Artigo de José Waterloo Leal - geólogo
Há muito tempo, os ambientalistas, os mais radicais, pregam a criação de unidades de conservação, no modelo de preservação abso-luta, entendendo que é a única fórmula de impedir o uso irracional, ilegal e irresponsável, destacadamente, da floresta Amazônica. Acreditam eles que, como na floresta Amazônica, só existem, como seres vivos, a fauna e flora, o engessamento oficial dessas grandes áreas territoriais, por si só, seriam suficientes para a "tranqüilidade" do planeta, desconhecendo, dessa forma, outras verdades e realidades Amazônicas.
Em primeiro lugar, a floresta também é habitada por seres humanos, cidadãos brasileiros, que de fato, são os verdadeiros donos de seus pequenos pedaços territoriais. Por segundo, os maus seres humanos, aí incluídos, os maus empresários, adoram essa condição, porquanto fica difícil a fiscalização e por conseqüência, facilita os seus atos ilegais. Uma terceira situação, é que este engessamento territorial, trás no seu bojo, o engessamento de investimentos e geração de oportunidades para todos, inclusive, para o brasileiro internado na floresta, sem outras opções.
Nesta situação, resta a estes resistentes homens da Amazônia, a prática de atos ilegais, irregulares e condenáveis por eles mesmos, como tábua de sobrevivência. Neste rumo de interpretação, matéria publicada recentemente no "Estadão", com o secretário executivo do Ministério do Meio Ambiente, João Paulo Capobianco, que reproduz suas palavras de avaliação. "O desmatamento é o que move a economia na Amazônia.
É uma atividade predatória e nociva, mas que, bem ou mal, sustenta uma economia". E prossegue "Só manter o que está sendo feito não vai ser suficiente". Em seguida, conclui que é preciso criar alternativas produtivas sustentáveis que sejam, não apenas o fornecimento de matérias-primas e sim beneficiadas, destacando "Só fornecer matéria-prima é muito pouco; queremos transformar a Amazônia numa exportadora de produtos manufaturados". Por fim defendeu a instalação de indústrias e a criação de infraestrutura na região, iniciando pela imediata pavimentação da BR-163, Santarém-Cuiabá, outrora obra não admitida por ele, quando fazia parte da diretoria do Instituto Sócio ambiental, ONG que coordenava aquele movimento de resistência.
Neste contexto, se encaixa, perfeitamente, a atividade mineral, que tem na sua história regional, a prova cabal de sua capacidade de se inserir como parceira competente e eficiente neste propósito, dá preservação florestal. Exemplos, desta verdade, são muitos, a começar pela região do Tapajós, que produz ouro há 50 anos de forma artesanal, e alterou a cobertura florestal numa área territorial superior a 80.000 km2 , em números inferiores a 5%, gerando na outra ponta emprego, ocupação e renda. Um outro exemplo é a total preservação da Floresta do Carajás, no entorno das minas de ferro da Companhia Vale do Rio Doce, no sul do Pará, que contrasta com o resto da região, completamente alterado, por atividades predatórias, como pode ser visualizado nas imagens de satélites atuais daquela porção Paraense.
As lavras instaladas, produto da atividade mineral, mesmo as maiores, não ocupam e, por conseguinte não precisam retirar as coberturas vegetais, de áreas superiores a 50 ha. Normalmente, na média, as lavras ocupam, no máximo, 30 ha. Estas particularidades históricas, e a vocação indiscutível mineral da região, colocam a atividade como alternativa destacada para atender esta demanda sócio/econômico/ambiental.
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