Dois casos de suicídio que aconteceram neste mês entre alunos de um mesmo colégio particular de São Paulo ganharam destaque, levando muitos pais e professores a se questionarem sobre como lidar com o tema: há questões especiais às quais é preciso estar atento, já que adolescentes enfrentam dilemas próprios relacionados ao amadurecimento e ao futuro?
G1 ouviu psicanalistas, psiquiatras e especialistas no assunto para tentar ajudar pais, professores e amigos a tratarem do assunto:
1- É normal adolescente ter depressão?
Especialistas explicam que existe um tipo de depressão típica da adolescência, mas que não necessariamente configura uma doença ou transtorno mental.
Ela faz parte dos processos de mudanças fisiológica e emocional dessa faixa etária, quando as crianças fazem a transição para a vida adulta e, nesse período, passam pela busca da autonomia no mundo sem o apoio integral de seus pais, além de experiências de descoberta e conflitos relacionados ao autoconhecimento e à construção de sua identidade, definição da profissão, exploração da sexualidade etc.
O psicanalista Mário Corso, especialista no atendimento a adolescentes, explica que é justamente nessa fase que o adolescente entra em contato com o “mal estar da civilização”.
Segundo ele, nessa época da vida as pessoas se dão conta de que o mundo “é um lugar muito sem utopia, sem esperança", o que pode provocar o desespero.
"É uma depressão típica da adolescência, você se dá conta do peso do mal estar no mundo, e isso varia conforme o ambiente político e cultural", diz ele, ressaltando que, atualmente, o Brasil e vários países do mundo experimentam momentos de perspectivas pessimistas.
2- Dá para diferenciar sintomas de depressão e da adolescência?
De acordo com Corso, nem sempre, já que muitos deles são os mesmos.
“Fora alguém dizer que pensa em se matar, todos os sinais são sinais típicos da adolescência: ele está mais irritado, ganha peso, perde peso, fica apático. Qual é o adolescente que não tem [um desses sintomas]? Alguns suicidas escondem muito bem. Não tem nenhum termômetro eficaz.”
chave, segundo os especialistas, é manter um canal de diálogo aberto com os filhos, para que a observação seja mais eficaz (leia dicas mais abaixo).
3- Todo suicídio é um resultado da depressão?
Não. “O suicídio vem em vários quadros clínicos e às vezes não tem nada a ver com a depressão”, ressalta Corso.
G1