quinta-feira, julho 16, 2015

SICREDI inaugura sua unidade de Itaituba em setembro

Alison Doerzbach
O SICREDI é uma cooperativa de crédito que chegou recentemente a Itaituba, cuja criação remonta ao longínquo ano de 1902, quando em 28 de dezembro foi constituída a primeira cooperativa de crédito brasileira, na localidade de Linha Imperial, município de Nova Petrópolis - Rio Grande do Sul. Provisoriamente, está funcionando em uma sala cedida pelo SIPRI, nas dependências do Parque de Exposições Hélio Gueiros, enquanto o prédio no qual vai se instalar está sendo construído na esquina da travessa Justo Chermont com a avenida Nova de Santana.
Uma cooperativa de crédito como O SICREDI é uma ferramenta importante para o desenvolvimento do lugar onde ela se instala, porque não se trata de um banco convencional, cujo objetivo primordial é o lucro a qualquer custo. Trata-se de algo bem mais elaborado no sentido de viabilizar o acesso ao crédito de maneira mais em conta, para pessoas físicas e pessoas jurídicas. Todavia, a seleção é muito mais rigorosa do que na rede bancária, pois em vez de cliente, quem tem seu cadastro aprovado no SICREDI torna-se um cooperado, devendo ser tratado pelos servidores da cooperativa como patrões.
Alison Doerzbach é o gerente do SICREDI em Itaituba. Já está exercendo suas atividades desde maio deste ano, como foi dito antes, no Parque de Exposições, cuidando da composição da equipe que vai trabalhar no atendimento ao público a partir do momento em que o prédio estiver pronto, e fazendo os atendimentos possíveis. Ele conversou com a reportagem do Jornal do Comércio.
JC – A inauguração da SICREDI está confirmada para setembro?
Alison – A parti estrutural, que é a estrutura física que a gente utiliza em cada cidade onde nos instalamos, está prevista para setembro deste ano. Mas, enquanto isso não acontece, estamos atendendo os nossos associados em nosso escritório aqui no Parque de Exposições, com abertura de cadastros e alguma coisa de crédito. O que nós não conseguimos fazer ainda é recolher numerário, receber contas...
JC – Apesar de estar longe do centro comercial, tem havido procura pelos serviços que vocês prestam?
Alison – Tem, sim. Principalmente por parte das pessoas que já conhecem a nossa marca. Itaituba é uma cidade que tem muita gente de fora, pessoas que vieram de outras cidades, as quais já conhecem a marca SICREDI, as quais tem nos procurado, assim como pessoas da cidade que tomam conhecimento do nosso trabalho tem nos visitado.
JC – Vocês tem uma expectativa de bons negócios em Itaituba?
Alison – Nossa expectativa para Itaituba é extremamente positiva. Nós fazemos uma análise detalhada do lugar onde a gente pretende abrir uma unidade, com muita antecedência. São dois ou três anos antes. Levantamos os indicadores econômicos, o perfil da população, quais são os principais meios de obtenção de renda das pessoas, quais são as fontes de riqueza da cidade, quais são seus aspectos culturais. Por tudo isso, nós concluímos que Itaituba é hoje vanguarda no oeste do Pará. Itaituba é um polo comercial, polo educacional e o projeto para instalar a cooperativa em Itaituba já ultrapassa seguramente quatro anos.
JC – Quais são as principais diferenças entre o SICREDI e as instituições bancárias convencionais, pois em um primeiro momento, por falta de informação, muita gente pensa que se trata apenas de mais um banco que está chegando a Itaituba?
Alison – Produtos e serviços de um banco convencional, com a diferença de que você é o dono do negócio. Quando você abre uma conta no SICREDI você não passa a ser simplesmente mais um cliente; você é dono, você é sócio. Isso faz uma grande diferença. Quando um cooperado entra por nossa porta giratória, o nosso colaborador que vai atende-lo sabe que quem está entrando é o dono da empresa na qual ele trabalha. Então, desde o associado que tem R$ 40,00 ou R$ 50,00 na conta, até aquele que possa ter milhões de reais na conta, tem direito de votar no presidente do SICREDI. Aquilo que o SICREDI gera de resultados no final de um ano – ano passado ultrapassou R$ 1 bilhão de lucro, que a gente trata no caso de resultado positivo, como sobra – é devolvido ao associado.
Qual é outra instituição financeira faz isso? Qual é outra instituição financeira devolve dinheiro ao seu correntista? Esse é um grande diferencial. Especificamente em questão tributária, uma cooperativa não tem o mesmo custo do IOF convencional. Você já começa economizando três por cento em uma operação de crédito comercial. Numa operação de R$ 100 mil, você já começa economizando R$ 3 mil.
JC – A seleção para quem deseja ser associado do SICREDI é bem mais rigorosa do que para alguém que abre uma conta bancária normal?
Alison – A questão de abertura de conta é comum para todas as instituições financeiras. CPF, RG, comprovante de endereço, comprovante de renda; é o básico que todos cobram. Agora, para o SICREDI, especificamente falando, e aí eu falo em meu nome e em nome dos nossos colabores aqui de Itaituba, conhecer essa pessoa é muito importante. Queremos saber quem ela é. Quando a gente fala que o associado e dono do negócio, a gente leva isso muito a sério. Nós não podemos ter relacionamento com uma pessoa de má índole, que tenha problemas com a Justiça, etc... Nós não vamos comprometer mais de três milhões que fazem parte do SICREDI, hoje, por causa de duas ou três pessoas. É o princípio da sustentabilidade.
JC – Em função das exigências, o nível de inadimplência é baixo?
Alison – Sim, isso reduz bastante o índice de inadimplência. Para se ter uma ideia, o nível de inadimplência em créditos, de um modo geral, não ultrapassa 1%. Isso é muito satisfatório. Nossa carteira de consórcios, por exemplo, tem um nível de desistência muito baixo. Em sua grande maioria, os nossos associados conseguem honrar os compromissos.
JC – Com todos esses cuidados e exigências, o SICREDI tem também um baixo histórico de fechamento de agências nos municípios onde se instala?
Alison – No SICREDI não existe histórico de fechar unidades nas praças onde se instala. Em muitas cidades, como no estado do Mato Grosso, onde a instituição é mais forte aqui nesta parte do Brasil, em 14 cidades o SICREDI é a única instituição financeira. Outro fator importante é que priorizamos a utilização da mão de obra local. Aqui em Itaituba, 80% dos colaboradores que estão sendo preparados para trabalhar com a gente são daqui do município. Inicialmente serão dez pessoas. Essas pessoas já foram contratadas e já estão treinando, algumas no Mato Grosso e outras em outros estados.
JC – Numa primeira conversa, você disse que há muitos municípios nos quais de cada três reais que circulam no comércio, um passa pelo SICREDI...
Alison – No Mato Grosso, onde o SICREDI está há muito mais tempo do que no Pará, a cada três reais, um passa pelos cofres do SICREDI. Isso ocorre em todo o estado. Se for excluída a capital Cuiabá, Várzea Grande e os municípios da baixada cuiabana, metade do dinheiro que circula dentro do estado de Mato Grosso passa pelos cofres do SICREDI. Aqui no Pará, na região sul do estado, como Redenção, a presença da nossa instituição tem mais de dez anos e é muito forte. Isso mostra a nossa solidez. É importante ressaltar, que embora tenha nascido no Rio Grande do Sul em 1902, atualmente, os três estados que apresentam os melhores resultados financeiros, que dão mais lucro para o SICREDI são Mato Grosso, Pará e Rondônia.
JC – Aqui nesta região, quais são os projetos de expansão do SICREDI?
Alison – Já estamos instalados em Santarém, Novo Progresso e Castelo dos Sonhos. Nossas unidades de Itaituba, Rurópolis e Altamira serão inauguradas em breve (em Itaituba já funciona em endereço provisório) e temos projeto de expandir os nossos serviços para outros municípios do eixo das rodovias Transamazônica e Santarém-Cuiabá.
JC – Na Europa, sobretudo nos países mais desenvolvidos, como Alemanha, Inglaterra, França e de modo especial nos países nórdicos – Noruega, Suécia, Dinamarca e Finlândia – o cooperativismo é muito forte. No Brasil está evoluindo a consciência da importância de ser cooperado?

Alison – A gente vê que sim. O brasileiro vem tomando consciência disso. Todo o lucro gerado por uma cooperativa, circula no município, diferentemente do que ocorre com os bancos tradicionais, nos quais os lucros vão para a matriz, que pode estar em países bem distantes. E o SICREDI é a maior prova disso, pois uma cooperativa que começou lá nos idos de 1902, em Nova Petrópolis, no interior do Rio Grande do Sul, com apenas 30 associados, e hoje conta com mais de três milhões de sócios, com mais de 1.100 pontos de atendimento em todo o país, isso é motivo de alegria e uma prova de que o cooperativismo dá certo no Brasil. 

MEC quer estudantes falando errado

           Marilene Parente - Há duas semanas, o Ministério da Educação distribuiu cerca de 500 mil livros didáticos nas escolas públicas brasileiras, patrocinando mais uma ação atrapalhada e estúpida, fazendo a gente lembrar daquele velho ditado que diz, que muito ajuda, quem não atrapalha.  Pois o governo, além de não ajudar, ainda atrapalha quando, unilateralmente, sem qualquer tipo de discussão com a sociedade, muito menos, com os outros países de língua Portuguesa, tenta mudar o modo de se falar o Certo e o Errado.
            O governo trapalhão, que tentou há pouco impor a tal da ideologia de gênero, que foi rejeitada em quase todo o Brasil, agora aparece querendo que as escolas públicas trabalhem junto aos estudantes, para praticarem o politicamente correto; em vez de falarem que uma determinada coisa, ou certas atitudes de pessoas que na prática são certas ou erradas, que seja dito, adequado, ou inadequado.
            Como o governo não tem autoridade para impor essa estupidez como parte intrínseca da língua portuguesa, ressalta que a norma culta, aquela que é exigida no correto modo de falar e escrever o nosso idioma, continuará sendo a resultante dos acordos dos países que falam Português, porque somente através de acordos entre as maiores autoridades do nosso vernáculo podem ocorrer mudanças.
            A propósito dessa recomendação estapafúrdia, o jornalista Alexandre Garcia fez um comentário em um dos telejornais da Rede Globo, muito bem elaborado e que condiz com o que penso a respeito do assunto.
            Quando a gente estava no primeiro ano do grupo escolar, a professora nos corrigia sempre que falávamos errado, porque ela estava nos preparando para vencer na vida. É notório que o conhecimento dos eleitores, dos contribuintes, dos homens que tocam a indústria, torna as pessoas conscientes e é isso que faz o país crescer, lembra Alexandre.
            O conhecimento não cai do Céu. Ele vem através da educação que recebemos em casa, na escola e na vida. A raiz de tudo, diz Alexandre Garcia, está na capacidade que temos de nos comunicarmos de maneira simples. E a linguagem escrita, aquela que nos permite registrar tudo é uma das coisas que nos diferenciam dos outros animais.
            A educação liberta e torna a vida melhor porque nos livra da ignorância, que condena a uma vida difícil. Quem for nivelado por baixo no que tange a educação, terá a vida mais dura, porque ela será nivelada por baixo. Pois não é, como disse Alexandre Garcia, que esse livro que o governo mandou para as escolas públicas, chama-se Por Uma Vida Melhor! É ou não é uma ironia?
            Se fosse apenas uma polêmica, prossegue o articulista, o problema seria de menor importância, mas, se trata de um livro distribuído pelo governo federal para cerca de meio milhão de estudantes fazendo parte do currículo escolar. É abonado pelo Ministério da Educação, que na moda do politicamente correto, defende o falar errado para evitar o preconceito não se sabe ao que.
            Gosto de conversar com pessoas mais velhas, que fizeram o curso primário na década de 1960, antes que a ditadura militar começasse a desmontar o velho jeito de ensinar, a guisa de a Educação entrar na modernidade. Aquele jeito velho, considerado obsoleto, fazia com que os alunos estudassem tabuada, lessem na frente de todos os colegas, aprendessem as quatro operações da Matemática e fizessem redações. Em suma, o jeito ultrapassado fazia o aluno sair da quinta série primária, sabendo ler e escrever corretamente, coisa que infelizmente só uma pequena parte dos que terminam o Ensino Médio o fazem nos dias de hoje.
            Em vez de o Brasil seguir o bom exemplo dos tigres asiáticos, dos quais quem mais se destacou foi a Coreia do Sul, bem como de outros países onde a Educação é levada a sério, como os países nórdicos, fica querendo implantar o velho e esse sim, ultrapassado e falido modelo dos países comunistas.
                Meu filho de sete anos estuda em escola particular, mas, mesmo que ele estudasse em escola pública, eu continuaria ensinando a ele, que certo é o mesmo que correto, verdadeiro. enquanto errado é o mesmo que incorreto, algo que não está certo. Já, adequado quer dizer, o que é bom para determinado efeito, lugar ou objetivo, e inadequado significa, que não é bom ou impróprio para determinado efeito, lugar ou objetivo. Quer dizer, além de todas as lambanças na política e na economia, esse governo ainda quer ensinar os nossos estudantes a falar errado a língua pátria. Assim já é demais! Assim, a Pátria Educadora, slogan desse segundo governo da Dilma, não aguenta. Ou seria mais correto dizer, Pátria Desecudadora?

Na edição 201 do Jornal do Comércio, circulando hoje

Forlândia, uma história que vai desaparecendo com o tempo


O que ficou da colonização norte-americana em Fordlândia, aos poucos está desaparecendo. Os imponentes casarões já estão quase todos destruídos pela ação do tempo e dos vândalos.
O projeto de Henry Ford foi abandonado por volta de 1945 e  todos os imóveis construídos pelos americanos passaram para a responsabilidade do governo federal, e como ao longo de todos esses anos nunca foi feito nenhum tipo de manutenção, os prédios viraram ruínas.
A caixa d'água é o único símbolo daquela época que ainda resiste à ação do tempo e continua servindo aos moradores da comunidade.  As casas da vila americana construídas para os administradores do projeto, estão sendo ocupadas por pessoas, que desconhecendo o valor cultural dos imóveis, não tem nenhum compromisso com a preservação  desse patrimônio que poderia ser utilizado pela administração do município em benefícios da comunidade.
O problema é que por questões burocráticas, a comunidade de Fordlândia ainda é considerada área rural. Em razão disso, os imóveis do projeto de Henry Ford continuam sob a responsabilidade do Ministério da Agricultura.   
Os moradores da Vila também se queixam dessa situação, pois como área rural, a população de Fordlândia se beneficia apenas da  tarifa de energia, mas não conta com nenhum outro serviço do governo federal.
A comunidade não possui unidade básica de saúde e nem agência dos Correios. Até a manutenção da rede de energia elétrica depende da ida do pessoal das prestadoras de serviço da Celpa, de Itaituba, o que significa vários dias sem energia elétrica em algumas ocasiões.
Mesmo com esse quadro de abandono,  a vila de Fordlândia ainda recebe muitos turistas que visitam a comunidade, atraídos por sua história.
Texto: Weliton Lima

Fotos: Arlyson Souza

Na edição 201 do Jornal do Comércio, circulando hoje

É preciso discutir o problemas das drogas de frente

           Jota Parente - Um dos assuntos mais polêmicos dos últimos anos é a defesa da descriminalização do uso de drogas, que tem sido tratado com extrema ortodoxia em muitos países que enfrentam situações muito graves, dado o crescente número de dependentes químicos. O secretário de segurança do estado do Rio de Janeiro, que está no cargo há muitos anos, está convencido de que isso tem que ser discutido a sério, logo.
            Ele afirmou semana passada, durante uma viagem que fez a Portugal e França, onde proferiu palestras sobre sua experiência, que a guerra contra as drogas, definitivamente, está perdida. Disse que no Brasil, não pode passar desse governo a descriminalização do uso.
Beltrame ficou impressionado com os resultados obtidos em Portugal após a descriminalização de todas as drogas, inclusive heroína, cocaína. O programa começou em 2000. No Brasil, não pode passar deste governo a descriminalização do uso, afirmou ele. A guerra à droga é perdida, irracional. Podemos começar pela maconha, disse ele, que convidou os portugueses para vir ao Brasil na Semana do Policial, em novembro, e contar a experiência de seu país.
Em Portugal, o assunto “drogas” não está inserido na polícia, mas no Ministério da Saúde. Com a ajuda de juízes, procuradores, psicólogos, médicos, e integrantes da sociedade civil. A polícia pega o usuário e ele é convidado a participar de encontros. São 90 clínicas em Portugal, completas com toda a assistência, voluntários e visitas. E uma comissão fiscaliza isso. Todos se juntaram para combater essa doença, porque o vício é uma enfermidade, e não um crime. Sem vaidade, sem luta de poder.
Por acaso, você conhece alguém, que algum dia tenha deixado de consumir a droga desejada, somente porque é proibida no Brasil? Acho que ninguém conhece, porque quando uma pessoa se torna um dependente químico, ela vai procurar o produto que satisfaça o seu desejo incontrolável de “fazer uma viagem”, seja onde for.
Nenhum país do mundo gasta tanto dinheiro no combate às drogas como os Estados Unidos. Não há na face da terra quem faça um combate tão feroz quanto os norte-americanos. E qual tem sido o resultado dessa guerra? O aumento do tráfico, o enriquecimento dos carteis mexicanos e o surgimento cada vez em maior número, de grupos internos que vivem do comércio das drogas. E sabem por quê? Porque existe demanda no mercado, há poder aquisitivo que atrai mais e mais traficantes a correr o risco de parar atrás das grades, pois onde há dinheiro “fácil”, há atração forte em busca dele.
Quando eu era adolescente, na década de 1960, a única droga da qual se falava na minha cidade era a maconha, e os maconheiros eram quase todos conhecidos por seus nomes, pois não havia proliferação do uso da cannabis sativa. Remotamente, ouvia-se falar no uso de uma ou outra droga legal vendida nas farmácias.
Eu tive sérios problemas com uma droga legal, o álcool. Algumas pessoas para as quais falo disso ficam espantadas, porque quando cheguei a Itaituba em 1988, já não bebia há oito anos. Mas, foi duro vencer a dependência. Todavia, nunca experimentei outras substâncias tóxicas. Pelo contrário! Fazia apologia contra o uso de drogas em geral.
A maneira que encontrei de praticar a prevenção entre os meus três filhos mais velhos foi falando do problema, de frente, sem esconder nada, inclusive, minha experiência mal fadada com o álcool. Ingo, Glenda e Raoni cresceram sabendo que seu pai havia enfrentado uma batalha árdua até chegar à sobriedade em relação ao álcool; cresceram ouvindo o pai mostrar em todos os detalhes através de informações consistentes, a desgraça que as drogas causam na vida das pessoas. A mesma coisa já estou fazendo com o Parentinho, do qual não escondo nada sobre esse polêmico tema.

A gente vai vivendo e aprendendo, e muitas vezes mudando alguns conceitos. No meu caso, confesso que não faz tempo que comecei a pensar sobre essa questão da descriminalização do uso de drogas, porque do mesmo modo que o secretário José Beltrame, também entendo que a guerra contra elas está perdida. Não que eu defenda que se possa colocar uma banquinha na esquina de casa para vender maconha, cocaína, crack, etc... Todavia, tanto o governo quanto a sociedade precisam discutir o assunto sem reservas, enquanto que no seio das famílias, a única coisa que se pode fazer é preparar os nossos filhos para se desviar desse monstro que destrói a vida dos seres humanos que se envolvem com ele, destruindo inclusive as famílias. O resto é conversa fiada. 

Artigo da edição 201 do Jornal do Comércio, circulando hoje

Como Roselito, Eliene pode ressurgir da cinzas

         Jota Parente -    No segundo semestre de 2007, quando ainda atravessava um inferno astral terrível em sua carreira política, amargando índices de rejeição que só Benigno Regis e Edilson Botelho haviam experimentado antes, Roselito Soares deu o pulo do gato e virou o jogo. Para chegar lá, o então prefeito jogou bem com as cartas que tinha, as quais estavam em mãos adversárias.
            Houve momentos do seu governo em que Roselito era vaiado até quando passado perto de garotos que estivessem jogando bola. Ninguém queria saber de tê-lo como aliado naqueles momentos de agonia política. Mas, é nos momentos de dificuldade que se separam os vencedores dos derrotados por vocação, pois enquanto os primeiros não se acomodam, buscando soluções para os seus problemas, os segundos conformam-se com a própria sorte, achando que é tudo obra do destino, que é a vontade de Deus, e assim aceitam a derrota por antecipação.
            Dado o grau de amizade que nos une, eu e o empresário Wilmar Freire costumamos conversar bastante amiúde sobre muita coisa, fazendo consultas mútuas a respeito de assuntos que por ventura suscitem alguma dúvida. Foi por esse motivo que no começo do segundo semestre de 2007 ele me chamou para ouvir minha opinião a respeito de uma proposta que o então prefeito Roselito Soares havia feito para celebrar contratos de publicidade da prefeitura com as TVs Tapajoara e Eldorado e com a Rádio Itaituba, hoje, Rádio Tapajoara. O objetivo oficial seria publicidade institucional.
            Roselito queria espaço à vontade para fazer sua propaganda. Ele não estava interessado em fazer apenas chamadas institucionais dos atos do governo municipal. Seu projeto passava pela necessidade de reerguer seu nome junto aos eleitores, o qual estava rés ao chão. E sabendo-se como ele age, não precisava de muito esforço para se chegar à conclusão de que ele usaria muito, mas, muito bem o espaço que conseguisse abrir.
            Depois de ouvir as cifras que envolviam a proposta, disse ao Wilmar, que do ponto de vista de empresário, ele não poderia abrir mão de uma entrada mensal como aquela no caixa de suas empresas de comunicação, pois o momento não era dos mais fáceis na economia local. Entretanto, como presidente do PMDB, ele nunca poderia autorizar a assinatura de tais contratos, pois se o fizesse, podia ter certeza que Roselito Soares utilizaria com maestria os holofotes das câmeras das TVs e os microfones da Rádio Itaituba.
            O lado do empresário falou mais alto, e Wilmar deu sinal verde para que fossem assinados contratos de suas emissoras com a prefeitura. E o que se viu depois está escrito em artigo assinado por mim do Jornal do Comércio, na edição que circulou no dia 7 de outubro de 2008, dia em que parti para a primeira expedição de moto. O título do artigo é: Roselito ressurgiu das cinzas, com a ajuda do PMDB.
            Estou contando toda essa história para refrescar a memória das pessoas que se envolvem direta ou indiretamente nas contendas políticas, pois a paixão que norteia essa atividade, costuma embotar, tanto a memória, quanto o raciocínio lógico de grande parte, conquanto o coração, na maioria das vezes, fala mais alto do que a razão.
            Já faz tempo que a prefeita Eliene Nunes é dada como morta e enterrada para a política. Nunca mais vai conseguir eleger-se nem como presidente de quarteirão, dizem os mais apaixonados, contrários a ela. Não tem jeito, afirmam outros, a mulher está no fundo do poço, e não há corda suficiente para puxá-la de volta.
            Hoje, tudo isso faz muito sentido. Se houvesse uma eleição para prefeito, neste momento, ela não teria a mais remota chance de se reeleger. Já o ex-prefeito Valmir Climaco poderia encomendar um terno novo, pois ninguém tiraria dele a vitória. Acontece que a eleição não vai acontecer hoje, mas, somente daqui a dezesseis meses. A partir da data de publicação desta edição, estarão faltando 445 dias para a eleição para prefeito municipal. É muito tempo a se percorrer até lá, tempo suficiente para Eliene confirmar que é mesmo uma grande decepção como liderança política que não vingou, ou para virar o jogo.
            Não tem sido poucos os erros da prefeita. Em relação ao que tange à política, então, os desacertos se sucedem. Mesmo alguns assessores próximos da gestora, em conversas reservadas admitem que é preciso mudar muita coisa para reverter o quadro desfavorável. E as mudanças não se restringem apenas às questões de ordem administrativa. Elas passagem pelo comportamento de Eliene, que desde que assumiu o governo, parece querer reinventar a roda com seu “novo modo de fazer política”.
Roselito Soares não deve ser apontado como o único responsável pela eleição dela, mas, a participação direta dele, Eliene nunca teria sentado na cadeira de prefeita. E ele foi o aliado de primeira hora, que convenceu o ex-vereador César Aguiar a desistir de concorrer à prefeitura, para apoiá-la. César só desistiu por causa da boa conversa de Roselito.
César Aguiar seria a terceira força da campanha. Pelos números do momento em que desistiu, ele teria chance de obter, entre e quatro e seis mil votos. Certamente, a maioria dos sufrágios que ele obteria, viria de eleitores alinhados com a proposta política de Roselito. Logo, ele tiraria muito mais votos de Eliene, do que do então prefeito Valmir Climaco. Por isso, fica mais do que evidente a importância fundamental de Roselito na eleição de 2010.
Mas, não foi somente Roselito que Eliene escorraçou do grupo que a elegeu. Muitos outros estão por aí, como é o caso do empresário Ivan D’Almeida e do empresário Paulo Gilson Pontes, que hoje pilotam seus próprios projetos, visando a chegar ao poder ano que vem na condição de chefe do poder Executivo. O próprio César Aguiar, que antes da posse falava “vamos governar juntos”, na esperança de que as promessas de campanha de um governo participativo fossem cumpridas, abandonou a nau após constatar que era um Chefe de Gabinete que tinha tanto poder quanto um pinguim de geladeira. E nesse tempo todo, ela não conseguiu nenhuma adesão significativa que pudesse sacudir os meios políticos.
Por falta de habilidade política dela e pela ausência de um articulador capaz de aglutinar, o governo desconstruiu sua maioria folgada na Câmara Municipal. Faltou seguir o elementar princípio que deve existir em qualquer lugar ou atividade, que diz, é conversando que a gente se entende. Em função de não querer dialogar foi que nasceu e cresceu a CPI que tem tudo para dar muita dor de cabeça para esse governo. No momento, o Poder Executivo não tem condições de aprovar nenhuma matéria que precise de dois terços dos votos, caso não seja um projeto de real interesse do município. Mesmo votações por maioria simples estão complicadas.
Apesar de tudo que escrevi, na contramão do que pensa muita gente, eu não considero que a prefeita Eliene Nunes possa ser considerada totalmente fora do jogo. Muito pelo contrário, acho que depende dela e das circunstâncias, uma reviravolta nessa situação. Em virtude das grandes dificuldades porque passam governo do estado e governo federal, com caixas apertadíssimos, não vai ser fácil para ela arrancar dinheiro de Belém e de Brasília para transformar a cidade em um canteiro de obras. E em Itaituba, quando se fala em obras, a primeira coisa que vem à cabeça é pavimentação asfáltica de ruas, muitas ruas.
Se neste verão ela conseguir recursos para manter a cidade trafegável, pelo menos nas principais artérias, asfaltando uma ou outra rua e travessa, e sobretudo, se a partir de abril do ano que vem, a Eliene tiver recurso para colocar máquinas nas ruas, pavimentando ruas, esse quadro de desgaste que é terrível nos dias de hoje, poderá mudar drasticamente para melhor, pois é assim que as coisas acontecem na política em Itaituba. O humor do eleitor itaitubense é muito volúvel. Porém, se os cofres dos governos estadual e federal não se abrirem, vai ficar mais complicado.

Morta e enterrada para a política não dá para afirmar, mas, a carreira política da prefeita Eliene Nunes está hoje na UTI. Sair dessa situação dependerá de muito jogo de cintura, e não bastará apenas acreditar que o carisma que Eliene esbanjou na campanha de 2012 vai resolver o problema, porque não vai. Apensas inaugurar obras feitas em parceria com o governo federal também não será a solução mágica, pois os dividendos políticos dessa tática estão sendo bem mais modestos do que ela esperava. Será preciso um conjunto de medidas, que passam tanto pela administração do município, quanto nas atitudes políticas para mudar esse jogo. O tempo joga contra ela, e o relógio não para. 

Na edição 201 do Jornal do Comércio, circulando hoje

Com ampliação, custo do aeroporto de Itaituba para o município vai dobrar

            O número de voos em aeronaves de porte médio aumenta a partir de quinta-feira, dia 17 deste mês, passando de um voo diário, pra quatro, com a entrada de mais dois voos da Azul e o retorno da MAP. Além disso, Itaituba vive a expectativa da ampliação da pista de pousos e decolagens e da construção de uma nova estação de passageiros. Em conversa com a reportagem do Jornal do Comércio, o administrador do aeroporto, André Paxiuba, falou desse e de outros assuntos atinentes ao aeródromo local.
            Não conformidades: 98% resolvidos – Disse André ao JC, que das não conformidades que levaram a ANAC a suspender as operações no aeroporto de Itaituba, no final do ano passado, 98% foram sanadas, e o que resta está sendo providenciado, e não deve ser motivo de nova paralização. Os equipamentos que precisam ser adquiridos foram comprados pela prefeitura, ou doados pela ATAP, enquanto as pendências de documentos também foram sanadas.
            Nos últimos quatro meses, informou o administrador, houve apenas uma ocorrência de animais na pista, o que tem sido um problema sério que se repetiu seguidas vezes ao longo dos últimos anos. Um dos motivos para a melhora nesse aspecto foi a adoção de medidas de vigilância mais rígidas, como a contratação de mais um vigia. Agora, duas pessoas se revezam durante o expediente diurno para evitar que animais perambulem pelo meio da pista, como era comum.
            Aeroporto é deficitário – após a interdição do aeródromo pela ANAC, no final do ano passado, fato que voltou a causar muitos prejuízos para o município, foi discutido na Câmara Municipal, se o que é arrecadado no local, com aluguel de boxes e taxas aeroportuárias seria suficiente para cobrir as despesas. Na ocasião, o Legislativo pediu que fosse enviada uma planilha que mostrasse de forma clara a situação em questão. Falou-se muito, mas, mandar que é bom tais informações para a Câmara, nada. Ficou o dito pelo não dito, com a administração dizendo que o município tira dinheiro do erário municipal para manter o aeroporto em funcionamento, enquanto alguns vereadores, sobretudo da oposição, consideram que isso não é verdade.
            André Paxiúba diz que não compreende o motivo de tanta polêmica, porque no seu caso, não há o menor problema em abrir as contas da administração do aeroporto, pois ele faz tudo às claras, como deve acontecer no serviço público. Ele afirma que é, sim, deficitária do ponto de vista financeiro, a prestação desse serviço por parte da prefeitura. O contribuinte municipal paga para que o serviço seja mantido.
            Disse André, que um dos problemas na conta feita anteriormente é que muita gente pensa que entram, integralmente para os cofres do município todas as taxas e alugueis cobrados. Mas, não funciona dessa maneira. Cem por cento do valor recebido dos alugueis de boxes e hangares vão para os cofres da prefeitura. Já no que diz respeito à taxa que incide sobre pousos e decolagens, que poderia representar um bom aporte de recurso para a manutenção do local, somente cerca de 4% ficam para o município. Da taxa de embarque, com apenas um voo de porte médio, número que está aumentando agora, o município fica com cerca de 50% e não chega a R$ 2 mil por mês.
            No que concerne às despesas, elas são várias e não há como diminuí-las enquanto estiver em vigência o atual convênio entre a prefeitura e a Infraero, que não foi discutido com o devido cuidado no momento de sua assinatura, ficando com o município muitas obrigações que não deveria ter aceitado. Esse convênio termina em 2017, mas, de acordo com uma das cláusulas, poderá ser renovado automaticamente por mais dez anos, caso uma das partes não se manifeste. Isso não deverá acontecer de forma automática, porque faz muitos anos que as seguidas administrações municipais vem reclamando do pesado fardo que carrega para manter o local em funcionamento. O município reclama de ter ficado com obrigações demais, enquanto para a Infraero ficou a parte mais leve, muito mais leve.
            Despesas pesadas – Pelo fato de o aeroporto ser municipal, a prefeitura tem que arcar com uma pesada folha de pagamento que se aproxima de R$ 100 mil. São quarenta servidores, muitos dos quais com especializações exigidas para prestar o serviço adequado às exigências dos órgãos de aviação civil. Mas, não para por aí. Manter em pleno funcionamento o balizamento da pista para operações noturnas custa caro. Cada canopla que protege uma luminária custa R$ 280,00, sendo necessário trocar uma média de quatro por semana. Essa média pode aumentar no tempo em que a garotada empina papagaio, pois muitas são retiradas para serem usadas para fazer cerol. As lâmpadas custam R$ 120,00. Pelo menos cinco por semana são trocadas. E somente uma empresa de nome Metrol vende no Brasil, tanto as lâmpadas, quanto as canoplas. Junta-se a isso a conta de energia do aeródromo, que fica em torno de R$ 11 mil. Há, ainda, despesas com a limpeza do aeródromo e muitas outras coisas menores, que somadas, terminam aumentando bastante o montante gasto todos os meses.
            Ampliação – O aeroporto de Itaituba está incluído no projeto de ampliação que vai beneficiar diversos municípios, com verba do PAC. Talvez atrase um pouco, em virtude do contingenciamento de verbas por parte do governo federal, por causa da crise. Mas, André Paxiúba não tem dúvida de que vai sair, porque os investimentos nesse sentido já começaram. Já foi feito o levantamento ambiental e a topologia, que se fere ao estudo do relevo do terreno, ao custo de R$ 1,8 milhão. Encerrada essa fase, espera-se pelo licenciamento ambiental sob a responsabilidade da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, ao final do qual André acredita que as obras deverão ser iniciadas.
            A pista tem, atualmente, 1.700 metros, dos quais somente 1.600 são homologados. Pelo novo projeto, ela vai ficar com 2.300 metros de extensão. A pista de Santarém tem 2.400 metros. Concomitantemente, deverá ser feito um trabalho de reforço em toda a pista, com nova pavimentação para suportar o peso de aeronaves maiores, tipo Boing 737. O pátio de manobras também passará por ampliação, assim como será construída uma nova estação de passageiros, sem aproveitar nada da atual. Também faz parte do projeto a construção de uma cerca operacional, que ficará por dentro da cerca patrimonial que falta pouco para ser concluída, o que dará uma segurança muito maior. Dentre as vantagens que essa cerca oferece, está a de impedir a entrada de animais e pessoas na pista.
            Quando tudo estiver pronto, e provavelmente isso vai demorar ainda um bom tempo para acontecer em virtude dos problemas pelos quais passa a economia do país, o aeroporto de Itaituba certamente subirá de categoria. Atualmente está na categoria 4, devendo passar para 3 ou 2. Quanto menor o número, mais elevada é a categoria do aeródromo.
            Da mesma forma que aconteceu em Altamira com a chegada da obra de Belo Monte, o mais provável será o governo federal agilizar a liberação de recursos para a realização dessa ampliação, quando tiver certeza, pelo menos, da data em que haverá a licitação para a construção da hidrelétrica de São Luiz do Tapajós, que foi adiada até segunda ordem. No porte atual, ficará muito complicado atender a uma demanda que crescerá absurdamente e que se manterá por algum tempo, enquanto a construção da usina estiver a todo vapor. Até que isso aconteça, o governo deverá ir tocando o projeto em um ritmo lento.
            André Paxiúba comentou coma reportagem do Jornal do Comércio, que será preciso dobrar o efetivo quando esse projeto for concluído. Também será necessário investir em novos equipamentos de segurança e de precisão para atender as exigências da ANAC. E nessa hora, o gestor, ou gestora municipal precisará ter pulso firme para não permitir que, de um lado o município possa ser prejudicado por deixar de fazer o que precisa ser feito para manter o aeródromo funcionando plenamente, e de outro, terá que discutir no momento em que expirar o atual convênio, uma nova forma para que as atribuições que pesam sobre os ombros do erário público municipal sejam distribuídos com equidade com a Infraero, pois ele assegura que do jeito que está, é extremamente pesado para um lado, o do município, e leve demais para o outro, a Infraero.

Em suma, do jeito que está, não é justo. E André apenas verbalizou o que tem sido comentado nos bastidores há vários anos, inclusive por prefeitos que passaram antes de Eliene, alguns dos quais chegaram a falar publicamente até em fechar o aeroporto, por causa dos pesados custos. É aquela velha máxima do mundo dos negócios que pode e deve ser aplicada nesse caso: o negócio só pode ser considerado bom, quando satisfaz os dois lados. No caso presente, um dos lados, o município reclama das condições do convênio há muitos anos. Então, pelo jeito só está sendo bom para um dos lados, o da Infraero.

Matéria da edição 201 do Jornal do Comercio, que circula hoje

quarta-feira, julho 15, 2015

Finalmente, a volta dos Jogos Abertos

Graças à determinação de alguns abnegados do esporte, dentre os quais o diretor de Cultura e Desporto, Júnior Araújo, os Jogos Abertos de Itaituba estão de volta.

Ontem aconteceu a abertura e alguns confrontos.

A maioria das competições é de esporte de quadra. Não haverá natação, nem atletismo. Porém, é preciso compreensão e apoio para que esse retorno seja pra valer, pois o evento ficou tanto tempo sem ser realizado, que não cabem críticas às limitações dessa edição.

Essa é uma das poucas tradições de Itaituba, que precisa de apoio, não só do poder público, para vingar novamente.