PEC estabelece cláusula de desempenho para
funcionamento de partidos.
Proposta ainda passará por mais um turno de votação antes de ir à Câmara
G1 - O Senado aprovou,
quarta-feira (9) por 58 votos favoráveis e 13 contrários uma Proposta de Emenda
à Constituição (PEC) que prevê mudanças no atual sistema político do país.
O
texto prevê a criação de cláusulas de desempenho eleitoral para que os partidos
políticos tenham acesso ao fundo partidário e ao tempo gratuito de televisão.
A PEC também acaba com coligações para eleições proporcionais (deputados e
vereadores). Atualmente, a legislação eleitoral permite alianças entre os
partidos para eleger deputados e vereadores. Por esse sistema, os votos obtidos
pelas siglas são somados, e se elegem os candidatos mais votados da coligação.
Por se tratar de uma emenda à Constituição, a PEC ainda precisa ser analisada
em segundo turno pelo Senado, com apoio mínimo de três quintos dos senadores
(49 dos 81). A previsão é de que a nova votação seja no próximo dia 23.
Se
passar na segunda votação, a proposta ainda seguirá para análise da Câmara dos
Deputados, onde também precisará ser aprovada em dois turnos para entrar em
vigor.
Pelo
texto da PEC, os partidos que não atingirem os requisitos mínimos de desempenho
eleitoral também serão obrigados a ter uma estrutura menor na Câmara, sem
direito, por exemplo, a cargos de liderança e a parlamentares em comissões
permanentes, além de cargos na Mesa Diretora.
Os
requisitos que a PEC exige dos partidos a partir da eleição de 2018 são:
-
obter pelo menos 2% dos votos válidos para deputado federal em todo o país;
- conseguir 2% dos votos para deputado federal em, no mínimo, 14 unidades da
federação.
A
PEC prevê, ainda, que, a partir das eleições de 2022, a taxa mínima de votos
apurados nacionalmente será de 3%, mantida a taxa de 2% em pelo menos 14
unidades federativas.
Ponto a
ponto
A PEC prevê que os partidos que não alcançarem os requisitos mínimos poderão se
unir nas chamadas federações.
Pela
proposta, esses partidos federalizados funcionarão, no Congresso, como um
bloco, unido do início da legislatura até a véspera da data de início das
convenções partidárias para as eleições seguintes.
Dessa
forma, o bloco poderá ter funcionamento parlamentar, além de ter acesso às
verbas partidárias e ao tempo de televisão, divididos entre as legendas segundo
a proporção de votos obtidos na eleição.
O
texto também determina o fim das coligações para eleições de deputados
federais, estaduais e vereadores.
Atualmente,
a legislação eleitoral permite alianças pontuais entre legendas para eleger
deputados e vereadores. Por esse sistema, os votos obtidos pelas siglas unidas
são somados, e se elegem os candidatos mais votados da coligação, de acordo com
o número de cadeiras ao qual a coligação terá direito.
Se
aprovada a proposta, não haverá mais coligações na eleição proporcional (para
deputados federais, estaduais e vereadores). O fim das coligações favorece os
grandes partidos, uma vez que um partido “nanico” não poderia se unir a outros
para aumentar sua força.
Redução
Segundo levantamento feito pelo G1, se a cláusula de desempenho prevista
nesta proposta já estivesse em vigor nas eleições de 2014, ela limitaria o funcionamento de 14
siglas no Congresso, além de restringir o acesso delas a verbas
partidárias e ao tempo de TV.
Entre
as legendas que seriam afetadas estão algumas tradicionais, como o PC do B, e
PPS, além de partidos de criação mais recente, caso do PSOL e PROS.
Das
27 legendas que existem hoje na Câmara, restariam, com a cláusula de barreira,
somente 13 com funcionamento parlamentar. Seriam elas:
-
PMDB
- PT
- PSDB
- DEM
- PDT
- PP
- PR
- PRB
- PSB
- PSC
- PSD
- PTB
- SD
Perderiam
o funcionamento parlamentar as seguintes legendas:
-
PPS
- PROS
- PV
- PC do B
- PEN
- PHS
- PRP
- PRTB
- PSL
- PSOL
- PT do B
- Rede (não disputou as eleições de 2014. Mesmo com os quatro deputados que tem
hoje, não atingiria o mínimo previsto pela PEC)
- PTN
- PMB (também não disputou as eleições de 2014. Com os dois deputados que tem
hoje, não atingiria o mínimo previsto pela PEC)
A
PEC prevê ainda que, a partir das eleições de 2022, a taxa mínima de votos
apurados nacionalmente seja de 3%. Com isso, PSC e SD também entrariam na lista
dos que ficariam sem funcionamento parlamentar.
Discussão
Durante o debate sobre a proposta, o líder da oposição no senado, Lindbergh
Farias (PT-RJ), disse ser a favor da cláusula de desempenho, mas votou contra o
texto porque, para ele, os requisitos mínimos previstos na PEC são muito
rigorosos e prejudicam partidos com forte embasamento ideológico, como PC do B,
PSOL e Rede.
Autor
da proposta ao lado de Ricardo Ferraço (PSDB-ES), o senador Aécio Neves
defendeu o texto e disse que, na Câmara, existe a possibilidade de os deputados
flexibilizarem as regras.
“Existem
no Brasil 35 partidos registrados hoje. Mais de 30 outros processos estão em
curso no TSE para se constituírem novos partidos. Negar essa proposta é admitir
que na política brasileira possamos ter disputando eleições 50, 60 legendas.
Quero reiterar, que na Camara dos deputados há possibilidade de haver alguma
flexibilização na proposta. Votar não a essa proposta é dizer que alguém possa
governar com cinquenta legendas, isso é impossível”, afirmou Aécio.