sexta-feira, setembro 26, 2008
Edição 71 do JC já está nas bancas
Começou a circular no final da tarde de hoje a 71ª edição do Jornal do Comércio. Nesta reta final de campanha eleitoral, o JC aborda a questão da enorme poluição sonora que se verifica em Itaituba, trata da abordagem feita pelos três candidatos a prefeito a respeito da economia local e trás como matéria chamada de capa, a viagem que farão o jornalista Jota Parente e o professor Jadir Fank, que percorrerão a América do Sul, de motocicleta, saindo de Manaus no próximo dia 10 de Outubro. A seguir o blog publica algumas das matérias e dos artigos desta edição. Boa leitura.
Jota Parente e Jadir Fank vão dar a volta na América do Sul, de moto

Se você tem uma idéia fixa na cabeça, pegue uma boa dose de disposição, elabore um projeto bem detalhado, desses que possam ser exeqüíveis, mesmo tendo consciência de que as dificuldades poderão ser maiores do que você possa imaginar e vá à luta. Quando pensar em desistir, lembre do disse o filósofo Sêneca, no final do Século I A.C.: “Não chega a lugar algum, quem não sabe para onde vai”.
Expedição Itaituba/Amazônia. Esse é o nome do projeto montado pelo jornalista Jota Parente e pelo professor Jadir Fank, que seguindo a máxima do filósofo, sabem de onde querem sair e aonde querem chegar.
Logo depois da eleição, dia 10 de outubro, eles partirão em suas motos, uma Yamaha XTZ 125 e uma Honda Bros 150, de Manaus, com o objetivo de circundar toda a América do Sul, passando por nove países.
Serão gastos mais ou menos sessenta dias para completar o percurso, otimizando-se o tempo. Chegou a ser aventada a possibilidade deles saírem de Macapá, cruzando a Guiana Francesa, o Suriname e a Guiana, antiga Guiana Inglesa, até chegarem a Boa Vista, de onde a viagem seguiria o seu curso. Mas, a falta de informações sobre as estradas daqueles três países impediu que isso acontecesse.
De Boa Vista Jota Parente e Jadir Fank seguirão para a Venezuela, país que cruzarão de sul a norte e de leste a oeste; de lá para a Colômbia, entrando pelo nordeste colombiano; depois de cruzar a Colômbia no sentido leste oeste e norte sul; a expedição entrará no Equador e de lá, Peru, Bolívia, Chile, Argentina, Uruguai e Paraguai, retornando pelo litoral brasileiro até Belém. Da capital do Estado voltarão a Itaituba pela Transamazônica. A viagem durará aproximadamente dois meses, perfazendo um total de mais de 32 mil quilômetros percorridos.
O jornalista e o professor passaram meses levantando informações a respeito de todos os lugares por onde vão passar, tendo lido dezenas de relatos de outros motociclistas que fizeram, ou o mesmo percurso, ou algo parecido. O mesmo percurso não tem sido completado por muita gente, dadas às dificuldades e ao tempo necessário para cumprir a jornada. Acima de tudo, é preciso muita determinação. Para Jota Parente, essa será a grande reportagem de sua vida. Juntando o material coletado nessa expedição, e o que será produzido nas próximas que já estão sendo pensadas, deverá ser escrito um livro.
Para levar a cabo um projeto como esse, quem o idealiza precisa ter boas condições financeiras, ou contar com o patrocínio de amigos, pois somente de gasolina serão consumidos em torno de 1.200 litros por moto, totalizando 2.400 litros, que ao preço de Itaituba equivale a R$ 7.180,00. Some-se a isso a despesa de alimentação, pernoite e manutenção da moto, o empreendimento não sairá por menos de R$ 11.800,00, sem nenhum esbanjamento.
No decorrer dos mais ou menos 32 mil quilômetros a serem vencidos será necessário trocar, de três a quatros vezes, os pneus e o kit das motos. O óleo do motor terá que ser trocado, aproximadamente, 30 vezes. Pelo menos a cada oito mil quilômetros será aconselhável fazer uma revisão na moto.
Uma moto com carburador, como no caso da XTZ 125 2007, apresenta uma preocupação a mais a ser superada: a Cordilheira dos Andes, por onde passam muitas das estradas que serão percorridas. Por causa das elevadas altitudes das mesmas, motos com carburador falham muito, chegando a não ter condições de continuar a viagem, sobretudo em subidas, caso o piloto não tenha conhecimento mínimo do que deve ser feito.
Isso se deve ao fato da diminuição de partículas de oxigênio no ar, o que faz com que a moto necessite de uma compensação que é feita por meio de uma chave apropriada para ser usada na regulagem da mistura do ar com a gasolina. No caso de Parente e Jadir, eles estão passando por um treinamento na oficina da Cimaq Yamaha Motos, para conseguirem vencer essas e outras dificuldades que não dependem de conhecimentos técnicos aprofundados.
Revisão completa e parcerias - No caso de Jota Parente, sua XTZ 125, apesar de ter rodado apenas 7.000 mil quilômetros, passou por uma revisão completa, bancada pela Cimaq Yamaha, que mandou colocar pneus novos e entregou um novo capacete para ele fazer a viagem.
Diversas empresas locais e alguns profissionais liberais de Itaituba participam do projeto, como o Posto São Matheus (Wimar Freire), LG Materiais Elétricos (Luis Gomes), Grupo Climaco (Valmir Climaco), Grupo Leal (Gilberto Leal), Cimaq Yamaha Motos (Afábio Borges), Loja Planalto (Francimar Aguiar), Ouro Minas (Rildo Serrão), Drogaria Pontual (João Batista Rodrigues Prado), Império da Moda (Jaime Sousa), CKR Materiais de Construção (Gim), Guamá Madeiras (Adécio e Magno Gomes), Portal Madeiras (Helder Gomes), Mercantil Pontual (Antônio Paulino), Sercont (Antônio Santana), Stúdio Moura (Cláudio Moura), Armarinho Norte (Iraldo Aguiar), Posto Campo Verde (Gleison Freire), TV Tapajoara, (Ivan Araújo e Marlúcio Couto), TV Eldorado (Pedro Filho e Escritório de Advocacia Jairo Araújo.
Não se trata de um passeio, mas, de uma aventura jornalística que levará o nome de Itaituba bem longe, de forma positiva; bem diferente da maior parte das notícias que são veiculadas na grande mídia a respeito deste município.
Os dois expedicionários levarão material de divulgação concernente à realidade presente, de Itaituba e da Amazônia, tratando dos problemas que são enfrentados nos dias de hoje, como o desmatamento que ainda persiste em níveis bastante preocupantes, assim como sobre as medidas que têm sido tomadas para que se reduza ao máximo a devastação da floresta amazônica.
Falarão da problemática das ONGs financiadas com capital externo, e/ou nacional, que defendem interesses alheios aos da nação brasileira; abordarão, com bastante ênfase, as inúmeras coisas boas que existem, como as belezas naturais e o potencial de crescimento e desenvolvimento de que a região dispõe. Tal material será divulgado em veículos de comunicação das cidades por onde a Expedição Itaituba/Amazônia passar, os quais serão visitados, pois essa é a forma mais rápida e eficaz de se alcançar o maior número possível de pessoas.
Haverá material impresso para divulgar os potenciais de Itaituba, seja no campo do turismo, voltado, principalmente, para o eco-turismo, seja na questão das possibilidades de desenvolvimento deste município; será destacado que a Amazônia não é apenas uma fonte inesgotável de problemas, ou somente uma floresta. Será enfatizado que na Amazônia vive gente; vivem em torno de 25 milhões de seres humanos que raramente são lembrados quando se fala da região.
Essa gente precisa ser levada em conta quando se discute a questão da preservação. Esse povo vai continuar vivendo nesse território, com crescimento populacional acima da média nacional. Essa gente vai continuar habitando a Amazônia, ache o que achar quem luta pela preservação, e sem a cumplicidade desses amazônidas, de nascimento ou por adoção, as campanhas voltadas para o desenvolvimento sustentável estarão fadadas ao fracasso, ou a meios sucessos.
Por esse motivo, é fundamental mostrar isso ao mundo, começando pelos irmãos sul-americanos, bem como do restante do Brasil, os quais estão mais perto de nós, para depois fazer esse grito chegar mais longe. Para tanto, em cidades importantes a serem visitadas serão ministradas palestras alertando sobre o que está sendo feito na Amazônia, ocasião em que será propagada a imagem deste município.
Pode parecer uma meta ousada para um humilde jornalista interiorano e um professor de faculdade. Todavia, questionados sobre essa ousadia, ou se isso não é muita pretensão de sua parte, eles respondem lembrando da lenda o Beija-flor, que carregava água com o bico para apagar um incêndio. Um outro Beija-flor perguntou se e não estava ficando maluco, pois, como conseguiria acabar com aquele incêndio, carregando quantidade tão insignificante de água, ao que ele retrucou, dizendo que estava apenas fazendo sua parte.
A Expedição Itaituba/Amazônia foi concebida inicialmente com o nome de Expedição América, pois a idéia original era partir de Manaus para cruzar o norte da América do Sul, a América Central e a América do Norte. Como teria que dispor de uma logística especial para passar da Colômbia para o Panamá, posto que a rodovia Pan-americana está interrompida entre os dois países, onde o matou tomou conta em torno de 80 quilômetros, em território panamenho, optou-se por essa segunda opção, ficando definido que essa será a segunda etapa do projeto, a ser cumprida em maio de 2010, provavelmente com uma equipe maior.
Informe JC
Raposa
Um contingente de militares do 53º Batalhão de Infantaria de Selva (Itaituba) deverá ser enviado para a reserva Raposa Terra do Sol, em Roraima, após a decisão do Supremo Tribunal Federal sobre a desocupação, ou não, das terras indígenas, onde estão os arrozeiros. Essa possibilidade é real e terá por finalidade evitar que possa ser deflagrado um conflito de proporções inimagináveis, entre índios e colonos.
Enfeite
A coluna recebeu reclamação de um passageiro que precisou viajar na lancha Princesa do Tapajós, no trecho Santarém-Itaituba, semana passada. Disse ele que chegou por volta de 15h30, debaixo de um sol escaldante. Às 16h10 a lancha zarpou. Só então o passageiro observou que havia três pequenas centrais de ar condicionado, que não estavam ligadas, apesar do enorme calor que fazia. A viagem continuou bastante calorenta, até que a noite caiu e a Natureza encarregou-se de amenizar a temperatura.
BR 163 I
O Tribunal de Contas da União (TCU) detectou irregularidades consideradas graves de sobre preço de R$ 5,7 milhões no projeto de pavimentação da rodovia BR-163, que liga as cidades de Cuiabá a Santarém, no Mato Grosso. A obra faz parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
BR 163 II
Segundo a assessoria do órgão, o TCU constatou sobre preço no pagamento de horas improdutivas dos equipamentos que efetuam o transporte de maquinário/pessoal e nos valores do custo da brita, além de modalidade indevida de licitação, entre outras falhas. O valor total estimado é de R$ 49.921.604,00. Como as obras ainda não foram iniciadas, as irregularidades foram consideradas graves, mas sem que haja a necessidade de paralisação, já que pode haver correção no sentido de não computar os valores irregulares no orçamento.
BR 163 III
O tribunal determinou ainda que o 9º Batalhão de Engenharia e Construção e o Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes no Mato Grosso (Dnit/MT) que formalizasse, no plano de trabalho, um orçamento com base em elementos de despesa em que conste o detalhamento de todos os custos da obra; excluísse do orçamento itens que não correspondam ao efetivo desembolso; adote o pregão para licitar bens e serviços comuns e reavalie o orçamento da obra, de modo que ele fique limitado ao valor que seria obtido com a integral aplicação dos recursos previstos.
Um contingente de militares do 53º Batalhão de Infantaria de Selva (Itaituba) deverá ser enviado para a reserva Raposa Terra do Sol, em Roraima, após a decisão do Supremo Tribunal Federal sobre a desocupação, ou não, das terras indígenas, onde estão os arrozeiros. Essa possibilidade é real e terá por finalidade evitar que possa ser deflagrado um conflito de proporções inimagináveis, entre índios e colonos.
Enfeite
A coluna recebeu reclamação de um passageiro que precisou viajar na lancha Princesa do Tapajós, no trecho Santarém-Itaituba, semana passada. Disse ele que chegou por volta de 15h30, debaixo de um sol escaldante. Às 16h10 a lancha zarpou. Só então o passageiro observou que havia três pequenas centrais de ar condicionado, que não estavam ligadas, apesar do enorme calor que fazia. A viagem continuou bastante calorenta, até que a noite caiu e a Natureza encarregou-se de amenizar a temperatura.
BR 163 I
O Tribunal de Contas da União (TCU) detectou irregularidades consideradas graves de sobre preço de R$ 5,7 milhões no projeto de pavimentação da rodovia BR-163, que liga as cidades de Cuiabá a Santarém, no Mato Grosso. A obra faz parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
BR 163 II
Segundo a assessoria do órgão, o TCU constatou sobre preço no pagamento de horas improdutivas dos equipamentos que efetuam o transporte de maquinário/pessoal e nos valores do custo da brita, além de modalidade indevida de licitação, entre outras falhas. O valor total estimado é de R$ 49.921.604,00. Como as obras ainda não foram iniciadas, as irregularidades foram consideradas graves, mas sem que haja a necessidade de paralisação, já que pode haver correção no sentido de não computar os valores irregulares no orçamento.
BR 163 III
O tribunal determinou ainda que o 9º Batalhão de Engenharia e Construção e o Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes no Mato Grosso (Dnit/MT) que formalizasse, no plano de trabalho, um orçamento com base em elementos de despesa em que conste o detalhamento de todos os custos da obra; excluísse do orçamento itens que não correspondam ao efetivo desembolso; adote o pregão para licitar bens e serviços comuns e reavalie o orçamento da obra, de modo que ele fique limitado ao valor que seria obtido com a integral aplicação dos recursos previstos.
Pingos nos is
Seu Mané
Aldo Inácio Makoto Filho (Aldinho), filho do Seu Mané, passou por Itaituba, semana passada, a caminho de Novo Progresso, onde vive seu pai. Em contato com a coluna, Aldinho disse que estava indo até aquela cidade do sudoeste paraense para visitar seu pai, depois de ter recebido um telefonema de sua irmã Yoko, que mora atualmente no Japão, mas que também estava em Novo Progresso. Yoko informou a Aldinho, que o pai estava com câncer de próstata. Ele disse que nem sabia se seria recebido por Seu Mané, que tinha deixado de falar com Aldo Inácio Filho há vários anos. Sua intenção era levar o pai para João Pessoa, onde mora e tem negócios, para que iniciasse o tratamento conveniente para combater a doença.
A quadra I
A vereadora Ana Cativo (PT) usou a tribuna da Câmara, na única sessão desta semana, para criticar a administração municipal por causa da quadra do bairro da Floresta, cujos recursos foram conseguidos com seu empenho e com a participação do deputado estadual Calos Martins (PT). Conforme falou Ana, a quadra ficou de ser construída em algum terreno do bairro, mas, o prefeito Roselito Soares, alegando que não havia nenhuma área do patrimônio municipal mandou construir no Escola Haroldo Veloso.
A quadra II
Sábado passado a vereadora esteve na escola e verificou que nada tinha sido feito até aquele momento. Segundo suas palavras, como o prefeito ficou sabendo que o deputado Carlos Martins estava em Itaituba, rapidamente determinou que a obra fosse iniciada no final se semana mesmo. Quando ela voltou lá, no domingo, viu que havia máquinas gente trabalhando.
Aldo Inácio Makoto Filho (Aldinho), filho do Seu Mané, passou por Itaituba, semana passada, a caminho de Novo Progresso, onde vive seu pai. Em contato com a coluna, Aldinho disse que estava indo até aquela cidade do sudoeste paraense para visitar seu pai, depois de ter recebido um telefonema de sua irmã Yoko, que mora atualmente no Japão, mas que também estava em Novo Progresso. Yoko informou a Aldinho, que o pai estava com câncer de próstata. Ele disse que nem sabia se seria recebido por Seu Mané, que tinha deixado de falar com Aldo Inácio Filho há vários anos. Sua intenção era levar o pai para João Pessoa, onde mora e tem negócios, para que iniciasse o tratamento conveniente para combater a doença.
A quadra I
A vereadora Ana Cativo (PT) usou a tribuna da Câmara, na única sessão desta semana, para criticar a administração municipal por causa da quadra do bairro da Floresta, cujos recursos foram conseguidos com seu empenho e com a participação do deputado estadual Calos Martins (PT). Conforme falou Ana, a quadra ficou de ser construída em algum terreno do bairro, mas, o prefeito Roselito Soares, alegando que não havia nenhuma área do patrimônio municipal mandou construir no Escola Haroldo Veloso.
A quadra II
Sábado passado a vereadora esteve na escola e verificou que nada tinha sido feito até aquele momento. Segundo suas palavras, como o prefeito ficou sabendo que o deputado Carlos Martins estava em Itaituba, rapidamente determinou que a obra fosse iniciada no final se semana mesmo. Quando ela voltou lá, no domingo, viu que havia máquinas gente trabalhando.
Medo de avião pequeno
Jota Parente - Em tempos de eleição é comum a gente relembrar casos ocorridos em campanhas políticas. Há algumas edições contei a história envolvendo o então candidato a vereador Luis Preto. Nesta edição vou rememorar um fato ocorrido no mesmo ano de 1992, por ocasião da campanha eleitoral na qual Wirland Freire foi eleito prefeito pela primeira vez.
Saímos para um giro rápido por alguns garimpos, com a condição de fazer três grandes reuniões políticas em único dia. Eu morria de medo de viajar de avião, naquele tempo. Se fosse monomotor, então, só entrava no último caso. Mas, como coordenador da campanha, tinha que deixar o medo de lado. A primeira parada foi no garimpo do Marupá e o meu primeiro susto foi logo no pouso, pois o avião, um Carajá de prefixo PT-VCG parou quase dentro do cemitério, que fica na cabeceira da pista a qual, por se bastante inclinada faz com que as aeronaves pousem sempre na direção do cemitério. Fizemos nossa reunião com os garimpeiros, tendo sido muito bem recebidos.
A decolagem é no sentido contrário para aproveitar a descida, mas, aí veio o segundo susto, porque havia mais gente no avião do que o bom senso recomendava. Isso fez com que a decolagem fosse complicada, pois sendo o Carajá bastante veloz, precisaria de uma pista maior para decolar. O piloto Merani puxou o manche no limite e todos os alarmes soaram. Wirland, que estava sentado ao lado do piloto, olhou para o Merani, preocupado. Os passageiros, dentre os quais eu, ficaram todos muitos assustados. Apesar do grande susto, por ter motores muito potentes, o Carajá deu conta do recado.
Do Marupá fomos para o Crepurizão onde a pista era muito boa, sobrando muitos metros, tanto para o pouso, quanto para a decolagem. Lá, fizemos a maior de todas as reuniões. A maior parte da comunidade foi ouvir as propostas do então candidato a prefeito, que tinha em sua, Wilmar Freire, que estava no seu segundo ano de mandato de deputado estadual, e Benigno Reges, que era o prefeito de Itaituba.
Terminada a bem sucedida reunião no Crepurizão, por volta de onze horas da manhã, recebemos uma informação dando conta de que estava chovendo torrencialmente no Cuiu-Cuiu, local onde estava marcado um almoço e outra grande reunião. Fomos aconselhados a não seguir para lá no Carajá, pois a pista, embora bastante extensa, por não ser piçarrada, era muito escorregadia. Uma operação de pouso num avião como aquele poderia não se bem sucedida.
Não podendo ir no PT-VG, o jeito foi conseguir um avião menor, um monomotor, para levar a comitiva. Porém, isso causou um impasse que durou alguns minutos: alguém teria que ficar. Benigno tinha muito mais medo de avião -pelo menos de avião pequeno - do que eu. Eu Também não queria ir naquela lata de sardinha. Eu dizia: vai Benigno; ele dizia que eu é que teria que ir e assim ficamos num jogo de empurra, enquanto os outros se divertiam, sabendo que nós dois estávamos mesmo era com medo.
Enquanto a gente não chegava a um acordo sobre quem ficava e quem embarcava, eu maquinava uma idéia para convencer Wirland a escolher quem deveria ir. Em determinado momento eu lembrei que existiam duas FMs piratas no Crepurizão, que tinham muita audiência na comunidade. Como andávamos sempre correndo, não houve tempo para visitar as duas emissoras, que foram a salvação da lavoura para mim.
Wirland, disse eu, é melhor eu ficar para visitar as duas emissoras de rádio para fazer tua propaganda eleitoral, pois não tem sentido a gente passar por aqui sem explorar todos os meios possíveis para vender a imagem do candidato. Ademais, o Benigno é o prefeito de Itaituba. Lá no Cuiu-Cuiu ninguém de conhece, ao passo que o prefeito, todos sabem quem é. E não e que colou! Wirland virou para o Benigno e disse: é Benigno, não tem jeito; o Parente tem razão, é melhor você e ele ficar. Muito a contragosto, com seu mais de um metro e oitenta ele apertou-se no carioquinha e subiu com os demais rumo ao Cuiu.
De fato, eu fui visitar as duas FMs, tendo sido bem recebido pelos colegas, que abriram os microfones para que eu falasse à vontade a respeito da candidatura de Wirland Freire. Enquanto eu cumpria essa parte a missão, o Merani mantinha contato com outros pilotos pelo rádio, para saber em que condições estava a pista, até que, por volta das duas horas da tarde veio a informação de que já dava para ele pousa. Levantamos vôo e alguns minutos depois pousamos no Cuiu-Cuiu. O avião ainda deu uma derrapada, mas, não passou disso. De lá para cá eu perdi um pouco do medo de voar.
Saímos para um giro rápido por alguns garimpos, com a condição de fazer três grandes reuniões políticas em único dia. Eu morria de medo de viajar de avião, naquele tempo. Se fosse monomotor, então, só entrava no último caso. Mas, como coordenador da campanha, tinha que deixar o medo de lado. A primeira parada foi no garimpo do Marupá e o meu primeiro susto foi logo no pouso, pois o avião, um Carajá de prefixo PT-VCG parou quase dentro do cemitério, que fica na cabeceira da pista a qual, por se bastante inclinada faz com que as aeronaves pousem sempre na direção do cemitério. Fizemos nossa reunião com os garimpeiros, tendo sido muito bem recebidos.
A decolagem é no sentido contrário para aproveitar a descida, mas, aí veio o segundo susto, porque havia mais gente no avião do que o bom senso recomendava. Isso fez com que a decolagem fosse complicada, pois sendo o Carajá bastante veloz, precisaria de uma pista maior para decolar. O piloto Merani puxou o manche no limite e todos os alarmes soaram. Wirland, que estava sentado ao lado do piloto, olhou para o Merani, preocupado. Os passageiros, dentre os quais eu, ficaram todos muitos assustados. Apesar do grande susto, por ter motores muito potentes, o Carajá deu conta do recado.
Do Marupá fomos para o Crepurizão onde a pista era muito boa, sobrando muitos metros, tanto para o pouso, quanto para a decolagem. Lá, fizemos a maior de todas as reuniões. A maior parte da comunidade foi ouvir as propostas do então candidato a prefeito, que tinha em sua, Wilmar Freire, que estava no seu segundo ano de mandato de deputado estadual, e Benigno Reges, que era o prefeito de Itaituba.
Terminada a bem sucedida reunião no Crepurizão, por volta de onze horas da manhã, recebemos uma informação dando conta de que estava chovendo torrencialmente no Cuiu-Cuiu, local onde estava marcado um almoço e outra grande reunião. Fomos aconselhados a não seguir para lá no Carajá, pois a pista, embora bastante extensa, por não ser piçarrada, era muito escorregadia. Uma operação de pouso num avião como aquele poderia não se bem sucedida.
Não podendo ir no PT-VG, o jeito foi conseguir um avião menor, um monomotor, para levar a comitiva. Porém, isso causou um impasse que durou alguns minutos: alguém teria que ficar. Benigno tinha muito mais medo de avião -pelo menos de avião pequeno - do que eu. Eu Também não queria ir naquela lata de sardinha. Eu dizia: vai Benigno; ele dizia que eu é que teria que ir e assim ficamos num jogo de empurra, enquanto os outros se divertiam, sabendo que nós dois estávamos mesmo era com medo.
Enquanto a gente não chegava a um acordo sobre quem ficava e quem embarcava, eu maquinava uma idéia para convencer Wirland a escolher quem deveria ir. Em determinado momento eu lembrei que existiam duas FMs piratas no Crepurizão, que tinham muita audiência na comunidade. Como andávamos sempre correndo, não houve tempo para visitar as duas emissoras, que foram a salvação da lavoura para mim.
Wirland, disse eu, é melhor eu ficar para visitar as duas emissoras de rádio para fazer tua propaganda eleitoral, pois não tem sentido a gente passar por aqui sem explorar todos os meios possíveis para vender a imagem do candidato. Ademais, o Benigno é o prefeito de Itaituba. Lá no Cuiu-Cuiu ninguém de conhece, ao passo que o prefeito, todos sabem quem é. E não e que colou! Wirland virou para o Benigno e disse: é Benigno, não tem jeito; o Parente tem razão, é melhor você e ele ficar. Muito a contragosto, com seu mais de um metro e oitenta ele apertou-se no carioquinha e subiu com os demais rumo ao Cuiu.
De fato, eu fui visitar as duas FMs, tendo sido bem recebido pelos colegas, que abriram os microfones para que eu falasse à vontade a respeito da candidatura de Wirland Freire. Enquanto eu cumpria essa parte a missão, o Merani mantinha contato com outros pilotos pelo rádio, para saber em que condições estava a pista, até que, por volta das duas horas da tarde veio a informação de que já dava para ele pousa. Levantamos vôo e alguns minutos depois pousamos no Cuiu-Cuiu. O avião ainda deu uma derrapada, mas, não passou disso. De lá para cá eu perdi um pouco do medo de voar.
O que está acontecendo?
Jadir Fank - Cada dia que passa, fico mais a pensar, sobre o que está acontecendo no mundo. Quanta coisa ruim está acontecendo, desastres, calamidades, assassinatos ... Nem tem como enumerar. Pergunto-me o que está levando a isso? Deve ter alguma explicação? No meu ponto de vista o tal “capitalismo selvagem” está tomando conta. As pessoas esqueceram das outras, só pensam mais em si mesmas. Não tem mais amor pelos outros seres semelhantes, pior do que isso, não tem mais amor a si próprio. Atentam contra sua própria existência, não dando valor a sua vida, deixando as coisas de Deus de lado.
Quanta coisa está acontecendo em Itaituba! Todo dia é noticiado todo tipo violência como, estupro, tráfico de drogas, mulheres apanhando de homens covardes, acidentes de moto, de carro ..... Por que tudo isso? O que está acontecendo? O que se passa na mente dessas pessoas? Atribui-se isso à impunidade, gerando essas coisas. Concordo, mas será que é só isso? Questiono muito sobre essas situações, tentando uma resposta que fosse capaz de dar pelo menos um significado razoável a tudo isso.
Já escrevi sobre esse tema. Vamos analisar nosso trânsito. Quanta barbaridade está acontecendo, principalmente em finais de semana. Alguns valentões, quando sentam numa moto ou mesmo ao volante de um carro, não respeitam nada. Sinalização é apenas assunto obrigatório, quando se está na auto escola, com objetivo de tirar a carteira de habilitação. Quando pegam um veículo e voltam às ruas, nada disso vale, sinaleira é apenas um enfeite, ultrapassar pela direita parece obrigação, andar sem capacete e com mais de uma pessoa na garupa um prazer, parecendo uma disputa para ver quem consegue infringir mais a lei e burlar as autoridades do trânsito e policial com intuito de se exibir entre os amigos, como se isso fosse um troféu.
E quando o troféu é um acidente grave? Com vítimas fatais, como temos visto constantemente, ou causar danos corporais irreversíveis? Aí só resta lamentar, e contar as “vantagens desses” que um dia já foram os melhores enganadores das autoridades. Será não estavam enganando a si mesmo? E o que nossas autoridades estão fazendo para coibir isso? Onde estão os agentes de trânsito? E quando os agentes de trânsito coíbem essas ações, quantos usam a sua influencia “política”, principalmente nesse período eleitoral para resolver nos bastidores? Será que isso não incentiva mais ainda o que se vê em nossa cidade. Um trânsito maluco, com muitos acidentes, de pequena, média ou grandes proporções. Quem paga por esse ônus somos todos nós contribuintes. O que fazer?
Comenta-se que tudo passa pela educação no trânsito. Que coisa linda essa! É a solução de tudo. Com certeza sim, porém de que forma iremos fazer isso? Estão de parabéns as autoridades do trânsito que na semana nacional do trânsito foram palestrar nas escolas da cidade. Isso é uma ação de médio ou longo prazo, desde que essas palestras não aconteçam somente de ano em ano e que sejam constantes. O que fazer em curto prazo? Fiscalização, punição de todas as formas, sem influência desse ou daquele, senão continuaremos, principalmente nas segundas feiras, lamentando os ocorridos do final de semana. Espero que isso não tenha acontecido nesse final de semana, e que a paz volte a reinar em nosso trânsito, principalmente em nossos corações e que invertemos alguns valores novamente, deixando o amor de Deus reinar.
Educação é tudo sim, vamos investir nela para que em médio prazo muita coisa possa mudar e Itaituba ser menos violenta. Pensamos nisso.
Quanta coisa está acontecendo em Itaituba! Todo dia é noticiado todo tipo violência como, estupro, tráfico de drogas, mulheres apanhando de homens covardes, acidentes de moto, de carro ..... Por que tudo isso? O que está acontecendo? O que se passa na mente dessas pessoas? Atribui-se isso à impunidade, gerando essas coisas. Concordo, mas será que é só isso? Questiono muito sobre essas situações, tentando uma resposta que fosse capaz de dar pelo menos um significado razoável a tudo isso.
Já escrevi sobre esse tema. Vamos analisar nosso trânsito. Quanta barbaridade está acontecendo, principalmente em finais de semana. Alguns valentões, quando sentam numa moto ou mesmo ao volante de um carro, não respeitam nada. Sinalização é apenas assunto obrigatório, quando se está na auto escola, com objetivo de tirar a carteira de habilitação. Quando pegam um veículo e voltam às ruas, nada disso vale, sinaleira é apenas um enfeite, ultrapassar pela direita parece obrigação, andar sem capacete e com mais de uma pessoa na garupa um prazer, parecendo uma disputa para ver quem consegue infringir mais a lei e burlar as autoridades do trânsito e policial com intuito de se exibir entre os amigos, como se isso fosse um troféu.
E quando o troféu é um acidente grave? Com vítimas fatais, como temos visto constantemente, ou causar danos corporais irreversíveis? Aí só resta lamentar, e contar as “vantagens desses” que um dia já foram os melhores enganadores das autoridades. Será não estavam enganando a si mesmo? E o que nossas autoridades estão fazendo para coibir isso? Onde estão os agentes de trânsito? E quando os agentes de trânsito coíbem essas ações, quantos usam a sua influencia “política”, principalmente nesse período eleitoral para resolver nos bastidores? Será que isso não incentiva mais ainda o que se vê em nossa cidade. Um trânsito maluco, com muitos acidentes, de pequena, média ou grandes proporções. Quem paga por esse ônus somos todos nós contribuintes. O que fazer?
Comenta-se que tudo passa pela educação no trânsito. Que coisa linda essa! É a solução de tudo. Com certeza sim, porém de que forma iremos fazer isso? Estão de parabéns as autoridades do trânsito que na semana nacional do trânsito foram palestrar nas escolas da cidade. Isso é uma ação de médio ou longo prazo, desde que essas palestras não aconteçam somente de ano em ano e que sejam constantes. O que fazer em curto prazo? Fiscalização, punição de todas as formas, sem influência desse ou daquele, senão continuaremos, principalmente nas segundas feiras, lamentando os ocorridos do final de semana. Espero que isso não tenha acontecido nesse final de semana, e que a paz volte a reinar em nosso trânsito, principalmente em nossos corações e que invertemos alguns valores novamente, deixando o amor de Deus reinar.
Educação é tudo sim, vamos investir nela para que em médio prazo muita coisa possa mudar e Itaituba ser menos violenta. Pensamos nisso.
Léo Rezende: 20 anos voando para os garimpos, do Tapajós – Parte II
Na primeira parte do seu relato, Léo Rezende falou das dificuldades da aviação de garimpo, proporcionadas sobretudo pelas condições precárias da maioria das pistas; tratou da questão do grande número de acidentes, que resultaram na morte de 150 pilotos no lapso de tempo relativo há dez anos; falou, também, de sua atividade como garimpeiro, concomitante com a de piloto. Nesta edição ele conclui, abordando aspectos da violência, que notabilizou Itaituba, tanto quanto as extravagâncias dos garimpeiros que bamburravam. Léo relembra um fato pitoresco que aconteceu num vôo de Rondonópolis para Itaituba, que ele contou na edição do JC, comemorativa do sesquicentenário de Itaituba.
Eu vi muita coisa acontecer, principalmente na década de 1990, período em que eu ficava muito mais tempo dentro dos garimpos do que na cidade, porque a gente passou a voar de lugares mais próximos aos garimpos, que serviam de pontos de apoio. A gente utilizava as pistas do Crepurizão, Porto Seguro, Moraes Almeida, Km 64, Novo Progresso. A gente saía de Itaituba e voava desses lugares, pois assim os donos de garimpo diminuíam os custos dos vôos. Isso fazia com que a gente terminasse ficando mais lá dentro. Além disso, como eu também era dono de garimpo, presenciei, sim, muitas cenas de violência, muitas delas, aconteceram muito próximo de mim.
Vi muitas brigas e algumas mortes. Tive uma experiência muito ruim nesse sentido. Nunca cheguei a ser diretamente ameaçado, mas, corri alguns riscos que seriam quase inevitáveis pelo clima da época. Uma dessas experiências foi particularmente marcante.
Numa ocasião eu pernoitei numa pista, no garimpo São João, para onde eu tinha levado o time do garimpo de minha propriedade (pista comandante Arara) com o objetivo de jogar uma partida de futebol. Transcorreu tudo normal no jogo, mas, à noite o local foi invadido por homens de outro garimpo, a pista Nova, determinados a matar o dono do lugar onde eu me encontrava
Eu estava dormindo na casa do dono do garimpo, que era o Raimundão - que terminou morrendo em Boa Vista, mais tarde -, quando houve a ameaça de invasão. Eu passei a noite toda acordado, com duas armas na mão, um revolver e uma espingarda, vigiando uma janela, sentado e fumando um cigarro atrás do outro. O dono da casa disse que se alguém entrasse era para eu atirar, porque se eu não fizesse isso eles me matariam e só depois é que descobririam que eu era o Léo Rezende.
Eu passei a noite acordado e aquilo foi muito desgastante, tanto física, quanto psicologicamente. Eu acho que eu perdi de três a quatro quilos naquela noite. Aquele foi um dos momentos mais difíceis que eu passei no garimpo. Hoje, quando lembro, parece que foi um filme que eu assisti, mas foi tudo muito real.
Foi uma noite de cão, mas, felizmente não houve a invasão. De madrugada os invasores foram embora. Mas, o bom senso mandava que a gente não saísse Na medida em que o dia foi amanhecendo a gente pode constatar que os homens tinham se retirado. Quando a gente teve certeza que não havia mais perigo, saímos da casa e eu voltei para minha pista. Acho que isso aconteceu no ano de 1989.
Afora isso, houve outro tipo do que a gente pode considerar como violência, que foi o caminho que tomaram alguns bons amigos, colegas de profissão, homens bons, trabalhadores, que não conseguiram se adaptar na aviação de táxi aéreo, aviação executiva, enfim, e infelizmente partiram para uma atividade ilícita, o que muitos fazem até hoje. Nessa atividade muitos morreram, enquanto muitos foram presos. Essa é uma página sofrida que a gente tem na aviação. Eu não entendo direito o que leva uma pessoa de bem a se envolver com o narcotráfico, com o transporte de drogas e tudo mais. Lamentavelmente, isso é verídico e não há como esconder.
Em dezembro de 1999, pouco antes do Natal daquele ano, eu deixei Itaituba para viver em Macapá. Não posso dizer que isso não tenha se divido, ao menos um pouco, à desaceleração da aviação nessa região, provocada pela queda do movimento de garimpo. Entretanto, o que mais motivou minha saída foi o desejo de tentar fazer alguma coisa nova. Eu estava estabilizado em Itaituba e podia continuar vivendo bem aí, mas, surgiu essa vontade de fazer algo novo.
O editor chefe do Jornal do Comércio, meu querido amigo Jota Parente, pediu que eu contasse algum fato engraçado que tenha acontecido comigo em vôo. Não recordo de nenhum tão pitoresco quanto aquele que contei por ocasião da passagem dos 150 anos de Itaituba, que me rendeu diversos telefonemas de Itaituba, de amigos que riram bastante com o fato.
Lá pelos idos dos anos 1990, vinha eu pilotando um avião utilizado na aviação de garimpo, o qual acabara de sair da revisão, na cidade de Birigui, em S. Paulo. A aeronave estava recém pintada, com bancos novos, enfim, quase tudo novinho, exalando aquele característico cheiro gostoso de coisa nova, recém saída da fábrica. Ao descer em Rondonópolis, no Mato Grosso, um colega piloto perguntou se dava para ele trazer um senhor de idade que vinha para Itaituba. Como só trazia uma pessoa, disse que não haveria problema. O avião foi abastecido e a gente levantou vôo, mas não imaginava que estava começando uma aventura completamente diferente das que tinha enfrentado até aquele momento, depois de alguns anos de vôos para garimpos.
O senhor que embarcara em Rondonópolis, mais ou menos uns trinta minutos depois da decolagem avisou. “Seu Léo, eu estou ruim da barriga e o negócio está apertando”. Agüente, disse eu, pois o avião não tem banheiro”. Mais uns quinze minutos depois o homem voltou a falar da situação. “Seu Léo, tá apertando eu não sei se vai dar para agüentar”. Agüente, respondi, pois não tenho jeito a dar aqui em cima”.
Na terceira vez o homem pediu que eu desse um jeito, pelo amor de Deus, pois não tinha mais como evitar. Foi quando eu, na tentativa de pelo menos diminuir o estrago, pedi ao passageiro que viajava na cadeira do co-piloto, que passasse um saco de plástico um pouco maior do que aqueles usados quando alguém sente náuseas a bordo, para que o outro pudesse se aliviar. Assim foi feito, mas o resultado foi pior do que o esperado. O homem estava com uma infecção intestinal violenta e o odor no interior da aeronave ficou insuportável.
Eu pensei rápido no que poderia fazer para melhorar o ambiente e tive uma idéia que considero não ter sido das melhores. Abri a janelinha do lado do piloto e do co-piloto, diminui a velocidade do avião e pedi para que o passageiro que viajava ao meu lado pegasse o saco com os excrementos e jogasse para o lado de fora. Arrependi-me amargamente daquela decisão tomada nas alturas, pois foi exatamente como jogar merda no ventilador. Por causa da força do vento da hélice, uma parte foi jogada contra o pára-brisa e boa parte retornou para dentro do avião, sujando-o desde o teto, até os bancos, que até aquele momento estava limpos e cheirosos.
Lembro bem que o tempo que restava de vôo até Itaituba pareceu uma eternidade. Depois que estacionei o avião desci correndo para tomar um senhor banho e pedi que a aeronave passasse por uma lavagem completa. Após essa experiência, eu não aconselho nenhum colega meu a fazer o mesmo, caso passe pela mesma situação. Hoje em dia, quando lembro desse fato e o conto, dou muitas risadas, mas, na hora não teve graça nenhuma.
Não gostaria de concluir meu relato, sem antes citar alguns nomes, para fazer justiça a verdadeiros desbravadores, heróis que tiveram uma enorme importância na história dessa atividade, na região do Tapajós. Nomes como o comandante Flávio da Real, que hoje mora em Santarém, o Pai Velho, esse exemplo vivo que tem que ser respeitado e homenageado sempre, o Careca e tantos outros que foram pioneiros, os quais abriram caminho para os colegas mais novos como eu.
Uma coisa que foi marcante para a aviação de garimpo foi a Associação dos Aeronautas do Vale do Tapajós. Essa associação foi fundada em 1984 e o grande idealizador dela foi o Bessa, o comandante Pedro Leão Bessa. Ele teve a idéia da entidade porque a gente ainda estava em pleno regime militar, período em que havia uma repressão muito grande. A finalidade da associação era nós nos unirmos para enfrentar a repressão dos militares, que era muito forte em cima da nossa atividade. As fiscalizações eram muito arbitrárias. A associação cumpriu o seu papel. Além do Bessa, participaram da fundação, o coronel Sanches, o Xerife, eu e o Dr. Semir Albertoni, que tinha chegado há pouco tempo a Itaituba.
Nós nos reunimos no escritório do Dr. Semir, que ficava na casa da dona Carminha, em frente ao Fórum. Essa reunião teve a finalidade de tratar da questão de estatuto e de toda a parte legal da associação. Os pilotos foram se associando e a entidade cresceu. Uma das nossas grandes conquistas foi trazer o exame médico de pilotos para Itaituba, o que foi uma coisa inédita no Brasil. A gente não precisou mais sair daqui, por um bom tempo, para fazer os exames em Belém ou em Manaus. Isso durou quase oito anos. Depois o benefício foi estendido para outros lugares.
A aviação de garimpo não termina aqui sua participação nesta série. Fará apenas um intervalo para destacar a história de Rui Mendonça, o próximo destaque da série 50 anos da Garimpagem de Ouro no Tapajós. Ainda falta falar de Pai Velho e de outros que fizeram história na aviação de garimpo,nesta região.
Eu vi muita coisa acontecer, principalmente na década de 1990, período em que eu ficava muito mais tempo dentro dos garimpos do que na cidade, porque a gente passou a voar de lugares mais próximos aos garimpos, que serviam de pontos de apoio. A gente utilizava as pistas do Crepurizão, Porto Seguro, Moraes Almeida, Km 64, Novo Progresso. A gente saía de Itaituba e voava desses lugares, pois assim os donos de garimpo diminuíam os custos dos vôos. Isso fazia com que a gente terminasse ficando mais lá dentro. Além disso, como eu também era dono de garimpo, presenciei, sim, muitas cenas de violência, muitas delas, aconteceram muito próximo de mim.
Vi muitas brigas e algumas mortes. Tive uma experiência muito ruim nesse sentido. Nunca cheguei a ser diretamente ameaçado, mas, corri alguns riscos que seriam quase inevitáveis pelo clima da época. Uma dessas experiências foi particularmente marcante.
Numa ocasião eu pernoitei numa pista, no garimpo São João, para onde eu tinha levado o time do garimpo de minha propriedade (pista comandante Arara) com o objetivo de jogar uma partida de futebol. Transcorreu tudo normal no jogo, mas, à noite o local foi invadido por homens de outro garimpo, a pista Nova, determinados a matar o dono do lugar onde eu me encontrava
Eu estava dormindo na casa do dono do garimpo, que era o Raimundão - que terminou morrendo em Boa Vista, mais tarde -, quando houve a ameaça de invasão. Eu passei a noite toda acordado, com duas armas na mão, um revolver e uma espingarda, vigiando uma janela, sentado e fumando um cigarro atrás do outro. O dono da casa disse que se alguém entrasse era para eu atirar, porque se eu não fizesse isso eles me matariam e só depois é que descobririam que eu era o Léo Rezende.
Eu passei a noite acordado e aquilo foi muito desgastante, tanto física, quanto psicologicamente. Eu acho que eu perdi de três a quatro quilos naquela noite. Aquele foi um dos momentos mais difíceis que eu passei no garimpo. Hoje, quando lembro, parece que foi um filme que eu assisti, mas foi tudo muito real.
Foi uma noite de cão, mas, felizmente não houve a invasão. De madrugada os invasores foram embora. Mas, o bom senso mandava que a gente não saísse Na medida em que o dia foi amanhecendo a gente pode constatar que os homens tinham se retirado. Quando a gente teve certeza que não havia mais perigo, saímos da casa e eu voltei para minha pista. Acho que isso aconteceu no ano de 1989.
Afora isso, houve outro tipo do que a gente pode considerar como violência, que foi o caminho que tomaram alguns bons amigos, colegas de profissão, homens bons, trabalhadores, que não conseguiram se adaptar na aviação de táxi aéreo, aviação executiva, enfim, e infelizmente partiram para uma atividade ilícita, o que muitos fazem até hoje. Nessa atividade muitos morreram, enquanto muitos foram presos. Essa é uma página sofrida que a gente tem na aviação. Eu não entendo direito o que leva uma pessoa de bem a se envolver com o narcotráfico, com o transporte de drogas e tudo mais. Lamentavelmente, isso é verídico e não há como esconder.
Em dezembro de 1999, pouco antes do Natal daquele ano, eu deixei Itaituba para viver em Macapá. Não posso dizer que isso não tenha se divido, ao menos um pouco, à desaceleração da aviação nessa região, provocada pela queda do movimento de garimpo. Entretanto, o que mais motivou minha saída foi o desejo de tentar fazer alguma coisa nova. Eu estava estabilizado em Itaituba e podia continuar vivendo bem aí, mas, surgiu essa vontade de fazer algo novo.
O editor chefe do Jornal do Comércio, meu querido amigo Jota Parente, pediu que eu contasse algum fato engraçado que tenha acontecido comigo em vôo. Não recordo de nenhum tão pitoresco quanto aquele que contei por ocasião da passagem dos 150 anos de Itaituba, que me rendeu diversos telefonemas de Itaituba, de amigos que riram bastante com o fato.
Lá pelos idos dos anos 1990, vinha eu pilotando um avião utilizado na aviação de garimpo, o qual acabara de sair da revisão, na cidade de Birigui, em S. Paulo. A aeronave estava recém pintada, com bancos novos, enfim, quase tudo novinho, exalando aquele característico cheiro gostoso de coisa nova, recém saída da fábrica. Ao descer em Rondonópolis, no Mato Grosso, um colega piloto perguntou se dava para ele trazer um senhor de idade que vinha para Itaituba. Como só trazia uma pessoa, disse que não haveria problema. O avião foi abastecido e a gente levantou vôo, mas não imaginava que estava começando uma aventura completamente diferente das que tinha enfrentado até aquele momento, depois de alguns anos de vôos para garimpos.
O senhor que embarcara em Rondonópolis, mais ou menos uns trinta minutos depois da decolagem avisou. “Seu Léo, eu estou ruim da barriga e o negócio está apertando”. Agüente, disse eu, pois o avião não tem banheiro”. Mais uns quinze minutos depois o homem voltou a falar da situação. “Seu Léo, tá apertando eu não sei se vai dar para agüentar”. Agüente, respondi, pois não tenho jeito a dar aqui em cima”.
Na terceira vez o homem pediu que eu desse um jeito, pelo amor de Deus, pois não tinha mais como evitar. Foi quando eu, na tentativa de pelo menos diminuir o estrago, pedi ao passageiro que viajava na cadeira do co-piloto, que passasse um saco de plástico um pouco maior do que aqueles usados quando alguém sente náuseas a bordo, para que o outro pudesse se aliviar. Assim foi feito, mas o resultado foi pior do que o esperado. O homem estava com uma infecção intestinal violenta e o odor no interior da aeronave ficou insuportável.
Eu pensei rápido no que poderia fazer para melhorar o ambiente e tive uma idéia que considero não ter sido das melhores. Abri a janelinha do lado do piloto e do co-piloto, diminui a velocidade do avião e pedi para que o passageiro que viajava ao meu lado pegasse o saco com os excrementos e jogasse para o lado de fora. Arrependi-me amargamente daquela decisão tomada nas alturas, pois foi exatamente como jogar merda no ventilador. Por causa da força do vento da hélice, uma parte foi jogada contra o pára-brisa e boa parte retornou para dentro do avião, sujando-o desde o teto, até os bancos, que até aquele momento estava limpos e cheirosos.
Lembro bem que o tempo que restava de vôo até Itaituba pareceu uma eternidade. Depois que estacionei o avião desci correndo para tomar um senhor banho e pedi que a aeronave passasse por uma lavagem completa. Após essa experiência, eu não aconselho nenhum colega meu a fazer o mesmo, caso passe pela mesma situação. Hoje em dia, quando lembro desse fato e o conto, dou muitas risadas, mas, na hora não teve graça nenhuma.
Não gostaria de concluir meu relato, sem antes citar alguns nomes, para fazer justiça a verdadeiros desbravadores, heróis que tiveram uma enorme importância na história dessa atividade, na região do Tapajós. Nomes como o comandante Flávio da Real, que hoje mora em Santarém, o Pai Velho, esse exemplo vivo que tem que ser respeitado e homenageado sempre, o Careca e tantos outros que foram pioneiros, os quais abriram caminho para os colegas mais novos como eu.
Uma coisa que foi marcante para a aviação de garimpo foi a Associação dos Aeronautas do Vale do Tapajós. Essa associação foi fundada em 1984 e o grande idealizador dela foi o Bessa, o comandante Pedro Leão Bessa. Ele teve a idéia da entidade porque a gente ainda estava em pleno regime militar, período em que havia uma repressão muito grande. A finalidade da associação era nós nos unirmos para enfrentar a repressão dos militares, que era muito forte em cima da nossa atividade. As fiscalizações eram muito arbitrárias. A associação cumpriu o seu papel. Além do Bessa, participaram da fundação, o coronel Sanches, o Xerife, eu e o Dr. Semir Albertoni, que tinha chegado há pouco tempo a Itaituba.
Nós nos reunimos no escritório do Dr. Semir, que ficava na casa da dona Carminha, em frente ao Fórum. Essa reunião teve a finalidade de tratar da questão de estatuto e de toda a parte legal da associação. Os pilotos foram se associando e a entidade cresceu. Uma das nossas grandes conquistas foi trazer o exame médico de pilotos para Itaituba, o que foi uma coisa inédita no Brasil. A gente não precisou mais sair daqui, por um bom tempo, para fazer os exames em Belém ou em Manaus. Isso durou quase oito anos. Depois o benefício foi estendido para outros lugares.
A aviação de garimpo não termina aqui sua participação nesta série. Fará apenas um intervalo para destacar a história de Rui Mendonça, o próximo destaque da série 50 anos da Garimpagem de Ouro no Tapajós. Ainda falta falar de Pai Velho e de outros que fizeram história na aviação de garimpo,nesta região.
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