dos tribunais superiores (tanto o STF como o STJ) por conta do foro privilegiado dos seus alvos.

É desse mote que a Polícia Federal não pode se afastar, em hipótese alguma. E, além de não se afastar, tem que aperfeiçoar e fortalecer sua plataforma de atuação e, principalmente, o relacionamento institucional com esses tribunais e seus ministros, para seguir atingindo o crime institucionalizado, o mais alto extrato da delinquência no país.

Com a saída do ministro Sergio Moro do Ministério da Justiça e Segurança Pública, temos observado que, coincidentemente, a Polícia Federal vem, com admirável sucesso, realizando sequencialmente operações de combate ao crime organizado, mais especificamente às facções criminosas que se dedicam ao tráfico de drogas e de armas.

Importa, no momento em que reconhecemos e louvamos essas ações de enfrentamento ao tráfico, lembrar que os esforços que deram azo às operações de combate à grande corrupção não podem arrefecer.

Tanto quanto ser um órgão de Estado, temos que parecer um órgão de Estado. Essa aparente mudança de eixo, nas nossas operações repressivas, não pode confundir a sociedade.

Como bem disse o general Pujol, em defesa do seu centenário Exército de Caxias, não podemos mudar nossa atuação por conta do inquilino da vez do Planalto.

 ideia serve principalmente para a Polícia Federal, que guarda, com o Ministério Público Federal, a responsabilidade de enfrentar a impunidade crônica do nosso sistema, uma missão instrumental para os anseios de transformação e desenvolvimento da nossa sociedade.

Esperamos seguir assistindo, sem nenhum esmorecimento, a sequência das grandes operações contra a delinquência institucionalizada, que fizeram da Polícia Federal a instituição mais respeitada do país, doa a quem doer.

Fonte: Veja