terça-feira, fevereiro 11, 2020

Câmara informa tamanho de sua desfaçatez: 66%

Fátima Meira/Futura Press/Estadão ConteúdoMuitos se perguntam qual é o tamanho do compromisso da Câmara dos Deputados com o combate à corrupção. A dúvida foi sanada numa sessão extraordinária realizada na noite desta quarta-feira. 

Nela, o deputado Wilson Santiago, denunciado por corrupção, recebeu de volta dos colegas um mandato que, nas palavras do ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal, foi posto "a serviço de uma agenda criminosa". A íntegra da lista de votação, disponível aqui, dissolve o mistério. 

Sob o argumento de que há o "concreto receio" de que Wilson Santiago volte a utilizar o cargo para praticar crimes, Celso de Mello suspendera o mandato do deputado em dezembro. Para que o gancho fosse mantido, seriam necessários 257 votos. 

Deu-se, então, a revelação. Dos 513 deputados, apenas 170 (33,1%) votaram a favor do expurgo. Num placar em que abstenções e ausências contaram a favor do denunciado, nada menos que 342 deputados (66,6%) contribuíram para o retorno do colega tóxico. 

Desse total, 233 votaram contra a suspensão de Santiago, sete se abstiveram e 102 fugiram do plenário. Presidente da sessão, Rodrigo Maia não precisou votar. Repetindo: Escassos 33,1% dos deputados. Desse total, 233 votaram contra a suspensão de Santiago, sete se abstiveram e 102 fugiram do plenário. Presidente da sessão, Rodrigo Maia não precisou votar.

Repetindo: Escassos 33,1% dos deputados expressaram o compromisso com a moralidade. O tamanho da desfaçatez na Câmara é de 66,6% de sua composição. As provas recolhidas contra Wilson Santiago são fartas e fortes. Há vídeos e áudios. 

Ele é acusado de receber propinas provenientes de obras contra a seca na Paraíba. Num negócio de R$ 24,8 milhões, o capilé foi orçado em R$ 1,2 milhão. Nos discursos, nenhum parlamentar ousou defender Wilson Santiago -nem ele próprio. Embora estivesse suspenso, o denunciado deu as caras na Câmara. Rodrigo Maia ofereceu-lhe o microfone. Mas ele preferiu se abster. O jogo estava jogado. Tudo fora combinado em reunião prévia de Maia com os líderes partidários.

No geral, alegou-se que Santiago foi retirado do gancho em respeito à Constituição e às prerrogativas do Legislativo. Lorota. Num plenário repleto de investigados, denunciados, réus e cúmplices a maioria optou por adiar a forca de Santiago para se proteger da corda. Decidiu-se que a Mesa Diretora da Câmara enviará o caso de Wilson Santiago para o Conselho de Ética. 

O colegiado é mais conhecido pelas pizzas que assa do que pelos mandatos que cassa. Segue a pantomima.

Josias de Souza
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Meu comentário: Lamento ter chegado a essa conclusão, mas, essa nossa pátria amada está muito longe de ter jeito. Perdi a fé, faz tempo. 

Até adianta o Executivo não vir se envolvendo em escândalos relacionados com corrupção, mas, só isso não resolve. Essa tem que ser uma luta de toda a nação brasileira, do Executivo, do Legislativo, do Judiciário, enfim, de todos.

Essa decisão da Câmara de absolver esse deputado foi uma imoralidade, um tapa na cara de todos nós.

Tão ruim quanto isso é ver na relação dos votantes, que 14 dos deputados federais do Pará que estava presentes na sessão, 10 votaram pela manutenção do mandato do corrupto Wilson Santiago, enquanto 04 votaram contra. Foi vergonhoso.

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